A CPI da Covid do Senado pode ter, nesta quarta-feira (7), um dia de notícias negativas ao governo federal. A comissão votará requerimentos que, entre outras demandas, pedem a convocação do ministro Onyx Lorenzoni, da Secretaria-Geral da Presidência, e a quebra do sigilo do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).
Barros já teve sua convocação aprovada pela comissão, mas ainda não há uma data agendada para o depoimento. O parlamentar chegou a acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir para ser ouvido, medida que contrariou os senadores da CPI — segundo eles, a agenda da comissão é feita pelos integrantes do colegiado, não por agentes externos.
Outra convocação que a CPI pode decidir nesta quarta é a do diretor da Anvisa, Antonio Barra Torres. Ele já foi à comissão, em maio, e teve um novo pedido apresentado pelo vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). No pedido, o parlamentar alega que Barra Torres pode trazer informações sobre a compra da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde, negócio que entrou nas prioridades da comissão.
Os senadores governistas esperam, por sua vez, que a CPI vote a convocação de testemunhas que falariam sobre denúncias de corrupção em estados e municípios. Os parlamentares alinhados com a gestão de Jair Bolsonaro alegam que as principais falhas do Brasil no combate à pandemia de coronavírus se dão por problemas de gestão e por corrupção praticada por governadores e prefeitos.
Entre os nomes que os governistas querem ouvir e que poderão ter a convocação aprovada nesta quarta estão o de Bruno Dauster, ex-secretário da Casa Civil do governo da Bahia, e Cristiana Prestes, dona da empresa Hempcare Pharma Representações Ltda. A Hempcare comercializou respiradores com o Consórcio Nordeste, que representa os nove estados da região; os equipamentos, porém, não foram entregues. A negociação tem ainda denúncias de superfaturamento.
Testemunha-bomba fala sobre cobrança de propina
O governo também tende a ser pressionado por conta do depoimento desta quarta na CPI. A comissão receberá o ex-servidor Roberto Ferreira Dias, do Ministério da Saúde. Ele foi acusado pelo policial militar Luiz Dominguetti de pedir propina de US$ 1 dólar a cada dose da vacina AstraZeneca comercializada pela Davati, empresa para a qual Dominguetti trabalha, com o governo federal. Dias nega ter feito a cobrança, mas confirma que teve encontros com Dominguetti.
Líder do DEM no Senado e defensor do governo na CPI, Marcos Rogério (RO) disse considerar o depoimento de Dias como "oportunidade de enfrentar os questionamentos em relação a uma acusação que foi feita". Segundo o parlamentar, a suposta transação intermediada por Dominguetti não se concretizou e não há nem sequer comprovação de que o policial militar falava em nome da AstraZeneca. A empresa negou ter intermediários para negociação com o governo brasileiro.
"Eu vejo um esforço muito grande [da oposição] de tentar acuar o governo de práticas ilegais diante do inexistente, do chamado crime impossível", afirmou. Também apoiador do Planalto, Luís Carlos Heinze (PP-RS) disse que não tem "nenhuma objeção a que membros do governo prestem esclarecimentos", e recordou que as vacinas Covaxin e Sputnik V ainda não tiveram sua utilização no Brasil aprovada pela Anvisa.
Recesso na CPI vira dúvida
Durante a sessão da CPI desta terça, quando o colegiado ouviu a servidora Regina Célia Silva Oliveira, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), disse que o grupo não fará o recesso do Senado, previsto para o período entre os dias 18 e 31 de julho. "Não temos direito de tirar férias enquanto pessoas estão morrendo", declarou.
A quebra do recesso para a CPI tem sido demandada há dias por Aziz e pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL). O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), ainda não se manifestou sobre o assunto. A Gazeta do Povo consultou a assessoria do Senado para saber sobre a possibilidade de a CPI manter as atividades mesmo com o restante da Casa em recesso, mas ainda não obteve retorno.
Adversário da gestão Bolsonaro, o senador Otto Alencar (PSD-BA) disse ser favorável ao cancelamento do recesso. "Uma interrupção de 15 dias é tudo que o governo precisa e quer para atrapalhar as investigações. Mas não vamos recuar em nada", afirmou.
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