A diretora da Precisa, Emanuela Medrades, em depoimento à CPI da Covid| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senad
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O depoimento da farmacêutica Emanuela Medrades, diretora da Precisa Medicamentos, que ocorre nesta quarta-feira (14) na CPI da Covid do Senado, tem sido marcado por contradições entre as versões apresentadas pela empresa e posicionamentos do governo. As divergências se dão em torno de temas como o preço para a compra de vacinas, a participação da diplomacia brasileira em negociações sobre o imunizante e datas firmadas durante o processo.

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Medrades fala à CPI pelo segundo dia consecutivo. Seu depoimento foi iniciado na terça (13), mas a sessão registrou um impasse em torno do direito ao silêncio que ela recebeu do Supremo Tribunal Federal (STF) e acabou suspensa. Na reunião desta quarta, a farmacêutica não está se recusando a responder perguntas. A oitiva ainda está em curso. A CPI da Covid esperava ouvir ainda nesta quarta o proprietário da Precisa, Francisco Maximiano, mas a fala foi reagendada para agosto.

A Precisa está no radar da CPI por conta de denúncias que relacionam a empresa a um suposto esquema de corrupção no Ministério da Saúde. O deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor da pasta Luís Ricardo Miranda, afirmaram ter tomado conhecimento de pressões para acelerar as negociações entre o Ministério e a Precisa, para assegurar uma liberação à Covaxin de modo distinto do ocorrido com outros imunizantes.

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Preço da vacina Covaxin

Medrades foi questionada sobre o preço das doses da Covaxin - a aquisição do imunizante foi marcada por suspeitas de superfaturamento e por críticas de que, por lentidão, o governo federal teria se comprometido a pagar pela vacina um preço superior ao inicialmente estabelecido.

Segundo a farmacêutica, o preço combinado entre a Bharat e o governo brasileiro foi sempre de US$ 15 a cada dose. Ela relatou que valores inferiores foram "expectativas de preço", que não chegaram a ser formalizadas.

Ao falar isso, a farmacêutica foi confrontada com um relato enviado pelo Ministério da Saúde sobre uma reunião ocorrida entre membros da pasta e a Precisa, no qual o preço da vacina é citado como US$ 10. Medrades disse ser inverídica a versão de que o preço havia sido formalizado como em US$ 10. Segundo ela, o valor colocado foi sempre de US$ 15.

Diretora propõe acareação na CPI da Covid

A farmacêutica foi também questionada sobre a minuta de contrato firmado entre a Precisa e o Ministério da Saúde. Senadores afirmaram que o contrato exigia pagamento antecipado. Medrades alegou que a exigência de um pagamento antecipado era uma termo de um contrato padrão, não algo que necessariamente seria aplicado ao caso brasileiro.

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Outro ponto de conflito foi em torno das datas dos envios das faturas ao Ministério da Saúde. Medrades citou que as notas, também chamadas de invoices, foram repassadas ao ministério apenas no dia 22 de março. Ela, porém, em um depoimento que fez em outra ocasião ao Senado, disse que as notas foram enviadas no dia 18 daquele mês.

A indefinição em torno das datas tem relevo porque o envio da nota faz parte dos elementos citados pelo servidor Luís Ricardo Miranda para indicar que houve um privilégio à Covaxin dentro do Ministério. Ele falou à CPI que no dia 18 foi repassada ao Ministério da Saúde uma nota em que havia a exigência de um pagamento antecipado. Na mesma semana em que os irmãos Miranda fizeram a denúncia, o ministro Onyx Lorenzoni, da Secretaria-Geral da Presidência, disse que a data real do envio era o dia 22.

À CPI, Medrades alegou que a troca que fez com as datas foi por uma falta de precisão. A diretora também disse que está disponível para fazer uma acareação com Miranda e também com o servidor Wiliam Santana, que em depoimento à CPI reforçou a informação de que o documento foi repassado no dia 18.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]