Ex-procurador Deltan Dallagnol ingressou oficialmente no Podemos e deve se candidatar nas eleições de 2022. Na foto, ao lado do senador Alvaro Dias, do delegado da PF Vagner Alamino (que se filiou também) e da deputada Renata Abreu.| Foto: Divulgação/Podemos
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Com um discurso crítico a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso, o ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato Deltan Dallagnol se filiou oficialmente ao Podemos nesta sexta-feira (10). No evento, que reuniu em Curitiba lideranças nacionais do partido e o pré-candidato a presidente Sergio Moro, Deltan disse que decisões “desastrosas” do STF institucionalizaram a impunidade dos corruptos no Brasil e condenou projetos aprovados pelo Congresso que, na opinião dele, representam retrocessos no combate à corrupção.

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“O fim da prisão em segunda instância pelo STF institucionalizou a impunidade dos corruptos no Brasil. Vimos ainda a criação de novas regras pelo Supremo Tribunal Federal, novas regras desastrosas, como a que dá competência à Justiça Eleitoral para casos de corrupção política quando parte do dinheiro vai para campanha dos envolvidos”, afirmou Deltan, acrescentando que essas novas regras do STF tiveram “efeitos desastrosos” ao anularem uma série de decisões judiciais, como as condenações de Eduardo Cunha, Antonio Palocci e João Vaccari Neto. "Há uma minoria honrosa no STF que tem resistido, mas não é suficiente… Se nós não nos mexermos, teremos retrocedido 30 anos no combate à corrupção".

Ao mencionar o trabalho da Operação Lava Jato, Deltan disse que "chegamos mais longe do que todas as outras gerações" no combate à corrupção, "antes do revisionismo do STF". Mas alertou que a corrupção contra-ataca e está derrubando os legados da Lava Jato.

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Deltan deixou o Ministério Público Federal no começo de novembro após 18 anos de carreira e agora deverá concorrer ao cargo de deputado federal pelo Paraná nas eleições de 2022, tendo o combate à corrupção como principal plataforma. A expectativa do partido é que o ex-procurador faça uma votação recorde no estado e que ajude a eleger pelo menos quatro deputados do Podemos para a próxima legislatura. "A filiação [do Deltan] já trouxe para o partido nomes que vão consolidar uma bancada de quatro deputados federais, pelo menos", disse a deputada Renata Abreu, presidente do Podemos

Em seu discurso, Deltan propôs o desafio suprapartidário de colocar no Congresso 200 deputados e senadores que assumam três compromissos: democracia, combate à corrupção e preparação política. A carta de compromissos foi assinada por Deltan e outras lideranças que estavam presentes: a deputada Renata, os senadores Alvaro Dias, Oriovisto Guimarães, Flavio Arns, o deputado estadual Galo e o presidente do Podemos no Paraná, Cesar Silvestre Filho.

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"Será o mais votado do Paraná", diz Moro sobre Deltan

O ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro, que deixou o evento de filiação antes do discurso do ex-procurador, teceu elogios a Deltan, dizendo que ele era um homem bravo por ter tomado a decisão de deixar a carreira como procurador para entrar na política ao ver “caminhos fechados no Ministério Público.

“Nós respeitamos muito o Ministério Público, mas o Ministério Público de hoje não é mais o mesmo da época da Lava Jato”, salientou. “E uma pessoa como Deltan certamente não se sentiria satisfeita em permanecer num lugar em que ele não pudesse realizar o que ele acredita”.

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O ex-juiz, também muito elogiado pelas autoridades que falaram no evento de filiação de Deltan, disse ainda acreditar que o ex-coordenador da Lava Jato “será o deputado mais votado” no Paraná. “Deltan vai representar lá [no Congresso] mais do que dizem um tribunal ou outro. Respeitamos esses tribunais, mas quando eles anulam esses casos [de corrupção] dão aquela sensação que talvez o combate à corrupção não seja tão importante”.

Pré-candidato à Presidência em 2022, Moro também mencionou que o país precisa de uma “gigantesca força-tarefa” de transformação, que passa pelo combate à corrupção, mas também pelo desenvolvimento econômico.

“Os desafios de combate a corrupção permanecem, jamais vamos abandonar essa missão, está no meu DNA, no de todos que estão aqui. Mas agora existem outros problemas, questões que afligem os brasileiros. A economia vai mal, o índice de inflação está em 10,74% em 12 meses. Isso é menos dinheiro no bolso dos brasileiros”, afirmou o ex-juiz, acrescentando que é preciso colocar o país “novamente nos trilhos certos, que não são desse governo que está nos entregando a recessão ou do PT que também nos entregou recessão”.

Falando sobre as recentes decisões do STF que anularam condenações da Lava Jato, o senador Alvaro Dias, líder do Podemos no Congresso, disse que, nas eleições de 2022, o que será discutido é "se assaltaram o Brasil ou não", referindo-se aos casos de corrupção, alegando que os preciosismos jurídicos devem ficar na esfera da Justiça. "[Moro e Deltan] são perseguidos e injustiçados, mas o povo responderá os elegendo com votações consagradoras que os estimularão a continuar na luta contra a impunidade, a favor da Justiça".

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