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Risco de contágio

Como o coronavírus ameaça frustrar as manifestações pró-Bolsonaro de 15 de março

Coronavírus
Passageiros com máscaras no aeroporto de Guarulhos: risco de contágio com coronavírus em áreas de maior aglomeração de pessoas. (Foto: Nelson Almeida/AFP)

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O risco de acelerar a expansão do novo coronavírus no Brasil ameaça frustrar as manifestações pró-Bolsonaro marcadas em todo o país para o próximo domingo, 15 de março. A adesão espontânea das pessoas aos atos tende a ser menor devido ao risco de contágio da doença – eventos e aglomerações são um prato cheio para o vírus. Mas o “balde de água fria” pode vir com uma orientação oficial das autoridades públicas para que os brasileiros evitem multidões, a exemplo do que já ocorre na Itália e no Japão.

Nesta terça-feira (10), o Ministério da Saúde confirmou o aumento de 25 para 34 no número de casos confirmados de Covid-19 no Brasil. Há ainda 893 pacientes suspeitos e esse é um número que cresce diariamente. Já há casos confirmados da doença em quatro das cinco regiões do país: Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Nordeste. São 19 em São Paulo, oito no Rio de Janeiro, dois na Bahia, e uma caso em Alagoas, Minas Gerais, Espírito Santo, Distrito Federal e Rio Grande do Sul.

A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) pediu mais informações ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, sobre o risco de disseminação do vírus durante os atos. A parlamentar é, até o momento, uma das principais entusiastas das manifestações de 15 de março: seu nome no Twitter está modificado para "Carla Zambelli - 15/03 EU VOU".

Ela acredita que ainda não é necessário cancelar as manifestações por causa da Covid-19, mas destacou que existe a preocupação com a propagação do vírus nos atos. Zambelli diz que quem tem sintomas de gripe não deve comparecer aos protestos. Além disso, recomenda que as pessoas não se cumprimentem de "forma efusiva" durante os atos.

"Todas essas dicas valem não só para a manifestação, mas para qualquer lugar onde haja mais pessoas em um mesmo ambiente, principalmente se for fechado", diz o texto com as orientações publicado pela deputada.

O coordenador do Movimento Nas Ruas, Tomé Abduch, afirmou que os atos do próximo domingo só não vão acontecer se o coronavírus parar o país e houver uma orientação do governo para todos os setores no sentido de se evitar aglomerações. "Se isso eventualmente acontecer, eu peço que seja uma medida que o governo federal solte um manifesto pedindo que essa manifestação não aconteça e que, inclusive, não aconteçam jogos de futebol, shows, que os teatros também se fechem, que as aulas também não aconteçam", disse Tomé para o Congresso em Foco.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o presidente Jair Bolsonaro estaria sendo aconselhado por auxiliares próximos a pedir o adiamento das manifestações, utilizando o coronavírus como pretexto. A menção ao vírus é interpretada por alguns bolsonaristas como uma espécie de "saída honrosa" para o conflito que se instituiu em torno dos protestos, com parte dos manifestantes propagando ataques ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

No Twitter, a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP) pediu que Bolsonaro cancele o ato em nome da saúde pública. "O Presidente e seus seguidores já têm o motivo para desconvocar o tal ato de 15/03. Com toda sua liderança, ele pode pedir o cancelamento, para evitar a contaminação pelo novo coronavírus, que acaba de chegar ao Brasil. O pedido do Presidente será recebido como uma ordem".

Coronavírus é problema "superdimensionado", diz Bolsonaro

Isso, no entanto, parece difícil de acontecer. Bolsonaro não apenas inflamou os manifestantes ao falar publicamente sobre o 15 de março, em Roraima, no sábado (7), como vem repetindo aos quatro ventos que o coronavírus é um problema “superdimensionado”. "No meu entender está sendo superdimensionado o poder destruidor desse vírus. Talvez esteja sendo potencializado até por questões econômicas", afirmou, nos Estados Unidos, na segunda-feira (9).

Nesta terça (10), Bolsonaro afirmou que o coronavírus é "muito mais fantasia" que a mídia propaga. "Obviamente temos no momento uma crise, uma pequena crise. No meu entender, muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propala ou propaga pelo mundo todo", afirmou o presidente, ainda nos EUA.

Na última sexta (6), Bolsonaro fez um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão sobre o coronavírus, e disse não haver “motivo para pânico".

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