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Um documento revelado pelo Exército aos membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro fez aumentar a pressão para que o general Marco Gonçalves Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), deponha no colegiado.
Na semana passada, o Exército informou à CPMI que suas tropas presentes no dia 8 de janeiro não foram mobilizadas de forma antecipada pelo GSI, conforme determina o protocolo estabelecido. GDias, como é conhecido, já foi convocado para a CPMI, mas uma data para a oitiva ainda não foi definida.
Diante das novas revelações, o senador Sérgio Moro apresentou à CPMI um requerimento extra para ouvir o ex-ministro do GSI, por considerá-lo peça-chave para esclarecer o que ocorreu e os procedimentos adotados em relação à depredação do Palácio do Planalto.
O senador argumentou que, conforme divulgado pela imprensa e reconhecido pelo próprio ex-chefe do GSI em depoimento à CPI da Câmara Distrital, o general ordenou à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a retirada de 11 alertas de inteligência feitos desde 6 de janeiro que estavam registrados nos relatórios enviados ao Congresso (à Comissão Mista de Inteligência), depois compartilhados com a CPMI.
Além disso, Moro considera insuficientes as explicações sobre as imagens vazadas das câmeras do palácio que mostram Dias sem reação entre os invasores, com atitude até colaborativa. “A necessidade de colher o depoimento dele é indiscutível”, disse.
Depois de ter sido excluído pelos governistas da lista inicial de testemunhas, Dias foi incluído posteriormente, mediante acordo, após repercussão negativa e uma impressão de "confissão de culpa" pelo fato de os governistas da CPMI terem rejeitado a convocação dele e outros nomes sugeridos pela oposição.
Conforme o plano de trabalho da relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), GDias deverá ser um dos últimos a serem ouvidos na CPMI. "Enquanto isso, policial que se feriu para impedir invasões segue preso e o general que serviu água aos invasores está solto", protestou o deputado André Fernandes (PL-CE).
O governo negou pelo menos oito pedidos de acesso às imagens do circuito interno do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro. Depois do vazamento delas pela imprensa, o governo retirou o sigilo, pressionou pela saída do ministro Gonçalves Dias, que ocorreu no mesmo dia, 19 de abril, e até passou a apoiar a criação da CPMI.
“Essas imagens foram censuradas pelo presidente Lula, num sinal claro de que a verdade estava sendo escondida do povo”, disse o deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP).