O presidente da CPMI dos atos de 8 de janeiro, deputado Arthur de Oliveira Maia (União Brasil-BA), cancelou a sessão desta quinta (5) que teria o último depoimento da comissão. A suspensão da reunião foi anunciada na noite de quarta (4) por conta da expectativa de baixo quórum dos parlamentares.
A comissão ouviria o subtenente Beroaldo José de Freitas Júnior, do Batalhão de Policiamento de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal. Ele havia sido convocado no requerimento apresentado pelo deputado Delegado Ramagem (PL-RJ), com a justificativa de que o agente “atuou em campo no dia 8 de janeiro e buscou dissuadir a perturbação da ordem pública, chegando a ser promovido por ato de bravura”.
Ramagem afirmou, ainda, que o depoimento de Freitas Júnior poderia auxiliar o andamento da comissão ao explicar “questões concernentes aos informes enviados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com o objetivo de acautelar, alertar e prevenir autoridades e órgãos públicos”.
O depoimento do subtenente seria o segundo de um policial que atuou durante os atos de 8 de janeiro, que levaram à invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. Além de Freitas Júnior, a cabo Marcela da Silva Morais Pinto também já falou aos parlamentares.
Atrito com a oposição
A CPMI que apura os atos de 8 de janeiro ouviu 20 pessoas desde que os trabalhos foram instalados, mas se encaminha para o fim sem um consenso entre governistas e oposição. Maia marcou para o dia 17 de outubro a leitura do relatório final da relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), com votação no dia seguinte.
A data foi acertada durante uma votação na terça (3) entre as sessões da manhã e da tarde, sob protestos da oposição que queria convocar mais membros do governo – entre eles o ministro Flávio Dino, da Justiça – para prestar depoimento sobre, entre outros motivos, a falta das imagens gravadas pelo circuito interno de segurança do ministério no dia 8 de janeiro.
Os parlamentares também queriam ouvir o comandante da Força Nacional, coronel Sandro Augusto Sales Queiroz, que chegou a ter o requerimento colocado para votação, mas negado por 14 a 10.
No fim da sessão da última terça (3), o deputado federal Maurício Marcon (Podemos-RS) criticou o fim dos trabalhos da CPMI e que o resultado já está praticamente definido – “terminará em pizza”, disse alegando que a relatora agiu a favor do governo e que o relatório final terá sido escrito pelo ministro Flávio Dino.
Também na sessão de terça (3), o senador Magno Malta (PL-ES) afirmou que a oposição vai apresentar um relatório à parte, no sentido de “combater a ilegalidade da CPMI e da negação dos instrumentos”.
“No nosso relatório, serão denunciadas todas as ilegalidades contra os presos do 8 de janeiro. O judiciário não cooperou e muito pelo contrário, essas pessoas não foram ouvidas e nem visitadas”, afirmou.
No relatório paralelo, os parlamentares da oposição ainda irão definir os nomes que devem ser indiciados, mas alguns já apontam que devem pedir o indiciamento do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e também do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias.
A CPMI não tem reuniões marcadas para a próxima semana e, pelo cronograma, o próximo encontro já será para a leitura do relatório final.
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