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Covid-19

Coronavac tem eficácia de 78%; Butantan pedirá à Anvisa autorização para usar a vacina

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A vacina coronavac teve eficácia de 78% contra o novo coronavírus nos testes realizados no Brasil. Ou seja, a cada 100 pessoas vacinadas, 78 desenvolveram imunidade contra a Covid-19. Apesar disso, os 22% que se vacinaram e mesmo assim contraíram Covid-19 não tiveram sintomas graves ou moderados da doença. Isso indica que a vacina tem grande potencial de evitar internações e mortes.

Os resultados da eficácia da coronavac foram apresentados nesta quinta-feira (7) pelo Instituto Butantan em reunião com técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na reunião com a Anvisa, o Butantan informou que formalizaria o pedido de autorização para usar a coronavac de forma emergencial no Brasil.

Essa informação, no entanto, foi corrigida pela Anvisa, por meio de nota distribuída à imprensa. Segundo a Agência, o Butantan ainda não submeteu pedido de autorização de uso emergencial da vacina. O órgão regulador ressaltou que a análise formal de um pedido de autorização de uso emergencial começa a partir do recebimento de "informações globais" sobre a vacina.

"A reunião de pré-submissão é uma estratégia que segue a prática de outras autoridades regulatórias do mundo", apontou a agência. "Esta reunião é feita antes do envio de pedido formal de qualquer laboratório para dar conhecimento prévio do projeto de vacina e otimizar os direcionamentos técnicos e legais."

Posteriormente, em uma entrevista coletiva, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o presidente do Butantan, Dimas Covas, apresentaram publicamente os dados da eficácia da coronavac.

A coronavac foi desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e está sendo produzida no Brasil pelo Butantan, instituto ligado ao governo paulista.

A apresentação com os dados da eficácia foi adiada em duas ocasiões, nos dias 15 e 23 de dezembro. Pesquisadores turcos chegaram a afirmar que a vacina da Sinovac teria alcançado 91,25% de eficácia em testes preliminares. Mas os dados do Brasil eram muito mais baixos. Em dezembro, Covas anunciou que o imunizante havia atingido o índice mínimo exigido de eficácia pelas agências regulatórias (50%), mas o número exato não foi divulgado por razões contratuais com a farmacêutica chinesa.

O laboratório Sinovac então pediu ao Butantan o adiamento da divulgação para uniformizar os dados em todos os países em que a coronavac foi testada.

A Sinovac ainda deve uniformizar essa informações de todos os países que participaram dos testes para fazer o pedido de registro definitivo na China. Só depois disso é que será feito pedido do registro da vacina definitivo também na Anvisa.

Governo federal não oficializou compra da coronavac; SP terá vacinação própria

A coronavac consta do plano nacional de imunização, elaborado pelo Ministério da Saúde. Mas até agora o governo federal não oficializou a intenção de comprar as doses que estão sendo produzidas pelo Butantan e que já foram importadas da China pelo governo de São Paulo.

Nesta quinta, o governador João Doria disse que espera que o governo federal compre a vacina do Butantan: "O objetivo é fornecer a vacina para todo o Brasil, por meio do Ministério da Saúde".

Desde 19 de novembro, São Paulo estoca milhões de unidades da coronavac. Ao todo, o estado já tem 11 milhões de doses do imunizante prontas para uso. A expectativa é de que até março o estado tenha 60 milhões de doses disponíveis.

São Paulo já apresentou seu próprio plano de vacinação com a coronavac – que vai ocorrer independentemente da campanha nacional. A expectativa do governo paulista é de toda a população do estado seja vacinada ainda em 2021.

O secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, apresentou detalhes do plano quarta-feira (6). A imunização deve começar no estado no dia 25 de janeiro. O plano prevê que os postos de vacinação funcionem de segunda a sexta, das 7h às 22h, e aos sábados, domingos e feriados, das 7h às 17h.

O número de postos deve ser ampliado para 10 mil, atualmente existem 5.200. Serão utilizadas escolas, estações de trem, quartéis da polícia militar, terminais de ônibus, farmácias e sistema drive-thru.

O cronograma começa com: trabalhadores da saúde, indígenas e quilombolas (25 de janeiro a 15 de fevereiro); pessoas com 75 anos ou mais (08 de fevereiro a 1º de março); 70 a 74 anos (15 de fevereiro a 08 de março); 65 a 69 anos (22 de fevereiro a 15 de março); 60 a 64 anos (1º de março a 22 de março).

O governo de São Paulo estima que a logística da primeira fase da vacinação deverá contar com 54 mil profissionais de saúde. Devem ser usados: 27 milhões de seringas e agulhas; 5.200 câmaras de refrigeração; 25 postos estratégicos de armazenamento e distribuição regional; 30 caminhões refrigerados de distribuição diária. Além disso, 25 mil policiais serão destacados para fazer a escolta das vacinas e segurança dos locais de vacinação.

Como foi o desenvolvimento da vacina

No início de maio, a farmacêutica Sinovac começou os estudos para desenvolver a vacina coronavac, na China. A técnica utilizada na fabricação da vacina usa o vírus inativado, método já estabelecido e usado em outras vacinas, como a de hepatite A e gripe. O sistema imunológico dos vacinados é capaz de identificar o vírus inativo e produzir defesas contra ele. Caso a pessoa entre em contato com o vírus ativo, seu corpo já terá anticorpos para se defender.

Os primeiros resultados, das fases 1 e 2, foram divulgados em agosto e publicados na prestigiada revista The Lancet, em novembro. Os estudos preliminares mostraram que a vacina era segura. Nenhum efeito colateral grave foi identificado após a aplicação. Além de Brasil, Turquia, Chile e Indonésia também realizaram testes com a coronavac.

Os testes da fase 3 no Brasil, feitos para medir a eficácia da vacina, tiveram a participação de quase 13 mil voluntários espalhados por 16 centros de pesquisa em oito estados. O diretor do Instituto Butantan ressaltou que até o momento, 12.476 voluntários, todos profissionais da saúde da linha de frente participaram do estudo. Ele pontuou que a escolha desses voluntários da linha de frente foi para testar a vacina, onde a incidência e exposição ao vírus eram maiores.

Metade do grupo de voluntários recebeu o imunizante e o restante placebo. A taxa de eficácia do imunizante é o resultado da comparação da  quantidade de casos confirmados nos voluntários que receberam placebo e nos que tomaram a vacina de fato.

A Anvisa interrompeu no início de novembro os estudos clínicos da Coronavac no Brasil, após a morte de um voluntário. O caso ocorreu no dia 29 de outubro, mas não tinha relação com a vacina, pois se tratava de um suicídio.

No dia 10 de dezembro o Instituto Butantan começou a produzir a vacina. É o primeiro imunizante contra a Covid-19 produzido no Brasil.

Coronavac facilita logística de distribuição

Uma das vantagens da Coronavac frente a outros imunizantes é que ela pode ser armazenada em temperaturas de 2ºC a 8ºC, o que pode facilitar a logística de distribuição. A vacina da Pfizer/Biontech, por exemplo, precisa ser armazenada a - 70ºC.

Atualização

A matéria foi atualizada para acrescentar a retificação da Anvisa, que esclareceu que o Instituto Butantan ainda não submeteu pedido de autorização de uso emergencial da Coronavac na reunião feita por equipes de ambas as partes na manhã desta quinta-feira (7).

Atualizado em 07/01/2021 às 20:10

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