Presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR) não conseguiu acordo para votar reforma da Previdência antes da PEC do Orçamento. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados| Foto:

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou um requerimento para votar, antes da reforma da Previdência, as mudanças feitas pelo Senado na proposta que engessa o poder do Executivo sobre o Orçamento, a chamada PEC do Orçamento Impositivo.

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Presidente da Comissão, Felipe Francischini (PSL) disse na sexta-feira (12) que a prioridade seria a previdência, mas não conseguiu costurar acordo entre governo, centrão e oposição. Com isso, fica mais difícil para o governo cumprir seu cronograma de concluir a análise da reforma antes do feriado da Páscoa.

A comissão aprovou na tarde desta segunda-feira (15) o requerimento para que sejam votadas primeiro as mudanças feitas pelo Senado na proposta que engessa o poder do Executivo sobre o Orçamento. Só depois, a PEC que muda as regras da aposentadoria será analisada.

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Até mesmo o partido do presidente da República, o PSL, orientou a bancada a inverter a ordem de votação. O líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL-GO), afirmou que a proposta do Orçamento impositivo “vai no sentido de privilegiar as emendas parlamentares” e, então, recomendou a mudança na pauta.

Mas, nos bastidores, interlocutores de Bolsonaro tentaram manter a reforma da Previdência como o primeiro projeto a ser analisado.

Com a derrota iminente, o PSL mudou de posição e passou a defender a PEC do Orçamento impositivo.
“É espetacular esse momento. Nosso presidente [Bolsonaro] tem a visão realmente de um grande diplomata”, disse o líder do partido, Delegado Waldir (GO).

Partidos contra

Somente o PSDB e o Novo se posicionaram contra a troca na ordem de votação. “As duas matérias são importantes, mas existem prioridades. Para nós a questão da Previdência é uma prioridade. Eu não estou entendendo. O próprio governo parece que não quer debater”, disse o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP).

Pedida pelo centrão, a mudança na ordem foi aprovada por 50 votos a 5 e é vista com bons olhos pela oposição, que tenta adiar ao máximo a votação da reforma da Previdência. O plano do governo é votar toda a proposta até esta quarta-feira (17), antes da Páscoa.

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O tempo corre contra o cronograma do Planalto: com o feriado, a tendência é que as sessões de quarta já sejam esvaziadas. Por isto, o colegiado teria até terça (16) para concluir o debate e a deliberação.
A CCJ, porém, anda a passos de tartaruga. Com sessão marcada para as 14h, apenas por volta de 18h o colegiado votou o requerimento para a inversão da pauta, que foi acordado para que a PEC do Orçamento seja analisada em primeiro lugar.

O centrão se uniu à oposição contra o governo, conseguindo derrotar o PSL na primeira votação da comissão, que determinou que a ordem do dia fosse iniciada só depois da leitura da ata, outra manobra de protelação.

O PSOL não entrou no acordo firmado e manteve a obstrução. Outros partidos da oposição concordaram em deixar a tática de lado para não desagradar os aliados do centrão. Em troca, esperam que eles não votem com o PSL para limitar o número de inscritos para o debate da Previdência.
"Essa matéria é positiva para estados e municípios, e nós não queremos obstrui-la", afirmou a líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

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Francischini se irrita com o próprio partido

O presidente do colegiado, Felipe Francischini (PSL-PR) demonstrou irritação ao longo da sessão e chegou a desabafar com parlamentares dizendo que estaria precisando atuar também como líder do governo por falta de estratégia de seus correligionários.

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“O governo não tem base para fazer prazos”, disse o líder do PP, Arthur Lira (AL). “A Casa não vai ficar durante quatro ou cinco meses só em função da reforma da Previdência”.

Lira foi o primeiro a declarar o desejo de partidos independentes a Bolsonaro para que a PEC do Orçamento impositivo fosse votada antes da reforma da Previdência.

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Ele, no entanto, acredita que, na quarta, as mudanças nas regras de aposentadorias possam ser aprovadas na CCJ.

Para justificar a troca na ordem de votação, o líder da Maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), afirmou que a PEC do Orçamento impositivo precisa ser aprovada rapidamente para que tenha efeitos na elaboração da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2020.

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