As cúpulas de PSL e DEM realizam nesta quarta-feira (6), em Brasília, uma convenção coletiva para consolidar a junção entre as duas legendas. A fusão criará o União Brasil, partido que nascerá como um dos maiores do país e detentor da maior bancada na Câmara dos Deputados. A nova agremiação também terá força nos cofres: será a dona das maiores verbas dos fundos eleitoral e partidário no próximo ano.
A aliança, porém, não se dará sem problemas. O União Brasil não deverá contar com alguns dos membros atuais de DEM e PSL que são defensores da gestão do presidente Jair Bolsonaro e, mesmo entre os que permanecerão, divisões entre grupos governistas e oposicionistas tendem a ocorrer.
Uma das metas do novo partido mostra o conflito que ocorrerá em torno deste último aspecto. O União Brasil nascerá tendo entre seus objetivos lançar uma candidatura à Presidência da República nas eleições do próximo ano. Três nomes se apresentam: o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e o jornalista José Luiz Datena (PSL-SP).
Como consolidar, porém, uma candidatura em um partido que tem nomes tão apegados ao governo Bolsonaro, como os ministros Onyx Lorenzoni (Trabalho) e Tereza Cristina (Agricultura) e os parlamentares Marcos Rogério (DEM-RO) e Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ)?
A solução, segundo o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, será a de aprovar a candidatura presidencial, mas sem impor o apoio ao cabeça de chapa a todos os filiados. A ideia é que os integrantes do União Brasil se sintam livres para seguirem diretrizes locais na hora de determinarem seu voto para a Presidência da República.
ACM Neto, atual presidente do DEM, deverá ser o secretário-geral do novo partido. A presidência ficará com o deputado federal Luciano Bivar (PE), presidente nacional do PSL. O arranjo dará ao União Brasil uma cúpula 100% nordestina, algo ainda raro na política nacional.
Tamanho da força do União Brasil é incerto
Bivar terá o comando do União Brasil por conta do tamanho atual do PSL, na comparação com o DEM. O PSL tem 54 deputados federais, contra apenas 28 do Democratas. E é a bancada na Câmara que determina o fato de o PSL deter fatia expressiva das verbas do fundo eleitoral e do fundo partidário.
Mas grande parte dos atuais integrantes do PSL deve deixar a agremiação quando a fusão for consolidada. Isso para seguir os passos de Jair Bolsonaro. O presidente se filiou ao partido no início de 2018, para disputar as eleições daquele ano. Mas deixou a agremiação nos meses finais de 2019, antes de completar um ano de governo, por brigas com Bivar e outros membros do partido.
Desde então, os deputados do PSL mais alinhados com Bolsonaro permaneceram no partido apenas por causa das regras da lei de fidelidade partidária, que podem até implicar na perda de mandato ao congressista que troque de legenda sem justificativa. Entre os nomes que não devem ingressar no União Brasil estão os deputados federais Bibo Nunes (RS), Carlos Jordy (RJ), Hélio Lopes (RJ) e o atual líder do PSL na Câmara, Vitor Hugo (GO) — além, claro, do filho do presidente da República, Eduardo Bolsonaro (SP).
Na mão oposta, os integrantes do União Brasil querem atrair para a agremiação políticos que estão em outros partidos e insatisfeitos com suas condições atuais. Um dos nomes mais especulados é o do ex-governador paulista Geraldo Alckmin, que está em vias de deixar o PSDB. Ele pretende se candidatar novamente ao governo de São Paulo e tem negociações avançadas com o PSD para integrar a sigla do ex-ministro Gilberto Kassab, mas vê o União Brasil como uma alternativa.
Kassab, aliás, está em disputa por outro nome que atualmente integra o DEM, o senador Rodrigo Pacheco. O ex-ministro declarou publicamente que deseja lançar o presidente do Senado como candidato à Presidência da República pelo PSD. A apresentação de uma candidatura própria pelo União Brasil poderia reverter o processo.
Foco nos estados – e sem o 17
Independentemente da disputa pelo Palácio do Planalto, o União Brasil terá como principal mote no ano que vem manter os governos estaduais sob o comando de DEM e PSL, e conquistar novas administrações. Hoje, são três os governadores das duas legendas: Ronaldo Caiado (DEM-GO), Mauro Mendes (DEM-MT) e Marcos Rocha (PSL-RO). Os três estão em seus primeiros mandatos e, portanto, aptos para concorrer à reeleição.
Além de Alckmin, outros nomes que o União Brasil deve lançar nos estados são os de ACM Neto na Bahia e o do prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, em Santa Catarina. Uma eventual força excessiva do União Brasil nos estados, caso o partido alcance a meta estimada, preocupa o governo Bolsonaro, conforme antecipou a Gazeta do Povo. O entorno do presidente vê um partido com número alto de governadores como uma ameaça mais séria do que uma eventual candidatura presidencial.
Uma certeza do novo partido é que a agremiação não terá como número nem o tradicional 25 do DEM, presente desde os tempos de PFL, e nem o 17 que consagrou Bolsonaro em 2018. A numeração escolhida pela legenda é o 44. O número, até a eleição de 2018, era utilizado pelo PRP, que foi extinto em 2019.
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