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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou nesta sexta-feira (17) que o termo “dama do tráfico amazonense”, apelido para Luciane Barbosa Farias, foi uma invenção do jornal O Estado de S. Paulo. O codinome tem ligação com o fato de Luciane ser esposa do homem apontado como líder da facção Comando Vermelho no Amazonas.
“O repórter que fez a matéria, confessou, e depois apagou, que foi ele que criou o nome ‘dama do tráfico’. Ele que criou. Ele que inventou. Ele disse isso”, declarou em entrevista a jornalistas.
Ela é casada há 11 anos com Clemilson dos Santos Farias, o “Tio Patinhas”, condenado por lavagem de dinheiro, associação ao tráfico e organização criminosa. Atualmente, cumpre 31 anos no presídio de Tefé (AM).
Rebatendo a alcunha, Luciane afirmou que nunca havia sido chamada assim. “Nunca fui conhecida como ‘dama do tráfico’, e sim como ‘Lu Farias’”, disse na terça-feira (14).
Reportagens publicadas pelo jornal paulista ao longo da semana mostraram que Luciane foi recebida duas vezes no Ministério da Justiça em menos de 3 meses e se encontrou com parlamentares governistas. Além disso, o Ministério dos Direitos Humanos, comandado por Silvio Almeida, confirmou ter pago uma das viagens de Luciane para Brasília.
Devido ao escândalo, a oposição pede o impeachment de Dino. Na mesma coletiva de imprensa, o ministro ironizou os pedidos.
“Impeachment? Eu fico até constrangido. Como é que eu vou sofrer um suposto impeachment por um ato que não é meu, por um ato de terceiro, um ato que, por sua vez, não é criminoso. Não existe na lei penal o crime de receber uma pessoa, fazer reunião com uma pessoa condenada”, declarou.
Ele acrescentou alegando que os secretários Elias Vaz e Rafael Velasco não conheciam Luciane e não erraram em tê-la recebido.
“Aí dizem: ‘mas ela era condenada’. Mentira. Ela foi recebida em março, a condenação foi em outubro. Quando você olha essa história, não sobre rigorosamente nada.”
Ainda nesta semana, O subprocurador-geral do Ministério Público do Tribunal de Contas da União (MP-TCU), Lucas Rocha Furtado, pediu uma investigação sobre a visita da “dama do tráfico amazonense”.