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Um dia após a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro ter aprovado uma série de requerimentos que podem ajudar a avançar nas investigações sobre as supostas omissões do governo federal nos atos de vandalismo, o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), cobrou do colegiado “cumprir a sua missão”.
Para ele, além das linhas de investigação em curso na Justiça relacionadas à invasão dos prédios na Praça dos Três Poderes, incluindo evidências de incentivos e financiamento dos atos criminosos, a CPMI precisa também apurar a “incompetência ou intencionalidade das autoridades federais de segurança, que permitiram que tudo ocorresse”.
Em entrevista à Novabrasil FM na manhã desta quarta-feira (12), o senador explicou que é "ao menos estranho" que não tivesse sido mobilizado aparato suficiente para conter grupos formados por muitos idosos e crianças. Ele também lamentou certa resistência em se investigar as prováveis omissões “mesmo após a revelação de imagens mostrando que o ex-ministro da Gabinete de Segurança Institucional (GSI) estava lá” e evidências de que ele e o ministro da Justiça, Flávio Dino, “foram avisados com antecedência dos riscos iminentes”.
Analistas e políticos consultados pela Gazeta do Povo acreditam que a lista extensa de pedidos de convocação de testemunhas poderá se tornar obstáculo para a CPMI analisar todas as informações recebidas e deliberar sobre novas buscas de informações. O acordo entre governo e oposição para acessar em bloco documentos disponíveis em órgãos públicos acerca dos episódios do 8 de janeiro serviriam então para “limpar a pauta” consensual e destravar o andamento de ambas as narrativas que duelam no colegiado.
A tese de golpe de Estado orquestrado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), defendida pelos governistas, constará no parecer final da relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Quanto à tese de omissão intencional do governo Lula para viabilizar as cenas de invasões dos prédios públicos, sustentada pela oposição, deverá constar em um relatório paralelo, que começou a ser elaborado. Este documento deverá ser apresentado como alternativa para ser votado ao fim dos trabalhos, mas tenderá a respaldar a posição dos críticos à ação do governo para impedir investigações.