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Pedido de abertura de CPI

Deputados denunciam Mynd, empresa que agencia perfis pró-Lula suspeitos por morte de jovem

Em fevereiro, Lula se encontrou com grupo de influenciadores, incluindo membros da Mynd, que fizeram campanha para o petista em 2022 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) protocolou nesta quarta-feira (3) um requerimento para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a atuação da Mynd, agência responsável por 34 perfis de entretenimento e ativismo político.

Entre os perfis agenciados pela chamada "Banca Digital", da Mynd, estão o Garoto do Blog e Alfinetadas dos Famosos, apontados por influenciadores digitais, como Daniel Penin, como os responsáveis por distribuir, junto com o perfil Choquei, conteúdo falso que teria levado Jéssica Vitória Canedo, 22 anos, a cometer suicídio (entenda o caso aqui).

A jovem se matou após a grande repercussão de um post afirmando falsamente que ela manteria um caso amoroso com o humorista Whindersson Nunes. As publicações falsas foram repostadas por outros grandes perfis, como a Choquei. O alcance fez com que a jovem recebesse uma onda de ataques nas redes sociais.

“Estou protocolando, agora, um requerimento de abertura de uma CPI para investigar a Mynd, seus sócios, perfis e influenciadores sob sua gestão. Vamos expor de uma vez por todas o verdadeiro gabinete do ódio - CPI da verdadeira Milícia Digital”, anunciou Gayer na rede social X.

Já o deputado Daniel Freitas (PL-SC) afirmou que acionará o Supremo Tribunal Federal (STF), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar a empresa, seus sócios e influenciadores. “Também estou protocolando para a quebra dos sigilos bancário e telefônico dos empresários donos da agência”, disse Freitas.

A Gazeta do Povo tentou contato com os dois parlamentares ao longo desta tarde, sem sucesso.

Alcance de perfis chega ao Planalto e influencia no debate político

Um dos projetos da Mynd, chamado de Banca Digital, é responsável por administrar grandes perfis de fofoca como Fuxiquei, Fofoquei, Gina Indelicada e Alfinetei. No total, são 34 perfis que compõem a Banca Digital, os quais somados possuem 150 milhões de seguidores.

De acordo com o Spotniks do Canal UOL, a agência teria usado esse poder para gerar cancelamentos, inclusive no debate político, a partir da disseminação de notícias falsas. Em maio de 2023, a Gazeta do Povo mostrou o alcance de perfis pró-Lula que divulgavam notícias falsas ao relacionar melhorias na economia com o atual presidente.

Em um exemplo de como a influência pode funcionar nos bastidores, o influencer e escritor, Henry Bugalho, disse que o grupo que ficou conhecido como “Youtubers pela Democracia”, do qual participou durante o período eleitoral do ano passado, recebeu financiamento de fundações para produzir conteúdo contra o ex-presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). O relato do influencer ocorreu em novembro enquanto ele respondia a críticas de outros youtubers de esquerda sobre sua visão política. Segundo ele, o grupo era composto por cerca de 10 canais de influenciadores da esquerda.

O publicitário Julio Beltrão, responsável artístico da Mynd, comentou no LinkedIn sobre o encontro que teve com Lula e com a primeira-dama, Rosangela Silva, a Janja. O casal presidencial recebeu um grupo de influenciadores no Palácio do Planalto, em fevereiro de 2023. Beltrão foi acompanhado de outros representantes da Mynd.

“O grupo ‘Influenciadores pela Democracia’ será uma das frentes criadas pelo governo para discutir ações de combate à desinformação e pulverização de pautas importantes como vacinação e projetos sociais do governo Lula”, disse o publicitário em postagem no LinkedIn.

No dia do encontro, Lula agradeceu a atuação de influenciadores que o apoiaram nas eleições. “Não ganharíamos as eleições se não fosse também o trabalho voluntário de influenciadores nas redes. E vocês têm um trabalho muito grande para seguirmos combatendo a fábrica de mentiras”, disse o mandatário nas redes sociais em 8 de fevereiro.

Como mostrado pela Gazeta do Povo, após a repercussão de um documentário publicado por Daniel Penin nesta segunda-feira (1º) com detalhamento de como funcionava a ligação entre a Mynd e seus agenciados, a agência tirou do ar seu site, que mostrava todos os seus clientes – além das páginas de fofoca, mais de 400 influenciadores agenciados tinham seus nomes expostos na página. A CEO da agência, Fátima Pissarra, inativou sua conta na plataforma X (antigo Twitter) e restringiu para seguidores seu perfil no Instagram.

Na tarde desta quarta-feira (3), o líder da oposição na Câmara, deputado Carlos Jordy (PL-RJ), criticou a forma como a agência e o governo Lula têm lidado com a repercussão do caso. "O silêncio da Mynd, de Fátima Pissarra e, sobretudo, de Lula e Janja, diante das provas sobre o financiamento feito pelo Governo para municiar sites/blogs de fofoca e artistas de esquerda para promoverem notícias falsas contra adversários é a confissão de culpa incontestável", declarou.

Investigação no Caso Jéssica Canedo

No fim de dezembro, o perfil de entretenimento e ativismo político Choquei confessou que compartilhou a notícia falsa sobre Jéssica Canedo. A primeira página que compartilhou as prints falsas da jovem foi a Garoto do Blog, que ainda é agenciada pela Mynd. Já o perfil da Choquei era parceiro da agência, mas diz não ter mais relação com a empresa desde 2022. A Choquei afirmou que o responsável pela página, Raphael Sousa, prestou depoimento à Polícia Civil sobre o caso.

“Foram fornecidas provas sobre o gerador da notícia falsa – que foi publicada originalmente por um outro perfil e republicada posteriormente pela Choquei – e foram disponibilizadas imagens de diálogos que mostram os procedimentos adotados assim que a falsidade foi descoberta, como a retirada imediata do conteúdo falso republicado”, disse a página, em nota.

O delegado responsável pela investigação, Felipe Monteiro, da Polícia Civil de Minas Gerais, solicitou a quebra de sigilo de perfis relacionados ao caso e afirmou que os responsáveis pela Choquei poderão ser investigados por suspeita de indução ao suicídio após a morte Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos.

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