A CPI da Covid do Senado deve encerrar sua série de depoimentos com uma oitiva que reunirá, na quinta-feira (7), um médico que atuou para a empresa Prevent Senior e um representante das vítimas que teriam sido submetidas a tratamentos equivocados por parte do plano de saúde. O médico é Walter Correa de Souza Neto e o representante dos pacientes é Tadeu Frederico Andrade.
A sessão com Souza e Andrade servirá também para que a comissão conclua seus interrogatórios com dois dias seguidos com o caso Prevent Senior, já que na quarta-feira (6) o colegiado ouvirá Paulo Rebello, presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), também sobre o episódio. Para senadores da CPI que fazem oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro, a ANS foi omissa em relação à conduta da Prevent Senior durante a pandemia de coronavírus.
A empresa é acusada de falsear dados de óbitos de vítimas da Covid-19, de obrigar seus médicos a prescrever o tratamento precoce e também de submeter pacientes ao procedimento sem seu consentimento e de seus familiares, e também de reprimir seus profissionais de utilizar equipamentos de proteção individual. Nas semanas anteriores, a CPI ouviu um representante da empresa, Pedro Batista, e a advogada Bruna Morato, que defende médicos que trabalharam para a companhia.
Andrade, que falará à CPI, é sobrevivente dos procedimentos ministrados pela Prevent Senior. Segundo seu relato, a empresa se recusou a mantê-lo em tratamento em leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), por questões financeiras, e sugeriu à família a aplicação de cuidados paliativos, que são ministrados a pacientes em condições irreversíveis. A família não aceitou a situação e Andrade acabou se recuperando.
Com a VTC Log, poucos esclarecimentos
Antes da sequência de depoimentos relacionados ao caso Prevent Senior, a CPI teve na terça-feira (5) uma oitiva com representantes da VTC Log, empresa de logística que presta serviços ao Ministério da Saúde e é acusada de envolvimento em casos de corrupção. Nos últimos anos, a empresa firmou contratos com valores superiores a R$ 400 milhões com a pasta.
O depoimento foi qualificado pelo senador Humberto Costa (PT-PE) como pouco produtivo. "Acho que o depoimento foi muito pobre em termos de informações, inclusive em termos de contestações ou explicações em relação ao que nós já tínhamos. Não trouxe nenhuma novidade. Provavelmente, neste capítulo da VTC Log, nós teremos que reunir todo o material que nós já apuramos e encaminhar ao Ministério Público", disse.
Os representantes da VTC Log que falaram aos senadores, os executivos Andréia Lima e Raimundo Nonato Brasil, foram questionados sobre episódios como o expressivo número de saques e depósitos em dinheiro feitos pela companhia. As informações foram obtidas pela CPI por conta das quebras de sigilo obtidas pela comissão. A justificativa apresentada por Brasil e Lima foi a de que a VTC Log é uma "empresa familiar" e, portanto, sua contabilidade acaba por se mesclar com as finanças pessoais de seus donos. A explicação não convenceu os parlamentares, que recordaram os montantes dos contratos firmados entre a companhia e o governo federal.
Lima e Brasil foram também demandados sobre o pagamento de um boleto feito por um funcionário da empresa em benefício de Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde. Dias foi um dos participantes do "jantar da propina", encontro em que representantes de uma empresa privada teriam ouvido dele uma proposta para vender vacinas ao Ministério mediante o pagamento de vantagens indevidas, e chegou a ser preso quando falou à CPI. Os diretores da VTC Log negaram ter colaborado com Dias. Disseram que ele é cliente de uma empresa do grupo, que comercializa passagens aéreas, e que o pagamento do boleto fez parte de uma operação contábil.
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