Os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) devem começar a deixar as áreas invadidas da empresa multinacional Suzano, em Aracruz (ES), a partir de quinta-feira (27).
A área foi invadida na semana passada em alusão ao chamado “Abril Vermelho”, junto de outras propriedades em estados como Pernambuco, São Paulo e Minas Gerais. O movimento pede a aceleração de projetos de reforma agrária.
Segundo integrantes do MST, a desocupação das áreas da Suzano no Espírito Santo foi acertada após uma reunião com o governo do estado e representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), entre outros órgãos.
Em princípio, a desocupação deveria ter começado ainda neste fim de semana, mas foi adiada após a Polícia Militar afirmar que não havia “condições objetivas para fazer o despejo seguindo os protocolos legais necessários”, informou em nota do movimento.
Entre as condições estava a falta de uma área para assentar provisoriamente as 200 famílias que participaram da invasão. Uma nova reunião marcada para terça (25) vai definir o local para abrigar os trabalhadores após a ação de despejo.
A reunião que definiu a desocupação da área da Suzano também acertou que será realizado um planejamento de curto e médio prazo para o assentamento das mil famílias do MST acampadas em fazendas no Espírito Santo.
Ao todo, o movimento já totaliza 29 invasões apenas neste ano.
Área da Embrapa em PE começou a ser desocupada
Outra área invadida pelo movimento, uma unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Petrolina (PE), começou a ser desocupada neste sábado (22). As 600 famílias que estavam acampadas no local foram encaminhadas a um terreno próximo às margens da BR-428.
A desocupação ocorreu dois dias depois da coordenação do movimento ter sido notificada pela Justiça pela reintegração da área de 46 hectares. O MST também chegou a um acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para deixar a área.
As duas invasões geraram fortes críticas de ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a semana, principalmente com relação à invasão à área da Embrapa, como Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Carlos Fávaro (Agricultura).
Desocupações vem após promessa de Haddad
Também pesou na negociação para a desocupação de fazendas invadidas pelo MST a promessa de que o Ministério da Fazenda vai ampliar de R$ 250 milhões para R$ 400 milhões os recursos para o assentamento de famílias que estão acampadas. O montante foi decidido em uma reunião na última quinta (20) entre o ministro Fernando Haddad e integrantes do movimento.
Segundo interlocutores, Haddad teria feito um apelo para o MST desocupar as áreas da Suzano e da Embrapa. Além da ampliação de recursos para o assentamento de famílias, o ministro teria dito que pretende buscar terras de devedores da União para assentamentos.
Informações do movimento apontam a existência de cinco milhões de hectares de devedores da União que, em conjunto, tem uma dívida de R$ 40 bilhões.
João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do grupo, disse que o MST não quer criar problemas para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O movimento é um forte apoiador histórico dos petistas. “Vamos sair o quanto antes”, disse após a reunião.
“Não tem nenhum motivo para o MST criar conflito nem constrangimento para o governo Lula. O MST é parceiro deste governo, está com uma agenda de produção de alimentos”, afirmou. O coordenador nacional do movimento reivindicou também subsídios para agricultura familiar e a inclusão da reforma agrária na agenda do governo.
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