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O ex-coordenador da Lava Jato Deltan Dallagnol participa de uma solenidade de filiação ao partido Podemos na próxima sexta-feira (10), em Curitiba. Deltan pediu demissão do Ministério Público Federal (MPF) no mês passado, e a expectativa agora é que ele dispute um cargo de deputado federal nas próximas eleições.
A legenda escolhida é a mesma do ex-ministro e ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro, pré-candidato a presidente. Além de Moro, a solenidade contará com a presença de outras lideranças do partido, como a presidente nacional do Podemos, deputada federal Renata Abreu (SP), e dos senadores do Paraná Alvaro Dias, Oriovisto Guimarães e Flávio Arns.
A solenidade, contudo, é apenas uma cerimônia pública para marcar o ingresso de Deltan no Podemos. Conforme antecipou o colunista da Gazeta do Povo Roger Pereira, o ex-coordenador da Lava Jato já consta nos registros da Justiça Eleitoral como filiado ao partido desde 19 de novembro. Aliás, nesses registros, ele inclusive aparece como segundo vice-presidente do Podemos no Paraná.
Desde que anunciou a sua demissão, o ex-procurador da Lava Jato vem promovendo lives em suas redes sociais com um tom político. “Durante a Lava Jato eu escutei várias pessoas dizerem assim: ‘Deltan, não desista’. Essa é a hora de eu dizer pra vocês: não vou desistir. Mas eu preciso que vocês também não desistam", disse o ex-coordenador da Lava Jato num vídeo postado no nas redes.
Deltan atuou por mais de 18 anos no MPF e coordenou a Lava Jato, em Curitiba, desde que a operação foi deflagrada, em 2014. A operação enfrentou uma série de reveses desde 2019. "[A Lava Jato] nos trouxe esperança de que nós podemos, sim, construir um país mais justo e melhor, em que a lei vale para todos", disse. Antes de deixar o MPF, em setembro do ano passado, Deltan havia saído da chefia da força-tarefa, por motivos pessoais.
TCU deu andamento a investigação contra Deltan
Logo após Deltan anunciar que deixaria o Ministério Público, o Tribunal de Contas da União (TCU) deu andamento em uma investigação para apurar supostas irregularidades no pagamento de diárias e passagens aéreas a procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba. Os procuradores podem ser obrigados a devolver o dinheiro aos cofres públicos. Eles também podem ser multados e impedidos de assumir função na administração pública por até oito anos. Nesse caso, Deltan poderia ser impedido de entrar na disputa eleitoral do ano que vem.
Em nota, ele afirmou que a decisão do ministro do TCU Bruno Dantas contrariou a área técnica do tribunal, que não apontou irregularidade nos valores gastos com passagens e diárias. De acordo com o ex-procurador, as diárias e passagens aéreas foram autorizadas de acordo com parâmetros legais.
"Os procuradores da República que integraram a força tarefa Lava Jato em Curitiba esclarecem que as diárias e as passagens aéreas referidas foram autorizadas de acordo com os parâmetros legais e normativos, durante a gestão de três diferentes procuradores-gerais da República. Além disso, em todo esse período, nunca foi apontada pela auditoria interna ou pelas autoridades administrativas do MPF qualquer ilegalidade em seu custeio", diz, em nota.