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O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, atacou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmando que ele trocou a direção da corporação cinco vezes, o que teria gerado um “processo danoso”. O presidente da República tem a prerrogativa constitucional de escolher o diretor do órgão.
Rodrigues sinalizou que Bolsonaro fazia uma ingerência na Polícia Federal com as sucessivas trocas, na comparação com o que ocorre agora sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele está na corporação desde o início deste terceiro mandato do petista, agindo com “autonomia”.
“Sofreu, num passado recente, um processo muito danoso de sucessivas trocas de diretores-gerais, de afastamento de policiais que incomodavam um determinado segmento, e isso não faz bem. Viola os nossos valores institucionais”, disse Rodrigues em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda (27), sem citar diretamente o ex-presidente, mas respondendo a uma pergunta sobre ele.
Em outro momento, ele questionou os jornalistas sobre como seria a gestão de um veículo de comunicação que tivesse tantas trocas de diretoria como ocorreu no governo anterior – sinalizando uma grande instabilidade.
Andrei Passos Rodrigues diz que assumiu a direção da Polícia Federal com “autonomia” dada pelo então ministro Flávio Dino, que comandava a pasta da Justiça e Segurança Pública, que foi mantida pelo sucessor Ricardo Lewandowski e “substancialmente pelo presidente Lula”.
Afirmou, ainda, que ele próprio escolheu os 14 diretores dos setores internos da PF e os 27 superintendentes regionais sem “perguntar a ninguém se apoia, se votou em algum candidato, se gosta de A ou de B”. “Olhei o currículo de cada um, o histórico e a confiança”, emendou negando pouco depois qualquer tipo de relação direta com Lula para influenciar nas investigações.
“De maneira alguma [converso com Lula a respeito de investigações sobre Bolsonaro]. As investigações da polícia são muito próprias e afetas ao sistema de Justiça Criminal. [...] Tenho um acordo com o ministro Lewandowski que sempre que há alguma operação sensível, alguma informação delicada, eu, no dia da operação, quando já está em andamento, obviamente eu o comunico para que ele não fique sabendo por intermédio de vocês [da imprensa]”, ressaltou.
O diretor-geral da Polícia Federal pontuou que trata com Lewandowski apenas questões administrativas da corporação, por ser subordinada à pasta.