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A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse nesta quarta-feira (17) que o governo federal terá que aumentar a produção da vacina contra a dengue para expandir as faixas etárias que receberão o imunizante. Atualmente o ministério tem 5 milhões de doses, o permitiria a imunização 2,5 milhões de pessoas —ou 1,1% da população.
A quantidade de imunizantes não cobre todas as pessoas na faixa etária priorizada, de 6 a 16 anos, que somam 30,5 milhões no país, conforme aferição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo Trindade, além da idade, será levado em conta o município onde vive a pessoa. "Ainda não está fechado como vai ser a vacinação. Depende da faixa etária, mas também do estado ou município mais afetado. Nós vamos estar olhando faixa etária, disponibilidade de vacinas, porque são precisas 10 milhões de doses mais ou menos para vacinar essa população", disse a jornalistas brasileiros em Davos.
Para agilizar a imunização, a ministra informou que o país contará com doses doadas, mas evitou definir números ou prazos. E ainda reforçou a necessidade das pessoas reforçarem as medidas de segurança para evitar água parada, local onde o mosquito Aedes Aegypt se prolifera.
"Vacina é um instrumento importantíssimo, mas não é único. Estamos recomendando as estratégias de controle. Já identificamos que 75% da transmissão da doença ocorre dentro das casas ou no entorno das casas, então o controle dos vetores é importantíssimo", disse Trindade.
“Problema negligenciado"
O ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga criticou o anúncio da atual ministra da Saúde sobre a prioridade em vacinar crianças e adolescentes, “quando a vacina poderia ser aplicada desde 4 até 60 anos”.
Segundo Queiroga, o governo de Lula está ignorando “a maior epidemia de dengue nos últimos anos com números elevados de casos também em 2024”. E ele ainda lembrou que “em 2023, a cada dia cerca de 3 brasileiros, em média, morreram de dengue no país”.
“O Ministério da Saúde bate cabeça, em uma mistura de negligencia e irresponsabilidade, deixando milhões de brasileiros sem vacina”, escreveu Queiroga pela rede X.
O ex-ministro também recordou que “as vacinas da dengue foram aprovadas pela Anvisa no Brasil, desde março de 2023”. “Foram esnobadas pelo governo federal. Optou-se por aguardar uma vacina nacional, ainda sem previsão de registro no país. Ou seja, negligenciou-se um problema que já se apresentava grave”, completou.