A defesa de Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o ex-presidente nunca usou o cartão corporativo enquanto ocupou o Palácio do Planalto e que as despesas da família eram pagas com dinheiro da conta pessoal de Bolsonaro, por meio do então ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid.
As declarações foram dadas na noite de segunda-feira (15) após uma série de reportagens afirmarem, durante o fim de semana, que a Polícia Federal estava investigando suspeitas de desvio de dinheiro da Presidência, por meio de Cid. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro está preso desde 3 de maio, acusado de ter falsificado informações de vacinação contra Covid-19 do ex-presidente e de outras pessoas. Segundo reportagem do UOL, havia orientação para que as despesas da primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) fossem pagas em dinheiro vivo.
Segundo o assessor do ex-presidente, Fabio Wajngarten, Cid era quem pagava as contas da família. Boletos de empresas com CNJP, como conta de luz e condomínio, eram pagos diretamente da conta pessoal do presidente. Já despesas menores, como gastos com cabeleireiro e farmácia, eram pagos em dinheiro vivo, sacado por Cid da conta pessoal de Bolsonaro. O ex-ajudante de ordens fazia uma estimativa dos gastos e repassava ao presidente, que autorizava os saques de sua conta pessoal. Um resumo dos extratos apresentados pela defesa mostrou que os saques variaram entre R$ 8 mil a R$ 25 mil por mês, entre fevereiro de 2019 e dezembro de 2022.
“Todos os extratos serão apresentados pela defesa”, disse Wajngarten, acrescentando que a defesa contratará um perito contábil para demonstrar que “não há nenhum desajuste entre entradas e saídas de recursos”. Segundo ele, essa foi a forma de pagamento escolhida para evitar a exposição do tomador de serviço – o presidente Bolsonaro e a família dele – diante da possibilidade de ataques contra eles. Uma hipótese levantada foi envenenamento de alimentos.
O cartão de Rosemary
As reportagens também trouxeram a informação de que a primeira-dama usava um cartão de crédito adicional de uma amiga, Rosemary Cordeiro, em vez de um próprio. Wajngarten disse que Michelle fazia isso desde 2011, porque não tinha crédito em nenhuma instituição financeira, já que não poderia comprovar renda. A fatura mensal deste cartão era de aproximadamente R$ 2 mil por mês, segundo a defesa de Bolsonaro. Michelle, então, reembolsava a amiga para que ela pudesse fazer o pagamento do cartão de crédito. A prática foi interrompida em 2021, quando o Banco do Brasil ofereceu um cartão de crédito à ex-primeira-dama.
“O que causa grande desconforto à defesa é que todas as informações estão acostadas a essa investigação há praticamente um ano e foram divulgadas de forma incompleta e omitindo-se dados relevantes, como os valores pífios que envolvem as operações, que na sua essência são pagamento dos custos de uma família. A defesa repudia a ilação como sendo fonte de pagamento que não venha de recursos próprios do presidente”, declarou o advogado Paulo Amador da Cunha Buena.
Bolsonaro abriu conta no exterior
A defesa de Bolsonaro também reforçou a legalidade de uma conta que foi aberta pelo presidente nos Estados Unidos no fim do ano passado. Segundo os advogados Daniel Tesser e Marcelo Bessa, a criação dessa conta ocorreu pelos meios legais, via Banco Central, e deve ser declarada pelo presidente à Receita Federal antes do encerramento do prazo de declaração do imposto de renda, no fim de maio.
“Ele fez isso porque ele acredita que o atual governo não vai conseguir conduzir devidamente a economia e a melhor poupança seria remeter esse dinheiro do Brasil e colocar nos EUA”, disse Bessa, acrescentando que R$ 600 mil que estavam em uma poupança de Bolsonaro no Brasil foram transferidos para esta nova conta no exterior.
A relação entre um militar ajudante de ordens e uma empresa com contrato público
Ainda sobre as reportagens que foram veiculadas durante o fim de semana, Wajngarten disse que não tinha informações sobre depósitos que teriam sido feitos por uma empresa na conta de um militar da Ajudância de Ordens. Segundo o UOL, a Polícia Federal teria descoberto que uma empresa de comércio de materiais de construção de Goiânia, que firmou contratos com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) na gestão Bolsonaro, teria feito uma série de transferências ao segundo-sargento Luis Marcos dos Reis. O militar também teria feito transferências para a empresa e uma das sócias. O total das operações entre eles, segundo informou a Folha, seria de R$ 101 mil, com um saldo positivo de R$ 32 mil para Reis.
Na mesma época em que fez essas transações com a empresa, o militar teria realizado ao menos 12 depósitos em dinheiro para a conta de uma tia da ex-primeira-dama, Maria Graces de Moraes Braga. Segundo a defesa de Bolsonaro, ele não conhece e nem tem relação com Reis. Os depósitos para a tia de Michelle não foram explicados.
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