O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que é contra a manifestação pró-Bolsonaro marcada para este domingo (26) por apoiadores do presidente. Na opinião de Doria, as manifestações são inoportunas e desnecessárias nesse momento, uma vez que o Brasil acabou de realizar eleições.
"O povo já foi à rua, já manifestou as suas posições. Consideramos como algo inútil, inadequado, e estabelecendo o potencial de confronto que não é o momento", disse.
Os atos carregam um conteúdo de protesto contra parlamentares do chamado centrão (grupo informal com cerca de 200 deputados de partidos como PP, DEM, PRB, MDB e Solidariedade) e também contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
A declaração do governador paulista foi feita em entrevista à imprensa neste sábado (25) durante o encontro do Cosud (Consórcio de Integração Sul e Sudeste), fórum que reúne governadores do Sul e do Sudeste.
Ele afirmou que o Brasil precisa de paz e equilíbrio para que possa existir um bom entendimento entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. "Com paz, ter o foco na reforma da Previdência, que é fundamental para o país, e, na sequência, nas demais reformas", disse Doria.
Anfitrião do encontro, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), também considerou as manifestações como inoportunas e que eventos do tipo devem ter sua legitimidade respeitada quando ocorrem de forma espontânea, convocados pela população.
"Estimular oficialmente não é adequado. O Brasil passou pelo processo eleitoral, há uma definição, buscamos a convergência de uma agenda que ajude o país a recuperar estabilidade, estimule investidores e, consequentemente, a melhoria da qualidade de vida da população", disse o gaúcho.
Durante a semana, o presidente nacional do PSL, partido de Bolsonaro, também disse não ver sentido no protesto. Segundo Luciano Bivar, a legenda não apoiará o ato institucionalmente, mas a bancada está liberada para participar.
Com movimentos de direita rachados, grupos que organizam as manifestações passaram a adaptar o discurso para excluir motes radicais e tentar ampliar a adesão de apoiadores do governo.
As convocações falam em demonstrar apoio à reforma da Previdência e ao pacote anticrime do ministro Sergio Moro, pedir a continuidade da Operação Lava Jato e defender a obrigação do voto nominal como estratégia para constranger parlamentares em projetos polêmicos.