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A troca de partido feita pelo ex-juiz Sergio Moro, que na quinta-feira (31) trocou o Podemos pelo União Brasil, não foi a única envolvendo pesos-pesados da política nacional. Nomes como ex-ministros do governo de Jair Bolsonaro, pré-candidatos ao governo em diferentes estados e figuras históricas de alguns partidos aproveitaram o período atual para migrarem para outras agremiações políticas.
As movimentações se dão, principalmente, por questões eleitorais. Os políticos entenderam que as siglas às quais estavam integrados não ofereciam o apoio necessário para a disputa de outubro - por fatores como tamanho da agremiação, recursos disponíveis e concorrência interna na legenda.
Algumas novas filiações também incluem políticos que estavam sem partido e que precisavam encontrar uma legenda para disputar a eleição. Pela legislação, todo candidato necessita fazer parte de um partido para estar apto à corrida eleitoral. O prazo para filiações se encerrou no sábado (2).
Confira abaixo uma relação com os principais nomes que trocaram de partido nos últimos dias.
Sergio Moro: do Podemos ao União Brasil
Moro havia se filiado ao Podemos em novembro e chegou ao partido já na condição de pré-candidato a presidente da República. O flerte com o União Brasil, porém, sempre existiu - em especial por parte das alas que chegaram à legenda oriundas do PSL. A troca se consumou na última quinta, e correspondeu também a uma alteração de projeto político. Saiu a disputa presidencial e entrou em seu lugar a busca por uma vaga de deputado federal ou senador pelo estado de São Paulo. O movimento ainda não está consolidado e pode ter novidades nos próximos dias, mesmo com a impossibilidade de nova troca de agremiação.
Tereza Cristina: nova integrante do PP
Integrante do primeiro escalão de Bolsonaro desde o primeiro dia do atual mandato, a agora ex-ministra da Agricultura trocou o União Brasil pelo PP e deve ser candidata ao Senado pelo Mato Grosso do Sul. Ela reassumirá o mandato de deputada federal pelo estado. Em sua vitória eleitoral, no ano de 2014, Tereza era filiada ao PSB, partido do qual chegou a ser líder na Câmara. Deixou a legenda em 2017 e ingressou no DEM, que foi um dos partidos que deu origem ao União Brasil. Agora no PP, poderá ter como adversário na disputa pela cadeira no Senado um antigo companheiro de partido e de Esplanada, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.
Onyx Lorenzoni: do União Brasil ao PL
Outro membro da elite do governo e deputado federal licenciado, Lorenzoni trocou o União Brasil pelo PL. Ele é pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul. Lorenzoni também era filiado ao União Brasil. Ele integrou PFL e DEM, partidos que deram origem ao União, desde 1997. No governo Bolsonaro, ocupou a Casa Civil e os Ministérios de Cidadania e Trabalho. Um dos seus possíveis adversários na corrida pelo governo gaúcho é outro aliado de Bolsonaro no Congresso, o senador Luis Carlos Heinze (PP).
César e Rodrigo Maia: novatos no PSDB
O deputado federal Rodrigo Maia (RJ) e seu pai, o vereador e ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia, se filiaram ao PSDB na quinta-feira (31). Ambos estavam sem partido desde o ano passado, quando Rodrigo foi expulso do DEM por se desentender com o restante da sigla no processo que elegeu Arthur Lira (PP-AL) presidente da Câmara. Rodrigo será o presidente do PSDB no Rio de Janeiro e pode concorrer a um novo mandato na Câmara. A irmã de Rodrigo, Daniela, que era a presidente da Riotur, empresa de turismo da cidade do Rio, também se filiou ao PSDB e deve ser candidata neste ano.
José Luiz Datena: do União Brasil ao PSC
O jornalista e apresentador José Luiz Datena trocou o União Brasil pelo PSC e é pré-candidato ao Senado por São Paulo. A mudança de partido também indica uma alteração no projeto eleitoral: Datena declarou que apoiará o ex-ministro Tarcisio Gomes de Freitas (Republicanos) ao governo, em vez de Rodrigo Garcia (PSDB), com quem havia inicialmente firmado uma parceria. Se realmente for candidato em 2022, Datena disputará sua primeira eleição. Em outras ocasiões, ele se lançou como pré-candidato, mas acabou retirando seu nome da disputa.
Wilson Lima e Amazonino Mendes: PSC e Cidadania
O atual governador do Amazonas e seu antecessor, que devem se enfrentar nas urnas em 2022, também anunciaram recentemente sua filiação a outros partidos. Lima deixou o PSC e foi para o União Brasil. Já Amazonino Mendes ingressou no Cidadania. Ele estava sem partido. Lima e Amazonino já haviam sido adversários na disputa de 2018.
Leila Barros e Reguffe: União Brasil e PDT
Outros dois pré-candidatos a governo que trocaram nos últimos dias de partido foram os senadores Reguffe e Leila Barros, do Distrito Federal. Reguffe foi do Podemos para o União Brasil, e Leila migrou do Cidadania para o PDT.
Outros pré-candidatos
Outros nomes que concorrerão ao governo de seus estados ou ao Senado que se filiaram recentemente a outros partidos são: Rose Modesto, deputada federal e pré-candidata ao governo do Mato Grosso do Sul, que foi do PSDB para o União Brasil; os ex-prefeitos Felício Ramuth (PSD), de São José dos Campos, e Elvis Cezar (PDT), de Santana do Parnaíba, ambos pré-candidatos ao governo de São Paulo; Clarissa Garotinho, deputada federal e pré-candidata ao Senado pelo Rio de Janeiro, que trocou o PROS pelo União Brasil; Ana Amélia Lemos, pré-candidata ao Senado pelo Rio Grande do Sul, que deixou o PP e foi ao PSD; Silvio Mendes, pré-candidato ao governo do Piauí, que foi do PSDB ao União Brasil; e os senadores Carlos Viana (MG) e Rodrigo Cunha (AL), pré-candidatos ao governo de seus estados, que ingressaram, respectivamente, no PL e no União Brasil.