O ministro Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência, deve ser anunciado oficialmente como novo ministro da Justiça, em substituição a Sergio Moro. Entre escolher algum nome com biografia consagrada no meio jurídico, com quem teria relações institucionais, e um auxiliar menos conhecido, mas integrante do rol de amigos, Bolsonaro ficou com a segunda opção.
Jorge Oliveira é íntimo do clã Bolsonaro, onde é chamado de Jorginho. Ele é filho do capitão do Exército Jorge Francisco, morto em 2018, que por 20 anos foi chefe de gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara Federal. Advogado e major da reserva da Polícia Militar, Oliveira foi ainda chefe de gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e também padrinho de casamento do parlamentar.
Segundo fontes do Planalto, com a confirmação de Oliveira como substituto de Sergio Moro, o atual secretário de Assuntos Estratégicos (SAE), almirante Flávio Rocha, é o mais cotado para assumir como ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Bolsonaro também deve confirmar no comando da Polícia Federal o delegado Alexandre Ramagem – outro servidor público amigo da família – que atualmente é diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ramagem entrou para o rol de auxiliares de confiança do Planalto com o apoio do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), que desenvolveu amizade com o delegado na campanha eleitoral em 2018 e depois o indicou para ocupar a Abin.
A intimidade de Ramagem e de Oliveira com a família Bolsonaro, valorizada pelo presidente, levantou preocupação em integrantes do Planalto que alertaram que as escolhas poderiam potencializar as acusações do ex-ministro Sergio Moro, que ao se demitir disse que Bolsonaro queria fazer interferência política na Polícia Federal e ter acesso a relatórios de inteligência.
O próprio chefe da Secretaria-Geral é um dos que alertaram para o risco de sua indicação ser encarada como uma comprovação de que as acusações de Moro estavam corretas. No final de semana, auxiliares do presidente tentaram convencê-lo a aceitar o ex-presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), o desembargador Carlos Thompson Flores, como novo ministro da Justiça. O magistrado atuou no julgamento que condenou o ex-presidente Lula no caso do sítio em Atibaia (SP).
No entanto, Bolsonaro resistiu, alegando não ter contato prévio com Thompson Flores. Segundo interlocutores, o presidente também queria evitar um desgaste como o que ocorreu com o Moro. Outra ponderação feita nos bastidores é que o desembargador é próximo do ex-juiz da Lava Jato.
Outro nomes cotados para assumir o Ministério da Justiça foram do advogado-geral da União, André Luiz Mendonça, e do ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo Ivan Sartori.
Preocupações
Ao anunciar sua saída do governo, Moro relatou que Bolsonaro demonstrou preocupação com o andamento de inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF), como o que apura ameaças, ofensas e fake news disparadas contra integrantes da Corte e seus familiares.
Na última terça-feira, o ministro Alexandre de Moraes abriu outro inquérito para apurar "fatos em tese delituosos" envolvendo a organização de atos antidemocráticos, após Bolsonaro participar de protesto em Brasília convocado nas redes sociais com mensagens contra o STF e o Congresso e favoráveis a uma intervenção militar.
Outra apreensão do presidente é a apuração sobre o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) que trata de um esquema de "rachadinha" em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.
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