Segundo a PF, plano incluía os assassinatos de Lula, Alckmin e Moraes| Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
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A Operação da Polícia Federal - que resultou na prisão de militares por supostamente planejarem um golpe de Estado após a eleição de 2022 - repercutiu de formas opostas entre representantes da direita e da esquerda nesta terça-feira (19). Parlamentares de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificaram a ação da PF como uma estratégia para desviar a atenção dos problemas enfrentados pela gestão federal. As declarações feitas pelas redes sociais apontam para um suposto uso político das instituições.

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Do outro lado, congressistas da base de Lula afirmaram que as relevações da Operação Contragolpe são graves e tentaram associar a investigação ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Eles ainda defenderam que todos os envolvidos sejam punidos com rigor.

Segundo as investigações, o grupo pretendia assassinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Quatro militares e um policial federal foram presos.

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Para o líder da oposição no Senado, senador Rogério Marinho (PL-RN), o governo quer criar narrativas para encobrir o que chamou de “desastre” da administração petista.

"Já está cansativa essa narrativa de golpe, inflação, corrupção, deslumbramento, equívocos diplomáticos, apoio a ditaduras, dívida pública fora de controle, aparelhamento de estatais e fundos de pensão, ministros do STF fazendo análises políticas e prejulgamentos, inquéritos de ofício que não terminam, censura prévia… Enfim, é mais uma cortina de fumaça para encobrir o desastre desse desgoverno. Padrão PT", escreveu Marinho.

No mesmo tom, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) questionou a consistência das acusações feitas contra os investigados e ironizou o que chamou de “narrativa”.

"Quer dizer que, segundo a imprensa, um grupo de 5 pessoas tinha um plano [de militares] pra matar autoridades e, na sequência, eles criariam um "gabinete de crise" integrado por eles mesmos para dar ordens ao Brasil e todos cumpririam??? Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime. E para haver uma tentativa é preciso que sua execução seja interrompida por alguma situação alheia à vontade dos agentes. O que não parece ter ocorrido", argumentou.

Flávio Bolsonaro também acusou a mídia de atuar com dois pesos e duas medidas ao tratar de ameaças contra Lula em comparação às que foram feitas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. "Quando o alvo de ameaças muito mais reais era o Presidente @jairbolsonaro, o tratamento nas redações era: protesto, manifestação, polêmica. Mas agora a mídia bombardeia todos para acreditarem que estas mesmas instituições estão preocupadas com a vida de um presidente. Muito tarde para pôr esta narrativa goela abaixo. Está escancarado o que eles realmente desejam", afirmou.

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A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), por sua vez, foi mais direta em sua crítica ao governo e às investigações: "Já não seguem a lei faz tempo. E pior é quererem ver a montagem de cortinas de fumaça para tentar ligar isso ao nosso Presidente. É repugnante", comentou.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) repetiu as críticas de Flávio Bolsonaro à imprensa e opinou que as instituições estariam agindo com parcialidade.

Apesar das declarações dos parlamentares, outra parte da oposição adota cautela sobre o tema. Indagado pela reportagem, em reserva, um congressista se limitou a responder: "me inclua fora dessa".

Como os desdobramentos ainda estão sendo conhecimentos, a percepção de alguns oposicionistas é que se deve esperar o desenrolar das investigações relacionadas aos militares para que haja um posicionamento mais robusto.

Operação ocorre em momento em que governo é pressionado por falas de Janja

Já o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) ironizou o fato de a Operação Contragolpe ocorrer no momento em que o Palácio do Planalto é pressionado por conta das declarações da primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, contra o bilionário Elon Musk. No sábado (16), durante o Cria G20, a socióloga xingou o empresário. "A Janja fez tanta mer** que tiveram que voltar com o tal golpe de estado", disse o deputado no X.

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O xingamento de Janja gerou forte repercussão nas redes sociais e na diplomacia brasileira, e colocou o governo em uma posição de atrito com Musk, futuro chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) do presidente eleito dos EUA Donald Trump.

