Senadores durante reunião da CPI da Covid em 30/06| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senad
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A CPI da Covid do Senado confirmou, nesta quarta-feira (30), que terá depoimentos dos deputados federais Luís Miranda (DEM-DF) e Ricardo Barros (PP-PR). Miranda será ouvido na próxima terça-feira (6), em sessão secreta, e Barros, na quinta (8). O deputado do Distrito Federal denunciou um esquema de corrupção no Ministério da Saúde e disse ter falado diretamente ao presidente Jair Bolsonaro sobre o sistema. E, segundo ele, ouviu de Bolsonaro que o esquema seria liderado por Barros.

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As definições sobre as reuniões com Miranda e Barros contrastam com o outro acontecimento da CPI da Covid desta quarta. A comissão recebe o empresário Carlos Wizard Martins, em um depoimento que era aguardado desde o dia 17. Ele, entretanto, optou por utilizar o direito ao silêncio, que recebeu do Supremo Tribunal Federal (STF). Wizard não deixou o plenário da comissão e ouvirá as perguntas dos senadores inscritos, mas tem respondido às indagações com a frase "vou permanecer em silêncio" ou variantes.

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Antes de recorrer ao silêncio, Wizard fez um pronunciamento inicial aos senadores. Na fala, ele negou ter conhecimento de um "gabinete paralelo" no governo federal. O empresário tem sido mencionado como um dos líderes da estrutura, que concederia orientações sobre a pandemia de coronavírus ao presidente Bolsonaro que contrariariam as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS). "Jamais tive qualquer influência sobre o pensamento do presidente ou sobre um suposto gabinete paralelo", disse o empresário.

Wizard também declarou que não teve encontros privados com Bolsonaro. Segundo ele, as ocasiões em que se encontrou com o presidente se deram em eventos públicos, na presença de "centenas de pessoas".

O empresário disse ainda que não se recusou a falar à CPI no dia 17 de junho. Segundo ele, sua ausência se deu por conta de uma viagem aos EUA que havia sido programada ainda antes do início dos trabalhos da comissão, e que foi motivada pelo fato de seus pais e uma de suas filhas morarem no país.

Wizard relatou que teve uma "disposição de combater a pandemia e salvar vidas", e que essa atitude o levou a receber ataques. Ele também confirmou que conheceu o ex-ministro Eduardo Pazuello quando se voluntariou para auxiliar refugiados venezuelanos em Roraima e que, a partir dali, foi firmada uma relação de amizade.

Mesmo com Wizard recorrendo ao silêncio, o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), exibiu vídeos em que o empresário falou sobre a defesa do "tratamento precoce" no combate ao coronavírus e sugeriu ter influência na atuação governamental sobre a pandemia.

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CPI da Covid avança sobre denúncias de corrupção

As votações desta quarta da CPI reforçaram a abordagem de que a comissão terá como foco nos próximos dias as denúncias de corrupção que envolvem o Ministério da Saúde. Além das convocações de Barros e Miranda, o colegiado aprovou outros requerimentos ligados ao caso.

Um deles foi o da convocação do servidor Roberto Ferreira Dias. Ele havia sido citado pelos irmãos Miranda nas acusações apresentadas à CPI e também foi mencionado em reportagem da Folha de S. Paulo sobre um pedido de propina para a compra de vacinas. Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply, afirmou à Folha que Dias pediu propina de 1 dólar para cada dose de vacina adquirida pelo Ministério.

A CPI também aprovou a convocação de Marcelo Blanco, diretor substituto do Departamento de Logística do Ministério da Saúde. Ele teria participado da reunião com Pereira e Dias em que o pedido de propina foi apresentado.

As votações foram, como é habitual na CPI, precedidas de discussões entre os senadores. Um elemento que motivou críticas de parlamentares foi a decisão do presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), de pautar 41 requerimentos ligados à saúde pública no Amazonas. A medida foi contestada até por Eduardo Braga (MDB-AM), que é próximo de Aziz. Segundo o emedebista, o presidente da CPI estaria utilizando a comissão para resolver questões locais. Aziz acabou retirando os requerimentos de pauta.

E senadores alinhados ao governo Bolsonaro voltaram a cobrar a investigação de denúncias de corrupção em governos estaduais. O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) pediu a Aziz que paute a votação de dirigentes do Consórcio Nordeste. Segundo o parlamentar, o Consórcio virou um "símbolo da corrupção" ligada à pandemia. O Consórcio fez uma aquisição de respiradores que não foram entregues e cujo preço foi contestado por órgãos de controle.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]