Ouça este conteúdo
Seis meses após os atos de 8 de janeiro, o diretor geral da Polícia Federal (PF), delegado Andrei Rodrigues, disse, em entrevista ao jornal O Globo, que houve “falha generalizada” e que quem devia ter contido os “criminosos” era a Polícia Militar (PM) do Distrito Federal. A afirmação, no entanto, contraria um documento do Exército Brasileiro encaminhado à CPMI dos atos de 8 de janeiro, no Congresso Nacional. O documento aponta falha do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável pela segurança da Presidência da República no Palácio do Planalto, que não acionou as tropas antecipadamente como determinava o protocolo estabelecido.
Na entrevista, o diretor da PF foi questionado sobre os alertas para a necessidade de reforço da segurança no Palácio do Planalto. Em resposta, disse que teve a “felicidade de documentar isso na véspera do episódio” em relatório enviado ao ministro da Justiça, Flávio Dino. “Eu e o ministro Flávio Dino adotamos todas as medidas que estavam ao nosso alcance. Estive no dia 7 de janeiro na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal e disse abertamente que as pessoas que estavam no acampamento eram criminosas e não podiam sair de lá, porque iriam depredar o Congresso, Planalto e STF [Supremo Tribunal Federal]”, disse o delegado.
Delegado atribui falha no sistema de segurança à Polícia Militar
O diretor da PF, delegado Andrei disse ainda que a falha no sistema de segurança era óbvia e a atribuiu à Polícia Militar. “Os criminosos saíram do acampamento escoltados pela PM. E aquelas barreiras de plástico, dois PMs com sprayzinho de pimenta… Ou seja, aquilo ali para mim mostrou que deliberadamente havia o interesse que o caos fosse instaurado e acontecesse o que aconteceu”, disse.
Durante a entrevista, o delegado Andrei, no entanto, não mencionou que poucos agentes do GSI e funcionários foram vistos circulando pelo Palácio do Planalto durante os atos. Após a identificação do ex-ministro do GSI, Marco Edson Gonçalves Dias nas imagens de segurança do prédio, foi possível ver ainda que os poucos agentes não esboçaram tentativas de reprimir ou de prender os manifestantes.
Andrei admitiu ainda que todos sabiam o que ia acontecer. “Quem deveria conter esse grupo de criminosos é a PM. Não havia nenhuma razão técnica para que não funcionasse no dia 8, porque todos sabíamos o que ia acontecer. O que se viu foi falha generalizada, mas principalmente pela ausência de uma operação consistente de uma instituição que é uma das melhores polícias do Brasil. A PM tem expertise e profissionais de altíssimo nível. Mas, naquele dia, por desleixo ou com propósito que de fato acontecesse o caos, deixou de operar como deveria”, pontuou o delegado.