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Prevent e Precisa

CPI da Covid discute fim das atividades, mas abre novos caminhos de investigação

CPI
Senadores Randolfe Rodrigues, Humberto Costa e Renan Calheiros: CPI resolveu avançar em um novo campo de investigação envolvendo o plano de saúde Prevent Senior. (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

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A CPI da Covid do Senado terá na próxima semana o depoimento da advogada Bruna Morato, na terça-feira (28), e do empresário Luciano Hang, na quarta-feira (29). O depoimento da quinta-feira (29) ainda não está definido, mas a probabilidade maior é a de que a comissão ouça o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, cujo convite foi aprovado nesta quinta-feira (23).

As reuniões com Morato, Hang e Gorinchteyn indicam que a CPI resolveu avançar em um novo campo de investigação, e isso quando parte dos seus membros já pede o encerramento dos trabalhos. Morato, Hang e Gorinchteyn têm conexão com o caso Prevent Senior, que passou às prioridades da comissão nos últimos dias. A advogada é defensora de médicos que deixaram a Prevent Senior e denunciaram a companhia pelo que consideram fraude e violação de práticas médicas.

Hang teve sua convocação aprovada pela CPI ainda em junho, quando o tema Prevent Senior ainda não estava no radar da CPI; no entanto, ele foi chamado para falar agora por conta da informação, ainda não confirmada, que sua mãe teria morrido em decorrência da Covid-19 quando estava sob tratamento na Prevent Senior. Senadores que fazem oposição ao governo de Jair Bolsonaro acreditam que a mãe de Hang pode ter sido submetida ao tratamento precoce, procedimento sem comprovação contra a Covid-19, e a informação seria ocultada pelo fato de o presidente ser defensor da medida.

Já Gorinchteyn foi convidado por conta de suspeitas de subnotificação de casos de Covid-19 em São Paulo. O autor do pedido foi o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que justificou o convite alegando que o depoimento à CPI de Pedro Batista, representante da Prevent Senior, mostrou "indícios de que houve subnotificação de casos de Covid 19 perpetrados por essa empresa, fato grave que merece toda a nossa atenção e investigação plena".

A realização da sessão com Gorinchteyn na quinta, porém, ainda não é consenso entre os membros da comissão. O presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), é favorável ao encontro; já o vice, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), defende que a CPI ouça na data o servidor público Márcio Roberto Teixeira Nunes, do Instituto Evandro Chagas em Belém (PA), acusado de envolvimento em um esquema de corrupção.

Investigação sobre Precisa continua

A abordagem de casos ligados à Prevent Senior, porém, não retirará da CPI a meta de continuar com as investigações sobre a negociação da vacina Covaxin com o governo federal, o episódio que se tornou a prioridade da comissão desde meados de julho.

A comissão aprovou, na sessão desta quinta-feira (23), a quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático da empresa Barão Turismo. A companhia é apontada como sendo uma parte do esquema de lavagem de dinheiro liderado pela Precisa Medicamentos, que intermediou o contrato da Covaxin, firmado entre o governo federal e a farmacêutica indiana Bharat Biotech, fabricante do imunizante.

Na reunião desta quinta, a CPI ouviu o empresário Danilo Trento, diretor da Precisa, e o questionou sobre movimentações financeiras da empresa. Trento foi ao depoimento respaldado de um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e permaneceu calado diante da maior parte dos questionamentos. Ele não explicou os repasses feitos entre a Barão e a Precisa.

Trento também não comentou o envio de R$ 78 mil feito a uma joalheria de Curitiba. Para os senadores da oposição, a operação indica a compra de presentes a operadores que teriam "prestado favores" à Precisa. Randolfe Rodrigues mencionou que o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), tem "pulsos suspeitos" de ter recebido relógios de luxo decorrentes do processo. Ao longo do depoimento, Trento negou ter proximidade com Barros e disse também que a Precisa não se relacionou com o deputado.

Queiroga: ponto de indefinição na CPI

O vice-presidente da CPI, em entrevista coletiva após a sessão desta quinta, voltou a defender que o colegiado ouça novamente o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, antes do encerramento dos seus trabalhos. Queiroga já falou à comissão por duas vezes, em 6 de maio e em 8 de junho.

Segundo Randolfe, Queiroga precisa apresentar aos senadores esclarecimentos sobre o impasse em relação à vacinação de adolescentes. Na semana passada, o Ministério da Saúde desaconselhou que adolescentes se vacinem contra a Covid-19, mas recuou da decisão. O senador disse também que Queiroga deveria falar a respeito da troca de ofensas que teve com manifestantes que protestavam contra o governo brasileiro em Nova York (EUA).

O depoimento do ministro está condicionado ao seu quadro de saúde: Queiroga foi diagnosticado com coronavírus e precisará cumprir a quarentena nos EUA antes de retornar ao Brasil. Omar Aziz disse não ser favorável a retardar a conclusão da comissão para esperar o retorno do ministro.

A CPI da Covid tem autorização para funcionar até o dia 5 de novembro. Seus membros, porém, pretendem encerrá-la antes disso. Mas alguns prazos que foram estabelecidos já foram descumpridos. O relator Renan Calheiros (MDB-AL) falava em concluí-la na semana atual, o que foi descartado. A possibilidade da semana que vem também é tida como pouco provável entre os senadores. A abertura de novos campos de investigação pode adiar ainda mais o término.

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