Quase metade dos deputados federais considera como negativa a relação com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de acordo com a pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta (10). O instituto ouviu 185 congressistas, representando 36% dos parlamentares, com base em critérios de região e posição ideológica. A margem de erro é de 4,8 pontos percentuais.
Segundo a pesquisa, 41%, dos deputados não tem uma boa relação com o governo, enquanto que apenas 24% avaliam como positiva, 32% regular e 2% não souberam responder. O levantamento confirma a dificuldade que Lula vem tendo de conseguir firmar uma base coesa e sólida de sustentação na Câmara, e que foi verbalizada pelo presidente Arthur Lira (PP-AL) na última terça (8).
Lira criticou a articulação política de Lula e disse que a composição da Esplanada dos Ministérios está “desequilibrada”, com mais espaço para senadores do que para deputados.
“Tem bastante Senado nos ministérios e pouca Câmara. Há partidos com 30 deputados que têm ministérios, e há partidos com 50 que não têm nenhum ministério. Se o critério do governo é acomodação de partidos na Esplanada, está desequilibrado”, disse em entrevista à rádio Mix FM de Maceió.
Ainda de acordo com a pesquisa, os deputados da direita são os mais críticos na relação com o governo Lula, com apenas 6% avaliando positivamente, 25% como regular e 67% como negativa. Outros 2% não responderam.
Já os de esquerda são mais favoráveis, com 62% considerando positiva, 33% como regular e apenas 5% negativa. Entre deputados de centro, 18% veem a relação como positiva, 45% como regular e 38% como negativa.
Dificuldade se refletiu na liberação de emendas para aprovar projetos
A dificuldade em formar uma base sólida se refletiu também no sufoco que o governo passou em algumas votações no primeiro semestre, como da medida provisória que reorganizou a estrutura de governo dos ministérios, o novo arcabouço fiscal, a reforma tributária, entre outros. O próprio líder de Lula na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), confirmou que as votações foram apertadas.
De acordo com ele, as negociações para melhorar a articulação visam “garantir painel, que é o que importa, quantos votos o governo tem”. Os ministérios de Lula liberaram R$ 19,1 bilhões em emendas parlamentares em sete meses, sendo R$ 4 bilhões em maio, quando tramitou a reorganização do governo e o texto do arcabouço fiscal; e R$ 11,5 bilhões em julho, mês em que foi votada a reforma tributária.
Mais recentemente, na semana passada, Arthur Lira disse ainda que a Câmara não tem consenso para reanalisar o texto do arcabouço fiscal, que passou pelo Senado com alterações que precisam ser votadas novamente pelos deputados.
Por conta disso, o governo tem passado as últimas semanas em reuniões constantes com partidos do centrão para integrarem a base aliada. Durante o recesso parlamentar, o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, conseguiu fechar um acordo para a entrada do PP e do Republicanos na Esplanada dos Ministérios em troca de mais votos na Câmara.
Os dois nomes indicados pelos partidos, André Fufuca (PP-MA) e Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE), já foram aprovados por Lula e devem ter as respectivas pastas anunciadas na próxima semana.
No entanto, se as negociações avançarem, o Republicanos pode perder seu principal nome para outro partido. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse nesta semana que pode deixar a legenda se a entrada no governo for realmente confirmada.
A saída de Tarcísio faria o Republicanos perder o governo do estado mais rico do país e atualmente o nome mais forte da direita para a sucessão presidencial de 2026.
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