A editora-executiva do jornal O Estado de São Paulo (Estadão) em Brasília (DF), Andreza Matais, foi alvo de ataque hacker logo após divulgar uma reportagem em que o jornal revelou que o presidente Lula (PT) teria pressionado pela liberação de um empréstimo bilionário à Argentina com o objetivo de barrar o avanço da candidatura presidencial do libertário Javier Milei.
Nesta quarta-feira (4), a jornalista teve a sua conta no Portal do Governo (Gov.BR) invadida por cibercriminosos que trocaram a senha de acesso e exigiram dinheiro para não divulgar dados do Imposto de Renda de Andreza.
Antes da invasão, a jornalista foi atacada nas redes sociais por publicar a reportagem do Estadão intitulada “Lula atuou em operação para banco emprestar US$ 1 bilhão à Argentina e barrar avanço de Milei”.
A reportagem foi produzida pela jornalista Vera Rosa, que integra a equipe coordenada por Andreza. Após os ataques, a editora apagou o seu perfil na rede social X, antigo Twitter.
O governo negou que Lula tenha pressionado pelo empréstimo e disse que o dinheiro enviado à Argentina foi “ajuda” por conta da escassez de reservas.
De acordo com a apuração do Estadão, Lula teria pressionado a ministra do Planejamento, Simone Tebet, a liberar o empréstimo via Banco de Desenvolvimento da América (CAF), mesmo com o país vizinho sem crédito.
Tebet negou a interferência de Lula na liberação do empréstimo, mas não negou a suposta atuação do Planalto para interferir nas eleições da Argentina.
Quem também saiu em defesa do governo nas redes sociais foi o assessor da Presidência, George Marques, que associou “setores da grande imprensa” à “extrema-direita” e ao chamado “gabinete do ódio”.
Marques ainda classificou a reportagem como “fake news” e reforçou a versão de que o empréstimo se deu de forma técnica, mas evitou citar a suposta interferência eleitoral na Argentina.
Em resposta aos ataques do assessor da Presidência, Andreza comentou uma de suas publicações apenas com o número “11.306,90” em referência ao valor do salário recebido por Marques.
Apesar de o salário do assessor estar aberto para consulta pública no Portal da Transparência, militantes petistas interpretaram a publicação de Andreza como uma provocação e aumentaram os ataques contra a jornalista.
ANJ cobra investigação imediata do ataque hacker contra a jornalista
Em nota divulgada nesta quinta-feira (5), a Associação Nacional de Jornais (ANJ) exigiu a apuração do caso e a responsabilização dos invasores. Veja a nota na íntegra:
"A Associação Nacional de Jornais (ANJ) espera a imediata apuração da invasão da conta pessoal da jornalista Andreza Matais, diretora da Sucursal de O Estado de S.Paulo em Brasília, no site governamental gov.br. A conta foi invadida e a jornalista, ameaçada de ter seus dados pessoais revelados depois de notícias produzidas pela sucursal sobre o governo federal e que geraram uma série de ataques contra a profissional e o jornal.
Além de exigir a investigação e responsabilização dos invasores, a ANJ repudia veementemente a tática extremista, independentemente do viés ideológico, de ofender e tentar desqualificar e intimidar via redes sociais jornalistas profissionais, em particular mulheres".
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