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O presidente da CPMI que investiga os atos de 8 de janeiro no Congresso, deputado federal Arthur Maia (União Brasil-BA), disse nesta quarta (23) que a comissão não vai incluir o caso das joias e presentes recebidos por Jair Bolsonaro (PL) que teriam sido supostamente desviados do acervo público para a venda nos Estados Unidos.
A declaração foi dada logo após uma reunião com o comandante-geral do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, no Quartel-General em Brasília. Maia marcou a reunião com o militar para explicar a condução dos trabalhos na comissão e pedir a colaboração da Força nas investigações.
Segundo Maia, a CPMI “não vai adentrar em questão de corrupção, de venda de joias, porque isso não está relacionado com o 8 de janeiro”. De acordo com ele, o avanço dos trabalhos da comissão sobre a questão do hacker Walter Delgatti, por exemplo, não teria relação com os atos se não houvesse uma “ação para desacreditar o processo eleitoral que já fazia parte de uma trama para, desacreditando a eleição, haver algum ato antidemocrático antes ou depois da eleição”, descoberto com o desenrolar da investigação.
“A não ser que chegue na CPMI alguma vinculação que pode demonstrar alguma ação dessa natureza, não vejo sentido de quebrar o sigilo apenas porque é o ex-presidente da República”, afirmou.
Maia disse, ainda, que uma nova frente de investigação será aberta apenas se, em algum momento, se comprovar ligação entre os atos de 8 de janeiro e o caso das joias. “Então, se quiserem fazer uma CPI pra discutir presentes de ex-presidentes, venda de Rolex, negócio de joias, façam outra”, completou.
Além de negar a abertura de uma nova frente de trabalho na CPMI dos atos de 8 de janeiro, Arthur Maia afirmou que a reunião com o comandante do Exército não impactou os depoimentos dos militares na comissão, tanto os que já foram realizados como os que ainda serão convocados.
Maia assegurou que não houve pressões para convocar ou não depoentes, e enfatizou que a preocupação do Exército é esclarecer os fatos e demonstrar compromisso com a democracia.
Entre os depoimentos previstos está o do general Gonçalves Dias, que liderava o Gabinete de Segurança Institucional no dia dos ataques.