O Ministério da Saúde vai fazer ligações telefônicas para 125 milhões de brasileiros em busca de pessoas no grupo de risco e com sintomas de coronavírus. A medida foi anunciada pelo ministro Luiz Henrique Mandetta na última terça-feira (31). A ligação será uma ferramenta para detectar zonas de contaminação por coronavírus no país para tentar identificar como os casos se alastram.
Segundo o ministro, o mecanismo vai permitir uma busca ativa, por parte do Ministério da Saúde, para identificar antecipadamente pessoas vulneráveis, com sinais e sintomas de infecção por coronavírus.
“Fizemos um algoritmo que faz disparo de ligações para 125 milhões de brasileiros. Esses disparos estão ligados em um grande data center, que irá nos ajudar a antecipar o nome das pessoas, onde elas estão, se são grupo de risco, com quem convivem. Vamos disparar as ligações. Então, não se espantem se o seu telefone tocar. É como se fosse uma consulta, por meio de uma voz artificial, que vai fazer uma triagem. Vai fazer algumas perguntas para saber se pode te acompanhar. É um sistema de inteligência artificial que irá nos ajudar muito”, explicou Mandetta.
A ação também vai permitir o monitoramento a distância das pessoas em isolamento domiciliar, permitindo o acompanhamento do estado de saúde durante todo o período. Caso a pessoa apresente piora dos sintomas, será orientada por um profissional de saúde a procurar um posto de saúde ou hospital de referência.
“Vamos monitorar os sintomas das pessoas sem que ela precise sair de casa. Foi um trabalho grande, focamos nisso nos últimos dias porque é uma ferramenta de gestão de pessoas que vai nos auxiliar em toda a mobilidade social. É um grande trabalho de bioestatística e modelagem social”, disse o ministro.
Como identificar a ligação e não cair em golpes
Para que as pessoas tenham a certeza de que é o Ministério da Saúde que está ligando, e não um trote ou golpe, aparecerá no identificador de chamadas o número 136, do Disque Saúde. A voz artificial não faz perguntas sobre conta bancária, dados financeiros e dados do benefício do INSS, por exemplo.
O Ministério da Saúde vai fazer as seguintes perguntas na ligação:
- Nome
- Cidade onde mora
- Com quem mora
- Se faz parte do grupo de risco
- Se tem sintomas da Covid-19
Ouça aqui a simulação de uma ligação.
IBGE vai ajudar a monitorar coronavírus
O IBGE também vai auxiliar a monitorar casos de Covid-19 no Brasil. O instituto firmou uma parceria com o Ministério da Saúde para realizar uma versão inédita da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C).
A pesquisa trará "resultados dos novos casos de síndrome gripal para Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação", com divulgação semanal. O IBGE informou que a PNAD-Covid será feita remotamente, pelo telefone, e entrevistará as mesmas pessoas por pelo menos três meses.
Aplicativo também será usado no combate ao coronavírus
Outra ferramenta do Ministério da Saúde que vai auxiliar a população é o aplicativo Coronavírus SUS. A ferramenta permite que a pasta possa enviar mensagens e alertas aos celulares e tablets, mesmo com app fechado ou não sendo utilizado naquele momento.
O aplicativo permite que a Secretaria de Vigilância em Saúde, responsável pela vigilância epidemiológica da pandemia do coronavírus no Brasil, disponibilize comunicados para usuários em geral ou segmentos públicos específicos.
O governo federal liberou o código do aplicativo para que outros países possam adotar a tecnologia e oferecer as informações para seus usuários, adaptando a língua e geolocalização.
Segundo o governo federal, países como Argentina, Equador e Panamá já entraram em contato com o governo brasileiro e receberam o código do aplicativo.
Geolocalização de casos de coronavírus em outros países
O Brasil não é o único país que tem buscado ferramentas tecnológicas para encontrar áreas de disseminação do coronavírus. Na Coreia do Sul, país que conseguiu controlar a disseminação da doença, o governo utiliza a geolocalização através dos smartphones da população para identificar contaminados.
Assim que alguém é diagnosticado no país, o governo sul-coreano analisa histórico do uso de cartão de crédito, por exemplo, para saber que estabelecimentos a pessoa visitou, onde possa ter contaminado outras pessoas. O governo também faz um monitoramento de localização dos infectados por meio do GPS do celular.
A Coreia do Sul também investe pesadamente na realização de testes de coronavírus em todo o país e vem isolando pessoas contaminadas para evitar o contágio.
Os Estados Unidos também começaram a usar dados de localização de telefones celulares para identificar aglomerações. Alemanha, Itália e o Reino Unido também estudam a implantação de sistemas semelhantes.
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