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Crime organizado

Quem é Dadá, chefe de facção liberado pela Justiça que fez aliança com PCC

Dadá
Dadá foi liberado para cumprir prisão domiciliar e desapareceu. Criminoso é acusado de chefiar maior facção da Bahia. (Foto: Bahia)

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Ednaldo Freire Ferreira, conhecido como Dadá, de 43 anos, está foragido desde o dia 1º de outubro após ser beneficiado com a prisão domiciliar por uma decisão do desembargador Luiz Fernando Lima, que estava no plantão do Tribunal de Justiça da Bahia. Dadá é suspeito de ser um dos fundadores da facção Bonde do Maluco, que se tornou uma das principais organizações criminosas da Bahia.

A soltura de Dadá e a atuação da facção estão ligadas à recente onda de violência no estado. O desembargador foi afastado das funções no último dia 17 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A facção Bonde do Maluco surgiu em 2015 no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador, como uma ramificação da facção Caveira. Dadá, natural de Irecê (BA), ascendeu na facção após a morte de outro líder criminoso, Zé de Lessa, em 2019.

A Polícia Civil baiana afirma que, com o apoio do Primeiro Comando da Capital (PCC), o Bonde do Maluco tornou-se a principal organização criminosa do Estado, controlando o tráfico de drogas e realizando assaltos audaciosos em Salvador e região metropolitana, causando uma onda de violência que se intensificou nos últimos meses. A disputa entre facções, incluindo a liderada por Dadá, é considerada uma das principais causas desse aumento da violência.

A ficha criminal de Dadá inclui condenações que totalizam mais de 15 anos de prisão por crimes como tráfico de drogas, associação para o tráfico e organização criminosa. Ele já havia sido preso pelo menos cinco vezes nos últimos dez anos em três estados diferentes, incluindo Bahia, Tocantins e Pernambuco.

Em 2020, enquanto estava detido, Dadá já chefiava o tráfico de drogas de dentro do Conjunto Penal Masculino de Salvador, e a chegada de um grupo de 17 novos presos de quadrilhas rivais o fez reagir. Em uma troca de mensagens interceptada pela Polícia Federal, ele buscava adquirir armas para proteger os comparsas na prisão de um possível ataque.

Em um desses diálogos, ele comentou a respeito de facas que seriam usadas na prisão: "As facas não chegaram, irmão". Para resolver o problema, Dadá planejava fabricar facas artesanais, revelando as condições explosivas nas prisões baianas.

Em março deste ano, Dadá foi alvo da Operação Tarja Preta, que visava desarticular a organização criminosa envolvida em crimes como homicídios, tráfico de drogas, tráfico de armas e lavagem de dinheiro em Salvador. Na época, ele conseguiu escapar do cerco policial e estava foragido.

Entretanto, em setembro, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) o prendeu na rodovia BR-232, em Pernambuco. A detenção ocorreu após os policiais constatarem que ele portava uma carteira de habilitação com o nome de outra pessoa e dirigia um veículo de luxo.

Essa prisão temporária não impediu que ele fosse novamente beneficiado com a prisão domiciliar. O magistrado afirmou que concedeu o benefício em função de Dadá ser pai de um menor de idade com “transtorno do espectro de autismo nível 3, completamente dependente da figura paterna. O criminoso, no entanto, não foi mais encontrado.

A situação da segurança pública na Bahia tem se deteriorado nos últimos anos, com a intensificação da violência relacionada à atuação de facções criminosas. Em 2022, o estado registrou 6.659 mortes violentas, superando o Rio de Janeiro como o mais letal do país, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

A inteligência da Secretaria de Segurança Pública da Bahia monitora as atividades das facções criminosas e combate o crime organizado, que também opera em outros estados.

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