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Mudança

Ex-chefe da Lava Jato pede exoneração do MPF e pode entrar para política

Procurador Deltan Dallagnol
O procurador da República Deltan Dallagnol, ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato, deve tentar uma vaga de deputado federal no próximo ano. (Foto: Gazeta do Povo)

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O ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, pediu exoneração do Ministério Público Federal (MPF) e deve entrar para a política nas eleições de 2022. "Essa decisão de sair do Ministério Público não foi fácil. Eu tenho muito orgulho do Ministério Público e do trabalho que ele faz pela sociedade brasileira em diferentes áreas. Contudo, os nosso instrumentos de trabalho para alcançar a justiça vem sendo enfraquecidos", disse ele, em vídeo publicado nas redes sociais, nesta tarde.

Deltan atuou por mais de 18 anos no MPF e coordenou a Lava Jato, em Curitiba, desde que a operação foi deflagrada, em 2014. A operação enfrentou uma série de reveses desde 2019. "[A Lava Jato] nos trouxe esperança de que nós podemos, sim, construir um país mais justo e melhor, em que a lei vale para todos", disse. Ele deixou a chefia da força-tarefa em setembro do ano passado, por motivos pessoais.

Oficialmente, Deltan entregou o cargo na terça-feira (2). A expectativa é de que ele siga os passos do ex-juiz Sergio Moro e também se filie ao Podemos. O senador Alvaro Dias (Podemos-PR), um dos maiores entusiastas da candidatura de Sergio Moro à Presidência, disse à Gazeta do Povo ter conversado "há bastante tempo" com Deltan sobre sua entrada na política.

"Se decidir ir para a política, estamos abertos", afirmou ele, reproduzindo o que falou, oferecendo ao procurador seu ingresso no partido. A conversa, disse, ocorreu quando percebeu o "calvário" pelo qual Deltan passava ao ser perseguido pelo trabalho de enfrentamento à corrupção. Questionado sobre para qual cargo Dallagnol pretende se candidatar, Alvaro Dias diz ainda não saber – o mais provável, segundo apurou a reportagem, é que ele dispute uma cadeira na Câmara dos Deputados.

"Vai depender dele. É uma questão de opção de vida. Não é nem uma coisa transitória, tem que fazer opção definitiva, precisa deixar o MP. O que sei é que ele obstinado, determinado, e certamente está sentindo os retrocessos na luta de combate à corrupção. Esse enfrentamento é dele. Imagino que vá buscar ferramenta para fazer isso de forma eficiente”, afirmou o senador.

Nas redes sociais, o ex-procurador não deu detalhes sobre os próximos passos. "Nos últimos anos, nós passamos a sofrer muitos retrocessos no combate à corrupção. Nós vemos notícias cada vez piores sobre processos anulados, leis desfiguradas e corruptos alcançando a impunidade", afirmou. O, agora, ex-procurador ressaltou que pretende fazer tudo que estiver ao seu alcance por "meios democráticos" para "desfazer retrocessos de combate à corrupção e restaurar a justiça".

Fim da Lava Jato

A força-tarefa da Lava Jato no Paraná foi encerrada em fevereiro deste ano. A operação deu lugar ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPF do estado com estrutura reduzida. O fim veio após uma série de críticas do procurador-geral da República, Augusto Aras, que nunca escondeu a insatisfação com os métodos utilizados nas forças-tarefa do Ministério Público.

Além disso, a operação também enfrentava críticas no Congresso e no Supremo Tribunal Federal (STF) e enfraqueceu depois da divulgação, em 2019, pelo site The Intercept Brasil, de diálogos e áudios entre Sergio Moro e a procuradores do MPF no Paraná. Uma semana após sair do comando da operação, Deltan foi punido pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) por tuítes sobre a eleição para a presidência do Senado, no início de 2019, em uma ação movida pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL).

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