Os atos a favor e contrários ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) que transcorreram em diferentes cidades do país no domingo (7) foram marcados pela presença maior dos opositores do chefe do Executivo e pela ocorrência diminuta de incidentes entre policiais e manifestantes, e também entre os integrantes das diferentes correntes políticas.
Em São Paulo, por exemplo, os conflitos se deram apenas na dispersão do ato dos adversários do governo, que ocorreu no Largo da Batata, na Zona Oeste da capital paulista. Segundo a Polícia Militar, manifestantes foram repreendidos após depredar uma agência bancária. Em Belém e no Rio de Janeiro, policiais identificaram pessoas que estariam portando armas brancas e, por isso, foram removidas dos locais de protesto. Já em Goiânia, os protestantes atearam fogo em um boneco com uma caricatura de Bolsonaro, mas o incidente não afetou o caráter pacífico do ato.
O temor por confrontos havia se instalado após as ocorrências dos últimos dias, quando, em São Paulo, houve brigas entre apoiadores de Bolsonaro, adversários do presidente e a Polícia, e em Curitiba foram registrados conflitos entre manifestantes e as forças de segurança, após eventos de vandalismo.
Mas apelos de lideranças dos dois lados contribuíram para que os atos tivessem adesão diminuída. Da parte da oposição, nomes como os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Eliziane Gama (Cidadania-MA), Weverton Rocha (PDT-MA), Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB), Otto Alencar (PSD-BA) e Jaques Wagner (PT-BA) divulgaram na sexta-feira (5) uma carta pedindo que seus partidários não fossem às ruas, em virtude da pandemia do coronavírus. E o presidente Jair Bolsonaro disse em mais de uma ocasião que desejava que seus apoiadores permanecessem em casa no domingo.
Antirracismo
As manifestações contrárias ao governo tiveram na pauta antirracista uma das principais bandeiras. Os participantes dos atos recordaram crimes como a morte do americano George Floyd e a das crianças brasileiras João Pedro, Agatha e Miguel. A morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), ocorrida em 2018, também foi citada.
No Rio de Janeiro, os atos destacaram a violência policial ocorrida nas regiões pobres da cidade. Os manfiestantes deitaram no chão, para representar as vítimas das ocorrências. Cânticos contra o presidente foram entoados, como "doutor, eu não me engano, o Bolsonaro é miliciano". A música foi também cantada em Brasília.
A mobilização em São Paulo teve a presença da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e de seu colega de partido Guilherme Boulos, que concorreu à Presidência em 2018. O músico Mano Brown, da banda Racionais MC's, também integrou a mobilização.
Bolsonaristas
A participação menor dos apoiadores do presidente fez com que o tráfego na Avenida Paulista, em São Paulo, não precisasse ser alterado. Eles se posicionaram na calçada da via, em frente ao prédio da Fiesp. Portavam faixas e cartazes críticos ao governador paulista, João Doria (PSDB), e de defesa à uma intervenção militar.
Em Brasília, os bolsonaristas repetiram o trajeto dos domingos anteriores, com a marcha na Esplanada dos Ministérios até a Praça dos Três Poderes.
Dessa vez, entretanto, não tiveram a participação de Bolsonaro. O presidente permaneceu no Palácio da Alvorada, onde pela manhã recebeu o deputado Arthur Lira (PP-AL). À tarde, Bolsonaro falou com apoiadores que estavam no local. Disse a eles que o Brasil deve registrar 18 milhões de desempregados nos próximos meses, e que a culpa do problema seria exclusiva dos governadores, que não estariam dispostos a reabrir as atividades econômicas.
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