O governo encaminhou ao Congresso nesta quarta-feira (15) o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) prevendo para 2021 mais um ano de rombo nas contas públicas. A estimativa é que o saldo federal fique negativo em R$ 149,6 bilhões no próximo ano.
Esse é o valor esperado para déficit primário do governo central, ou seja, o quanto as despesas (Previdência, folha de pagamentos e outros) devem superar as receitas (com impostos e outras fontes), sem contar o pagamento dos juros da dívida.
O resultado esperado é mais do que o dobro do projetado pelo governo anteriormente. No PLDO encaminhado ao Congresso no ano passado, antes da pandemia do coronavírus, a previsão era de um déficit de R$ 68,5 bilhões em 2021.
Para 2022, a previsão é que o rombo seja de R$ 127,5 bilhões. Em 2023, ele deve chegar a R$ 83,3 bilhões, pelas contas do governo. Antes do coronavírus, o governo fala que era factível que as contas públicas ficassem no azul até 2022, último ano do mandato de Jair Bolsonaro. Durante a campanha presidencial, o ministro Paulo Guedes (Economia) afirmava que seria possível zerar o déficit ainda em 2019.
Desde 2014, o governo vem fechando o ano no negativo. Naquele ano, o déficit primário ficou em R$ 23,5 bilhões. Depois, entre 2015 e 2018, o rombo ficou na casa dos R$ 100 bilhões, atingindo o seu pico em 2016, quando o país registrou déficit primário de R$ 161,3 bilhões.
Em 2018, o déficit foi de R$ 120,3 bilhões. Já em 2019, o valor ficou negativo em R$ 95,1 bilhões. Para 2020, é esperado que o déficit supere a casa dos R$ 400 bilhões, devido às medidas de combate ao coronavírus.
Valor pode ficar ainda pior
Em coletiva de imprensa, o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, afirmou que a previsão de rombo para 2021 pode ser modificada. Ele afirmou que a pandemia do coronavírus ainda não teve impacto significativo nas projeções do próximo ano, mas que o cenário pode mudar caso a política de isolamento se estenda.
Segundo Waldery, o governo poderá divulgar uma nova estimativa de rombo para as contas públicas de 2021 em agosto, quando precisa enviar o Orçamento do próximo ano para o Congresso.
Apesar dos resultados negativos, o secretário passou a mensagem que a crise é temporária. "Essa piora nas conta fiscais é momentânea. Nossa missão é a busca de um melhor resultado nominal na melhor velocidade possível, no menor tempo possível. Mas agora a gente tem uma pausa para resolver um problema transitório. Mas tão logo possível voltaremos para a agenda de reformas, de privatizações e de concessões", afirmou Waldery.
PIB, salário mínimo e reajuste
Ainda no PLDO, o governo prevê que a economia brasileira vai crescer 3,3% em 2021. Para este ano, o governo manteve a projeção oficial que o Produto Interno Bruto (PIB) ficará estagnado: 0,02%.
Já o mercado financeiro estima números diferentes. Segundo o último boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, já há agente financeiro que estime que o PIB vai cair 6% em 2020. A mediana para este ano está numa queda de 1,96%. A pesquisa foi feita com 83 instituições financeiras. Para 2021, a pior previsão é de um crescimento de 1,1% e a melhor, 6%. A mediana está em 2,70% e a pesquisa foi feita com 76 instituições financeiras.
Em coletiva à imprensa, o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, admitiu que o PIB deve cair neste ano. Ele explicou, porém, que não dá para ficar mudando a previsão "toda semana". Por lei, o governo é obrigado a revisar o PIB bimestralmente a partir de março. "Foi escolha de nossa equipe manter a previsão original do cronograma que em maio nós vamos poder estimar a nova previsão para o PIB deste ano", disse Sachsida.
Em relação ao salário mínimo, o governo propôs que ele fique em R$ 1.079 em 2021. A informação também consta no PLDO. O valor foi corrigido apenas pela projeção de inflação, ou seja, não prevê um aumento real. A Constituição obriga o governo a repor a inflação. Já aumentos reais ficam a critério de cada governo.
Atualmente, o piso está em R$ 1.045. O valor do piso para 2021 ainda deve sofrer alterações, já que a projeção de inflação pode mudar. Por lei, o governo tem até o fim do ano para editar um projeto de lei ou medida provisória determinando qual será o salário mínimo do ano seguinte.
Sobre o funcionalismo público, o secretário de Orçamento Federal, George Soares, informou que o PLDO não prevê reajuste para os servidores públicos federais em 2021. Já sobre a realização de novos concursos públicos, o governo não tratou desse tema no projeto e vai tomar uma decisão somente em agosto, quando vai enviar o Orçamento.
O que é o PLDO?
O governo precisa encaminhar todo ano ao Congresso até o dia 15 de abril um projeto de lei contendo a meta fiscal e as prioridades para o ano seguinte e subsequentes. Depois, o projeto é analisado pelos parlamentares, que podem sugerir mudanças. Até julho, esse projeto precisa ser aprovado, transformando-se na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que vai guiar os gastos do governo e a elaboração do Orçamento em si.
O item mais importante do PLDO é a meta fiscal. Trata-se de uma estimativa de receitas e despesas do governo federal. Ou seja, tudo o que o governo arrecada menos o que ele gasta em um ano. Ao traçar a meta, o governo precisa cumpri-la, caso contrário o presidente pode ser acusado de crime de responsabilidade fiscal, passível de impeachment.
Para traçar a meta, o governo leva em contas projeções macroeconômicas para os próximos anos, como PIB, inflação, massa salarial e juros, e traça suas estimativas de receitas e despesas.
Governo promete reforma, mas evita falar em corte de gastos com servidores
Bolsonaro chora e apoiadores traçam estratégia contra Alexandre de Moraes; acompanhe o Entrelinhas
“Vamos falar quando tudo acabar” diz Tomás Paiva sobre operação “Contragolpe”
Brasil tem portas fechadas em comissão da OEA para denunciar abusos do STF
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF