Uma comitiva de parlamentares do Partido Democrata dos Estados Unidos desembarca em Brasília nesta segunda (14) para discutir as relações do país norte-americano com a América Latina. A viagem será liderada pela deputada progressista Alexandria Ocasio-Cortez.
Além da parlamentar, que tem uma visão mais à esquerda do partido, também participam da comitiva os deputados Joaquín Castro, Nydia Velázquez, Greg Casar e Maxwell Frost. Misty Rebik, chefe de gabinete do senador Bernie Sanders, também integra a equipe. A delegação também vai passar por Santiago, no Chile, e Bogotá, na Colômbia.
Durante sua estadia no Brasil, os congressistas terão encontros com diversas autoridades, incluindo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha; o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim; e a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI dos atos de 8 de janeiro, além de outros representantes do Congresso Nacional e do governo federal. As agendas oficiais dos citados não constam as reuniões com os parlamentares norte-americanos.
Embora ainda não confirmado, espera-se que a comitiva também se reúna com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo informa a Folha de São Paulo. Há a expectativa, ainda, de um jantar informal com líderes políticos brasileiros e membros do governo para homenagear a delegação. Lula não deve participar das reuniões neste primeiro dia, já que viaja para o Paraguai à tarde para participar da posse do presidente eleito Santiago Peña.
“A política externa dos Estados Unidos na América Latina costuma ser ignorada, mas se realmente quisermos enfrentar as questões de migração, clima e democracia, devemos traçar um novo caminho. Esta semana estarei no Brasil, Chile e Colômbia com colegas para iniciar essa conversa”, disse Alexandria.
A visita aos três países tem como objetivo discutir "desafios compartilhados" e fortalecer as relações entre os Estados Unidos e a América Latina, em assuntos como a migração, o clima e a democracia que, na visão da comitiva democrata, deixou de ser protegida pelo governo do país.
Greg Casar criticou a política externa anterior dos EUA na América Latina, afirmando que seu país “muitas vezes contribuiu para a instabilidade na América Latina. Deveríamos estar protegendo a democracia em vez de apoiar golpes, e deveríamos estar criando paz e prosperidade em todo o hemisfério ocidental em vez de repetir a Guerra Fria”.
“Já passou da hora de um realinhamento da relação dos Estados Unidos com a América Latina. Os EUA precisam reconhecer publicamente os danos que cometemos por meio de políticas intervencionistas e extrativistas e traçar um novo curso baseado na confiança e no respeito mútuo”, disse Alexandria recentemente ao Los Angeles Times.
Dentre os pontos a serem discutidos pela comitiva com as autoridades brasileiras estão as respostas às ações dos atos de 8 de janeiro, o papel do Brasil no G20, a estratégia de transição ecológica do governo, a proteção das terras indígenas e da Amazônia, a cooperação bilateral e a participação na COP30.
Segundo apuração da Folha de São Paulo, a delegação também planeja encontros com representantes de movimentos sociais, como MST, MTST e CUT. A viagem é organizada pelo Centro de Pesquisas Econômicas e Políticas (CEPR).
Alex Main, diretor de Política Internacional do CEPR, destacou que a delegação está atenta à história de apoio dos EUA a golpes antidemocráticos, como o de 1964 no Brasil e o de 1973 no Chile. Ele ressaltou que a delegação está comprometida em evitar que essa história se repita.
No mês anterior, Alexandria Ocasio-Cortez solicitou a liberação de documentos de inteligência dos EUA sobre a ditadura militar brasileira (1964-1985).
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