Em resposta, o dono do X fez uma publicação rindo da situação e disse: eles vão perder a próxima eleição” – em referência à próxima eleição presidencial no Brasil, em 2026.

Na segunda-feira (18), a oposição se mobilizou para apresentar uma série de requerimentos que miram a primeira-dama.

O deputado Gustavo Gayer (PL-GO) apresentou três requerimentos: o primeiro pediu a aprovação de uma moção de repúdio contra Janja. Os outros dois solicitaram informações por parte do Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, acerca da “repercussão negativa” na diplomacia brasileira por conta da declaração e em relação a diplomatas chineses supostamente terem informado à pasta de que não queriam a presença da primeira-dama nas agendas entre China e Brasil.

Outros dois pedidos para moções de repúdio à fala de Janja também foram apresentados, nesta segunda, pelos deputados Evair Vieira de Melo (PP-ES) e Zé Trovão (PL-SC).

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Governistas associam investigações da PF a Bolsonaro 

Aliados do Palácio do Planalto, por outro lado, aproveitaram a operação da PF contra os militares para associar a investigação ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Parte das informações colhida pelos investigadores foi encontrada no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência.

"[Mauro Cid] era a pessoa que tinha a senha das contas pessoais do cartão do Bolsonaro", afirmou o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Paulo Pimenta. 

"Nós não estamos falando de figuras que estão longe de um núcleo de poder, [estamos falando de pessoas] que estavam dentro do Palácio do Planalto, o que leva essa investigação cada vez mais para a porta do gabinete do próprio Bolsonaro e [para] a proximidade que ele e as pessoas próximas a ele têm com todo o planejamento da tentativa de golpe que aconteceu no Brasil", opinou o ministro da Secom.

Na mesma linha, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura, Paulo Teixeira, afirmou que o caso ainda "precisava" chegar ao ex-presidente Bolsonaro. “É preciso chegar em quem estava no topo desse absurdo. Ainda falta um: Jair Bolsonaro”, escreveu o ministro na rede social X.

Aliado do governo, o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defendeu que os militares sejam "punidos" no rigor da lei e condenou o suposto plano golpista. “Não há espaço no Brasil para ações que atentam contra o regime democrático, e menos ainda, para quem planeja tirar a vida de quem quer que seja. Que a investigação alcance todos os envolvidos para que sejam julgados sob o rigor da lei”, disse Pacheco em nota.

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Já a deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, aproveitou a operação para defender que não haja anistia aos presos do 8 janeiro. O governo trabalha para que o projeto que trata sobre a anistia aos presos dos atos não avance na Câmara e no Senado.

“Foram reuniões conspiratórias, descrédito das urnas, desvio de dinheiro para organizar a ida de caravanas bolsonaristas para acampamentos em frente aos quartéis. Lembrem que os cinco são servidores públicos, com o conhecimento técnico-militar que aprenderam através do Estado, atentando contra a democracia e a vida”, disse a petista.

Já o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) também afirmou o episódio aponta para “uma organização golpista muito bem articulada”. "Está na hora de ir atrás dos mandantes… A prisão do líder também é fundamental e urgente”, afirmou Boulos.

O Partido dos Trabalhadores, legenda de Lula, também se manifestou sobre a operação e defendeu punição aos envolvidos. O PT afirmou ainda que Bolsonaro que tem ser responsabilizado e chamou os militares presos de "terroristas".

"As prisões desta manhã, determinadas pelo ministro Moraes com o respaldo do procurador-geral da República, são um passo importantíssimo para a responsabilização dos arquitetos do 8 de janeiro. A contenção do golpismo e do terrorismo da extrema direita, no entanto, exige que todos os envolvidos sejam processados e punidos pedagogicamente, a começar pelo chefe e seus cúmplices mais poderosos, civis e militares", diz um trecho da nota.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]