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Operação Trapiche

Dino rebate críticas de que serviço israelense teria controlado PF na prisão de suspeitos de terrorismo

Flávio Dino
Ministro Flávio Dino afirmou que nenhuma força estrangeira "manda na PF do Brasil" e que operação não pode ser usada politicamente. (Foto: André Borges/EFE)

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O ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública, rebateu críticas de que a Mossad, o serviço secreto de Israel, teria controlado as investigações da Polícia Federal que levaram à prisão dois suspeitos de planejarem atos terroristas nesta quarta (8).

As críticas surgiram após o gabinete do primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu afirmar que “os serviços de segurança brasileiros, juntamente com o Mossad”, e outras agências de segurança internacionais, “frustraram um ataque terrorista no Brasil, planejado pela organização terrorista Hezbollah, dirigida e financiada pelo Irã”. “O Mossad continuará operando para prevenir esses ataques onde e quando for necessário”, completou.

Dino disse, na manhã desta quinta (9), que acordos internacionais permitem que exista uma cooperação jurídica e policial de modo amplo, com “países de diferentes matizes ideológicos”. Mas, que, em nenhum momento, há uma relação de subordinação entre uma autoridade e outra.

“Nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal do Brasil. E nenhum representante de governo estrangeiro pode pretender antecipar resultado de investigação conduzida pela Polícia Federal, ainda em andamento”, afirmou em uma nota publicada nas redes sociais (veja na íntegra) .

Ainda segundo o ministro, a análise de indícios em relatórios internacionais é feita pelos delegados da Polícia Federal, submetendo pedidos ao Poder Judiciário brasileiro. E que os mandados cumpridos na investigação sobre a possibilidade de atos de terrorismo foram decorrentes de decisões da Justiça.

Flávio Dino enfatizou que, se há indícios, é dever da Polícia Federal investigar para confirmar ou refutar as hipóteses. A conduta da autoridade, diz, é guiada exclusivamente pelas leis brasileiras, sem envolvimento em conflitos internacionais, e não cabe à instituição analisar temas de política externa.

“As investigações da Polícia Federal começaram antes da deflagração das tragédias em curso na cena internacional”, ressaltou o ministro em referência à guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que já se prolonga há mais de um mês.

Apesar de afirmar que aprecia a cooperação internacional, Dino repudiou a alegação de que autoridades estrangeiras dirijam os órgãos policiais brasileiros ou usem investigações para fins políticos. Ele afirmou, ainda, que a Polícia Federal apresentará, no momento legalmente oportuno, os resultados da investigação ao Poder Judiciário brasileiro, baseados em análises técnicas e provas examinadas “exclusivamente pelas autoridades brasileiras”.

A Operação Trapiche, desencadeada pela PF na quarta (8), prendeu dois brasileiros suspeitos de terem sido aliciados pelo grupo terrorista Hezbollah, que tem se oposto a Israel no conflito contra o Hamas. As investigações apontam que eles estariam planejando ataques contra edifícios da comunidade judaica no Brasil, principalmente sinagogas.

Outras duas pessoas com dupla nacionalidade são investigadas no Líbano pela Interpol a pedido das autoridades brasileiras.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) afirmou que a prisão dos suspeitos de ligação com o Hezbollah gerou "enorme preocupação", e que o "terrorismo, em todas as suas vertentes, deve ser combatido e repudiado por toda a sociedade brasileira".

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