O ex-ministro Walter Braga Netto| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil.
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A defesa do ex-ministro Walter Braga Netto disse que as anotações encontrados pela Polícia Federal (PF) na mesa do assessor do ex-ministro, coronel Peregrino, na sede do PL, e tratadas como "plano de golpe" eram, na verdade, material com respostas a demandas da imprensa e para participação em Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).

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O material foi apreendido em fevereiro deste ano, quando a sede nacional do PL foi alvo de busca e apreensão durante a Operação Tempus Veritatis.

De acordo com a PF, o material apreendido contém um plano batizado de “Operação 142” com o esboço de um “decreto de instauração de estado de exceção no Brasil”. O objetivo final descrito no material seria evitar que Lula subisse a rampa do Palácio do Planalto após vencer as eleições de 2022.

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“Os documentos, anotações, rascunhos, reportagens de imprensa serviam como material preparatório para respostas de demandas de imprensa e, principalmente, para a preparação de pessoas para o comparecimento em comissões parlamentares de inquérito, como as ocorridas no Congresso Nacional e na Câmara Legislativa do Distrito Federal”, disse a defesa de Braga Netto em nota, nesta terça-feira (26).

Os investigadores estimam que as anotações tenham sido feitas entre novembro e dezembro de 2022.

“Naquele período circularam diversos papéis, palestras em power point e sugestões da aplicação dos dispositivos constitucionais que eram entregues às autoridades, conforme relatado à época. Um exemplo é que o artigo 142 foi discutido, em novembro de 2022, em audiência pública no Senado Federal”, diz outro trecho da nota.

“Por fim, destaca-se que o referido assessor [coronel Peregrino] não foi objeto de busca e apreensão na operação Tempus Veritatis e que os materiais eram subsídios de uso pessoal e interno, seguindo o previsto no artigo 220 da Constituição Federal, que assegura a liberdade de manifestação do pensamento, de criação, de expressão e de informação”, finalizou a defesa.

“Operação 142”

Segundo o relatório da PF, o nome “Operação 142” faz alusão ao art. 142 da Constituição Federal (CF), “o qual trata das Forças Armadas e era uma possibilidade aventada pelos investigados como meio de implementar uma ruptura institucional após a derrota eleitoral do presidente Jair Bolsonaro”.

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O suposto plano rabiscado em um papel está dividido em tópicos. Dentro do item “Linhas de esforço” havia propostas de ações que incluíam “interrupção do processo de transição”, “mobilização de juristas e formadores de opinião” e “enquadramento jurídico do decreto 142”, que seria feito com a Advocacia-Geral da União e Ministério da Justiça. 

Com base no manuscrito, a PF afirmou que o “documento demonstra que Braga Netto e seu entorno” tinha “clara intenção golpista, com o objetivo de subverter o Estado Democrático de Direito, utilizando uma interpretação anômala do art. 142 da CF, de forma a tentar legitimar o golpe de Estado”. 

“O arcabouço probatório demonstra os investigados realizaram diversas ações para de alguma forma obstruir as investigações que apuram a constituição de uma organização criminosa para tentar dar um golpe de Estado e Abolir o Estado Democrático de Direito, mediante a restrição do exercício do poder judiciário, especialmente o STF e o TSE”, diz o relatório da PF.

Indiciamento

Bolsonaro, Braga Netto e outras 35 pessoas foram indiciadas pela PF por suposta participação no planejamento de um golpe de Estado, que incluía o assassinato do presidente Lula (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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