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Os principais casos de corrupção durante a pandemia
Em quase um ano e meio de pandemia, não foram poucos os casos de corrupção na área da saúde. Não foi só o coronavírus que matou | Gazeta do Povo| Foto:

Desde o começo da CPI da Covid, questiona-se a prioridade que a comissão tem dado aos casos de omissão do governo federal no combate à pandemia, deixando de lado a preocupação com atos de corrupção como desvios de recursos e favorecimento de empresas em licitações. Os líderes da CPI estariam ignorando o que se tem chamado de "Covidão".

Com a suspeita que recai sobre o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, sobre irregularidades na compra da vacina Covaxin, poderia haver uma mudança de foco. Mas Barros não é o único político de renome a estar envolvido em processos judiciais relacionados à corrupção na pandemia.

O caso mais célebre envolve o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSL-RJ), que já sofreu impeachment em decorrência de uma suspeita de corrupção. Outros políticos, como Hélder Barbalho (MDB), governador do Pará, Carlos Moisés (PSL), de Santa Catarina, e Wilson Lima (PSC), do Amazonas, também já se tornaram alvos de investigações sobre irregularidades em compras e contratações para o combate à pandemia.

Confira quem são os políticos de renome envolvidos em casos do tipo e do que cada um é suspeito.

Wilson Witzel, ex-governador do Rio

O ex-governador Wilson Witzel (PSL-RI) foi processado pela Procuradoria Geral da República (PGR) por “indícios de participação ativa quanto ao conhecimento e comando das contratações” de empresas investigadas na Operação Placebo. Em razão desse processo, ele foi afastado do cargo de governador em agosto de 2020 e, posteriormente, em abril de 2021, sofreu impeachment.

A Placebo foi deflagrada em maio de 2020. Em valores, trata-se do maior esquema de corrupção que veio à tona até agora no Brasil relacionado à pandemia. Investiga-se o envolvimento entre o Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha, e servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do estado do Rio de Janeiro.

Entre as irregularidades estão orçamentos fraudados para serviços de montagem e desmontagem de tendas, instalação de caixas d’água, geradores de energia e piso para a formação de hospitais de campanha.

Hélder Barbalho, governador do Pará

Em abril de 2021, a Justiça do Pará ordenou bloqueio de bens do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), por conta da aquisição irregular de respiradores para tratamento da Covid-19 no ano passado. Em fevereiro, ele já havia sido indiciado pela Polícia Federal, numa decorrência da Operação Para Bellum, deflagrada em junho de 2020.

A transação que foi objeto do processo está estimada em R$ 50 milhões. A PF acusou o governo do Pará de favorecer a empresa SKN do Brasil, que recebeu R$ 25,2 milhões antes mesmo de entregar os respiradores.

O contrato foi firmado por meio de dispensa de licitação, em razão da pandemia, e previa a compra de 400 aparelhos. De acordo com a PF,  Barbalho teria editado um decreto para viabilizar o pagamento. Quando os equipamentos foram entregues, descobriu-se que mais de 100 deles eram diferentes do modelo necessário e não serviam para o tratamento da Covid-19. Os respiradores acabaram devolvidos.

Barbalho nega ter cometido irregularidades e afirma que o governo estadual denunciou, no ato de conferência dos respiradores, que eles não funcionavam contra a Covid-19.

Carlos Moisés, governador de Santa Catarina

No começo de maio de 2021, o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), escapou por um voto do impeachment. Ele respondia a processo por crime de responsabilidade pela compra de 200 respiradores no valor de R$ 33 milhões que não foram entregues pela empresa Veigamed, contratada pelo governo catarinense.

O processo contra Moisés começou na Operação Pleumon, deflagrada em setembro pela PF. São investigados crimes de fraude em licitação, peculato, corrupção, concussão, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Wilson Lima, governador do Amazonas

O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), é alvo da Operação Sangria, que já teve três fases, ocorridas em junho, outubro e novembro de 2020. Entre os crimes apurados estão associação criminosa, corrupção, fraude em licitação e desvio de recursos públicos federais.

A PF chegou a pedir ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a prisão de Lima, mas o STJ negou. Na primeira fase da operação, foi determinado o bloqueio de R$ 2,9 milhões em bens de 13 pessoas físicas ou jurídicas. Foram cumpridos oito mandados de prisão de pessoas que integram ou integraram o governo do Amazonas.

Chico Rodrigues, senador da República

Em outubro de 2020, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o afastamento temporário do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), que foi alvo de busca e apreensão por decorrência da Operação Desvid-19, que investiga desvios relacionados à pandemia em Roraima.

Há indícios de um esquema que teria gerado sobrepreço de quase R$ 1 milhão em ações de combate à pandemia do coronavírus no Estado. As contratações suspeitas de irregularidades envolveriam aproximadamente R$ 20 milhões.

O senador ainda é investigado por envolvimento nesse esquema, mas já foi autorizado pela Justiça a retornar ao cargo. O caso de Rodrigues se tornou célebre porque diversos veículos jornalísticos afirmaram que ele teria sido flagrado com dinheiro na cueca em uma operação policial no ano passado, mas a assessoria do parlamentar diz que a informação é falsa.

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