O segundo debate das prévias do PSDB, realizado nesta sexta-feira (12) pelo grupo Estadão, reforçou como está acirrada a campanha interna do partido entre os três pré-candidatos tucanos à Presidência: João Doria, governador de São Paulo; Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul; e Arthur Virgílio, ex-senador e ex-prefeito de Manaus. Em diversos momentos houve troca de farpas entre eles, sendo o mais tenso a discussão sobre o alinhamento da bancada tucana na Câmara com o governo de Jair Bolsonaro na votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos Precatórios.
Virgílio e Doria pressionaram Leite porque os deputados tucanos aliados do gaúcho votaram a favor da PEC dos Precatórios. A proposta havia sido criticada pelos três pré-candidatos por permitir a expansão do teto de gastos em 2022.
“Não deixe que lhe preguem na face a fama de bolsonarista, isso não é justo com você”, disse Virgílio ao governador gaúcho. Já Doria salientou que, sob seu comando, a bancada paulista tucana votou contra a PEC.
Leite reagiu às declarações dizendo que não tem controle sobre os deputados do PSDB, nem mesmo os que apoiam sua campanha. “Isso mostra como somos diferentes. Eu não acho que comande deputados, mas sim que os convença com argumentos”, provocou, acrescentando que sua liderança está dentro do Rio Grande do Sul.
Doria rebateu, dizendo que Leite precisa "melhorar seus argumentos", pois os deputados tucanos que o apoiam votaram a favor do governo Bolsonaro em várias ocasiões.
Durante intervalo do debate, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, disse que o alinhamento da bancada tucana à PEC dos Precatórios e outros projetos do governo Bolsonaro "fragiliza" o partido, segundo informou o Estadão. "Todos os partidos perderam controle na relação direta com as bancadas. Todos os presidentes de partidos perderam a disputa para a RP9", disse, referindo-se ao nome técnico das emendas do relator.
Leite provoca Doria sobre rejeição e "constrangimentos" dentro do PSDB
O pré-candidato gaúcho aproveitou o enfrentamento para dizer que o partido deveria focar na capacidade eleitoral de cada um deles. “O PSDB tem que falar de capacidade eleitoral para se viabilizar para as eleições de 2022 e não de capacidade de gestão, que aqui todos têm”, afirmou, para depois citar que o adversário João Doria tem uma rejeição muito alta entre o eleitorado brasileiro – o que, segundo ele, dificultaria a viabilização da candidatura do partido.
Eduardo Leito voltou a provocar o paulista quando perguntou a Doria sobre um "boato" a respeito de tucanos paulistas que estariam sendo constrangidos para votação nas prévias. Leite provavelmente se referia ao secretário municipal de Habitação, Orlando Faria, que foi exonerado do cargo nesta semana após declarar apoio a candidatura do gaúcho. Em entrevistas, Faria disse que saiu por pressão do entorno de Doria – o que o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), nega. Doria evitou comentar o assunto.
A campanha das prévias do PSDB tem sido marcada por um clima de guerra, com acusações mútuas entre aliados de Doria e Leite sobre inscrições irregulares de eleitores, “cortina de fumaça” e busca da vitória “no tapetão”.
Projetos para o futuro
No campo das ideias, os três pré-candidatos tucanos defenderam a responsabilidade fiscal, desestatização do Estado e responsabilidade social. Arthur Virgílio voltou a defender o tripé macroeconômico, instaurado no Brasil durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB): câmbio flutuante, meta de inflação e meta fiscal. Segundo ele, o ajuste fiscal é o primeiro passo que o governo federal precisa dar para resolver o problema do desemprego.
Ainda falando de economia, Virgílio criticou o ministro Paulo Guedes, dizendo que o atual governo faz um "ataque sistemático ao Plano Real". "Me decepcionei muito com o Guedes; não o admiro mais", disse. O amazonense também afirmou que, em seu governo, não haverá emendas de relator. "Isso é coisa do passado", afirmou. Outra pauta sempre presente no discurso do candidato é a proteção da Amazônia. "Se explorarmos a biodiversidade da Amazônia, teremos um país trilionário sem derrubar árvores."
O governador de São Paulo, por sua vez, salientou a necessidade de privatizações para a retomada do crescimento do país e disse que, ao lado da geração de empregos, a educação será prioridade em sua agenda de governo, caso seja eleito. "Hoje, temos 2.030 escolas de tempo integral em São Paulo. Saímos de 100 mil para mais de 1 milhão de alunos [no ensino integral]", disse Doria, para exemplificar uma de suas ações na área da educação como governador de São Paulo.
Falando de saúde e pandemia, Leite disse que o governo federal precisa fortalecer a pesquisa no país, que segundo ele, "sofre um apagão no atual governo". O governador gaúcho afirmou também ser necessário o fortalecimento das vigilâncias de saúde nos municípios, inclusive do ponto de vista tecnológico, com integração das informações e dados confiáveis. "O que a gente mais sentiu falta no início da pandemia eram dados confiáveis que nos permitissem identificar na hora um surto ou onde está aumentando o número de casos", disse.
Como funcionam as prévias do PSDB
A votação das prévias do PSDB para definir seu candidato à Presidência ocorrerá em 21 de novembro. Até o início do debate desta sexta-feira (12), mais de 30 mil filiados estavam cadastrados para participar da eleição – o que representa pouco mais de 2% do 1,3 milhão dos filiados ao PSDB, segundo os registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ao comentar a baixa adesão, Virgílio disse que o processo das prévias precisa ser aprimorado, mas que, quando comparado com outros partidos, há muito mais filiados envolvidos na escolha.
Quem está na disputa? Três concorrentes: os governadores de São Paulo, João Doria; e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; e o ex-senador e ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto.
Qual é o dia da votação? 21 de novembro. Se houver segundo turno, ocorrerá em 28 de novembro.
Quem pode votar? Podem votar as pessoas que se filiaram ao partido até 31 de maio de 2021. De acordo com o presidente do partido, há 1,3 milhão de filiados habilitados a participar.
Como será a votação? O PSDB nacional vai disponibilizar um aplicativo de votação, no qual o filiado terá que se cadastrar – entre os dias 14 de outubro e 14 de novembro – para poder votar. Também haverá votação presencial em Brasília para detentores de cargos eletivos e presidente e ex-presidentes da executiva do partido.
Como serão contados os votos? Haverá quatro grupos de votantes, todos com peso de 25% do total dos votos válidos. Esses grupos são: filiados; prefeitos e vice-prefeitos; vereadores e deputados estaduais (deputados representam 50% e vereadores outros 50%); e o último grupo é formado por governadores, vice-governadores, ex-presidentes e o atual presidente da Comissão Executiva Nacional do PSDB, senadores e deputados federais. Vence a eleição o candidato que alcançar a maioria absoluta. Caso isso não ocorra, haverá segundo turno.
Haverá mais debates? Sim. O último debate está marcado para a próxima quinta-feira (17), com transmissão pela CNN Brasil.
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