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Moro quer implantar no Brasil uma ideia que deu errado em Portugal. Vai conseguir?

Contratos Locais de Segurança: Portugal e Brasil
Contratos Locais de Segurança de Portugal inspiram modelo de segurança para o Brasil, em projeto de Sergio Moro. Na foto, vista de Lisboa com o rio Tejo ao fundo. No detalhe um dos canhões do Castelo de São Jorge. (Foto: Agliberto Lima / Fotos Públicas)

Ainda em março, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, anunciou a implementação de um projeto-piloto para a redução da violência em cinco cidades brasileiras. Na última quarta-feira (15), ele divulgou os municípios escolhidos.

O projeto se baseia em um modelo que existe há mais de dez anos em Portugal: o Contrato Local de Segurança (CLS), inaugurado em 2008, que utiliza o chamado policiamento de proximidade, envolvendo entes governamentais e a comunidade local na prevenção do crime.

Na versão brasileira, Moro quer integrar municípios, estados e o governo federal no combate e na prevenção ao crime.

Em Portugal, o balanço após 2011 teve aspectos negativos que prejudicaram fortemente o projeto, segundo Maria Dalila Correia Araújo Teixeira, ex-governadora civil de Lisboa.

Conseguirá o ministro da Justiça e Segurança Pública mostrar que o Brasil aprendeu com os erros de Portugal? Esse é o tema do Podcast República desta semana.

Mediado pelo jornalista Giorgio Dal Molin, o podcast teve a participação de Kelli Kadanus, correspondente da Gazeta do Povo em Brasília e pós-graduada em Direito Constitucional.

A jornalista acompanhou a apresentação do projeto, que incluiu ainda titulares dos ministérios da Educação, com o até então ministro Ricardo Vélez (atualmente Abraham Weintraub); da Cidadania, Osmar Terra; e do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, que vão participar do projeto.

O maior desafio - concordam os jornalistas - é aprimorar o que Portugal não conseguiu: dar continuidade ao projeto. Com as eleições municipais em 2020, e até mesmo a provável indicação de Sergio Moro ao Supremo Tribunal Federal (STF), um projeto desse porte pode ser praticamente enterrado com a mudança de gestores em cidades e ministérios.

Neste sentido, a meta da parceria entre ministérios é buscar realizadas ações de políticas sociais, políticas de urbanismo, políticas na área da cidadania, educação, desenvolvimento regional, saúde, direitos humanos e políticas de promoção econômica nas cidades escolhidas.

Resumo do Podcast

Contratos Locais de Segurança (CLS): em Portugal

Segundo o governo de Portugal, os CLS correspondem a um “acordo para a cooperação na área da prevenção e repressão da criminalidade, visando condutas atentatórias da segurança das populações e da integridade de pessoas e bens”.

O governo português assinou um protocolo com a Associação Nacional de Municípios Portugueses em 2008 e, rapidamente, firmou 29 contratos locais de segurança em 2009, em sete distritos. Os contratos foram subscritos pelos governadores e pelos presidentes das Câmaras Municipais.

Problemas dos contratos locais de segurança em Portugal

Os contratos locais de segurança foram tema da tese de doutorado de Maria Dalila Correia Araújo Teixeira, e teve um papel importante na disseminação do modelo, como secretária de Estado da Administração Interna.

Segundo a pesquisa de Dalila Araújo, os governos não deram continuidade a vários contratos nos anos seguintes a 2011. Outros problemas foram a ausência de reformas de segurança, de conexão com a Lei de Segurança Interna do país, a dependência de contextos políticos e a dispersão de programas desenvolvidos pelas polícias, além de não haver participação efetiva de determinados atores das comunidades.

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