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O Brasil pode ter 90 mil mortes em decorrência do novo coronavírus até 4 de agosto. A projeção sombria foi feita pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), um centro de pesquisa dentro da faculdade de Medicina da Universidade de Washington. O modelo estatístico seguido pelo IHME tem embasado as políticas de saúde adotadas pelo governo de Donald Trump, nos Estados Unidos.
Até a quarta-feira (14), o Brasil já havia registrado 13.149 óbitos pela Covid-19, sendo que 749 registros foram feitos nas últimas 24 horas. São 188.974 casos confirmados da doença, sendo que também foram 11.385 registros novos no último dia, número recorde. Até o momento, 78.424 pessoas se recuperaram do coronavírus no país.
Esta foi a primeira vez que IHME fez projeções sobre países da América Latina e chamou a atenção para a situação do Brasil. A previsão inicial do IHME é que o país tenha média de 88.305 mil mortes até 4 de agosto, dentro de intervalo que estima mínimo de 30,3 mil mortes e máximo de 193,7 mil.
As projeções são atualizadas conforme se divulgam novos dados, como número de infectados e internados, e também podem ser alteradas por mudanças nas políticas públicas adotadas em cada país. No mesmo período, México e Equador devem ter cerca de 6 mil mortos e o Peru, 5 mil, pelo modelo.
Pico da Covid-19 ainda não chegou
Os momentos mais sombrios ainda estão para chegar e o Brasil continua rumo a um pico das infecções. O modelo aponta que o país deve registrar mais de 1 mil mortes por dia entre 17 de junho e 9 de julho, com o pior momento no dia 24 de junho, com 1.024 óbitos.
A partir daí, se confirmadas as projeções, o Brasil ficaria com essa média de mortes diárias até o início de julho, quando a curva começaria a baixar. Ainda assim, o patamar de mortes por dia se manteria elevado, com mais de 750 fatalidades a cada 24 horas ainda em agosto.
Nos Estados Unidos, a Casa Branca usou o IHME quando o presidente Donald Trump estimou no fim de março que entre 100 mil e 240 mil americanos poderiam morrer em decorrência da Covid-19 na primeira onda de contágio, mesmo com a adoção das medidas de distanciamento social. Sem elas, disse Trump na época, o vírus poderia matar até 2 milhões de americanos. O país registra 83,6 mil óbitos.
Ao verificar a capacidade hospitalar, o IHME traça um cenário também desolador para o Brasil. Os especialistas avaliam que desde o dia 3 de maio o país opera com menos unidades de tratamento intensiva (UTIs) do que o necessário para atender todos que precisam e a situação tende a piorar.
Em 28 de junho, o Brasil terá 11.178 pacientes que necessitarão de leitos de UTI, mas apenas 4.060 à disposição, segundo o estudo. Só em agosto o número de leitos ofertados para tratamento intensivo ficará próximo à demanda.
Nos Estados Unidos, críticos ao modelo do IHME apontam que as projeções preveem um fim do pico de infecções mais rápido do que o que tem sido registrado, o que leva a número de mortes subestimado pelos pesquisadores de Washington. A previsão já foi atualizada algumas vezes, sendo a projeção atual de 147 mil mortes para a primeira onda de contágio dos americanos.