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Rosa Amorim
Rosa Amorim (lado direito da imagem) amplificou posição do PT sobre eleição supostamente fraudada contra opinião do governo brasileiro.| Foto: reprodução/Instagram Rosa Amorim

A deputada estadual Rosa Amorim (PT-PE), também conhecida como “Rosa do MST” em Pernambuco, chamou o ditador venezuelano Nicolás Maduro de “presidente” em uma viagem que fez ao país vizinho no último final de semana, e disse que levou a ele o “carinho” do povo brasileiro.

O afago ao presidente reeleito em um processo eleitoral suspeito de fraude – e ainda não reconhecido pelo governo brasileiro – foi feito durante a participação dela com Maduro na XI Cúpula Extraordinária da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba-TCP), que tem entre seus membros nações ditatoriais, como a própria Venezuela, a Nicarágua e Cuba.

“Presidente, é uma alegria encontrá-lo, trago o carinho dos brasileiros”, disse em um vídeo postado em uma rede social (veja na íntegra). Rosa Amorim é parlamentar do estado que abriga a Refinaria Abreu e Lima, que teve a Venezuela como sócia e foi o pivô da Operação Lava Jato.

Na mesma postagem, Rosa diz que Maduro conduz na Venezuela um “processo revolucionário pautado na soberania e participação popular” desde a morte de Hugo Chávez em 2013, ignorando a intensa repressão política que o regime vem impondo sobre a oposição desde a eleição de 28 de julho.

“Mesmo com os ataques incessantes dos EUA, da mídia burguesa e do capital internacional com vistas à exploração do petróleo venezuelano, Maduro e o povo resistem e constroem uma experiência política única, pauta num novo projeto de sociedade. Viva Maduro e viva a revolução bolivariana”, completou a deputada.

O afago de Rosa Amorim segue o mesmo posicionamento do PT, que reconheceu a vitória de Maduro pouco depois da proclamação do resultado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país, mas contrário à posição do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem cobrado a divulgação pública e desagregada das atas de votação.

Ainda no vídeo, Rosa Amorim pergunta a Maduro se ele já conhece Pernambuco, ao que ele respondeu que é “muito belo” ao estado e ao Brasil. O afago ocorreu mesmo após seu governo provocar o embaixador Celso Amorim, assessor de Lula para assuntos internacionais, a aceitar a confirmação da vitória do ditador pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) sem divulgar os documentos da votação.

Deputado pernambucano critica Rosa

O afago de Rosa ao ditador, no entanto, não foi bem recebido por seus pares na Assembleia Legislativa de Pernambuco. Durante a sessão plenária desta terça (27), o deputado Renato Antunes (PL) criticou a viagem da parlamentar se aproveitando de uma licença em caráter cultural entre os dias 23 e 26 de agosto.

“Carinho de que brasileiro? Talvez de meia dúzia, do bando que anda com ela invadindo terra em Pernambuco. Porque eu tenho certeza que a fala dela não representa o sentimento do Brasil. Não podemos aceitar um governo autoritário e achar isso normal. Não podemos aceitar um governo que mata opositores”, disparou Antunes.

Mesmo sendo da oposição ao governo federal, Antunes apontou que a fala de Rosa não representa sequer a esquerda brasileira que, para ele, seria mais equilibrada e com posturas divergentes, mas não insensatas. A deputada segue em viagem pela Venezuela e não respondeu às críticas.

Venezuela foi sócia em refinaria pivô da Lava Jato

A pergunta de Rosa Amorim a Maduro se ele conhece o estado de Pernambuco ignorou o fato de que é lá que está instalada a Refinaria Abreu e Lima, que teve a Venezuela como sócia e que foi o pivô da Operação Lava Jato.

A deputada, no entanto, não tocou no assunto que é de interesse do seu próprio estado.

Abreu e Lima tinha um custo inicial de US$ 2 bilhões, mas o valor mais do que dobrou logo no início das obras, em 2007, passando para US$ 4,05 bilhões. A entrada parcial em operação em 2014 foi ainda mais cara para os cofres públicos: o custo final bateu na casa dos US$ 18,5 bilhões, com apenas 64% da capacidade.

Em 2014, a Operação Lava Jato começou a desvendar uma série de irregularidades em contratos da Petrobras, o que motivou a criação de uma nova CPI no Congresso. O ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, foi preso logo na segunda fase da operação, em março.

Sob seu comando estavam as obras de Abreu e Lima. Mas a unidade de Pernambuco foi investigada mais a fundo na 20.ª fase da Lava Jato, em novembro de 2015, sob suspeita de corrupção e desvio de dinheiro.

A refinaria chegou a entrar no programa de desinvestimentos da Petrobras, mas a venda não ocorreu e Lula decidiu neste ano colocar mais dinheiro para terminar as obras restantes, em torno de R$ 6 a R$ 8 bilhões.

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