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Cotado para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Justiça, Flávio Dino, tem recebido diversas mensagens de apoio e solidariedade após uma reportagem do Estadão ter revelado encontros de secretários da pasta com a “dama do tráfico amazonense”.
Após a repercussão negativa do caso, muitos jornais e analistas políticos destacaram que o desgaste sofrido pelo ministro poderia atrapalhar sua indicação ao STF. A resposta imediata de Dino à reportagem, via redes sociais, também teria desagradado membros do governo.
O ministro disse que desconhecia a visita da “dama do tráfico”, garantiu que nunca a recebeu em seu gabinete e acusou a reportagem de “fake news”.
Acontece que em momento algum o Estadão afirmou que o ministro havia recebido a esposa do líder do Comando Vermelho do Amazonas ou reportou qualquer entrada de Luciane Farias no gabinete do ministro.
De acordo com o jornal Metrópoles, a postura de Dino frente às revelações teria lhe rendido o título de “twitteiro” dentro mesmo do governo.
Na quarta-feira (15), dois dias depois da publicação da reportagem, o presidente Lula (PT) saiu em defesa do ministro. Para o petista, as críticas a Dino têm origem em “fake news” plantadas por adversários.
“Minha solidariedade ao ministro Flávio Dino que vem sendo alvo de absurdos ataques artificialmente plantados. Ele já disse e reiterou que jamais encontrou com esposa de líder de facção criminosa. Não há uma foto sequer, mas há vários dias insistem na disparatada mentira”, escreveu Lula na rede social X.
A publicação de Lula foi compartilhada pela presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann.
Os petistas chamam os questionamentos ao ministro de “ataques” e dizem que Dino virou alvo de “muitos adversários” por conta do trabalho que vem desempenhando no Ministério da Justiça contra o “armamentismo selvagem; o enfrentamento ao crime organizado, ao tráfico e às milícias; e a proteção da Amazônia”.
Também em defesa de Dino, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) chamou as críticas ao ministro de “fake news” e acusou o “clã Bolsonaro” de envolvimento com “o crime organizado, a milícia e matadores de aluguel”.
Pelas redes sociais, na terça-feira (14), Flávio Dino disse que pretende processar quem tenha suscitado eventual ligação dele com o crime organizado.
“Sim, irei processar os autores das mentiras. Aliás, fui avisado por um jornalista que a próxima ‘notícia jornalística’ é que tenho ligações com o PCC. Então, vamos resumir os delírios: 1. Eu ‘interfiro’ na Polícia Federal; 2. Eu, ao mesmo tempo, tenho ‘ligações’ com o Comando Vermelho e com o PCC. Mas não há prova de nada, rigorosamente nada, então precisam de uma reunião que não existiu e de uma fraude com um vídeo. Daqui a pouco vão descobrir que sou mesmo um super-herói dos Vingadores. Além de criminosos, são ridículos”, escreveu Dino.
Para o ex-procurador do estado de São Paulo e integrante do Grupo Prerrogativas, Pedro Estevam Serrano, as críticas ao ministro Flávio Dino partem da “extrema-direita” com objetivo de “inventar um falso escândalo”.
“Estão querendo inventar um falso escândalo envolvendo o Ministério da Justiça. Apenas mau jornalismo. O ministro Flávio Dino é um homem público da maior qualidade, cercado de gente do mesmo valor. É desse jeito que se põe água no moinho da extrema-direita violenta”, disse Serrano pela rede social X.
Os senadores Randolfe Rodrigues (sem partido) e Eliziane Gama (PSD-MA) também saíram em defesa de Dino. Para Randolfe, o ministro é um homem íntegro e “tem sido fundamental para a reconstrução democrática do Brasil”.
A senadora Eliziane chamou os questionamentos ao ministro de “ataque covarde”.
“As fake news contra Flávio Dino nada mais são do que incômodo de setores com a política efetiva que o ministro adota contra o crime. Flávio é homem sério e competente. #tamojunto nessa”, disse a senadora pelas redes sociais.
Ainda no início da semana, em um novo desdobramento do escândalo, o Ministério do Direitos Humanos admitiu ter pago a viagem e as diárias da “dama do tráfico” para partiricpar de Encontro de Comitês e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura, realizado entre os dias 6 e 7 deste mês em Brasília.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que os ministros Flávio Dino e Silvio Almeida (Direitos Humanos) são vítimas de uma “história mirabolante, torcida e distorcida”.
O prefeito do Recife (PE), João Campos (PSB), também prestou solidariedade ao ministro Flávio Dino.
“Toda a minha solidariedade a Flávio Dino por mais uma tentativa esdrúxula de desconstrução de sua imagem. Ele é um dos homens públicos mais sérios que conheço. E tenham certeza: narrativas falsas e factoides não vão diminuir o seu ímpeto na reconstrução do Brasil”, escreveu Campos na rede social X.