Em entrevista ao programa Assunto Capital, Eduardo Bolsonaro disse que indiciamente de Jair Bolsonaro pelas joias é perseguição política| Foto: Gazeta do Povo
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Ao comentar o inquérito concluído pela Polícia Federal e que resultou no indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no caso das joias sauditas, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou se tratar de perseguição política levada a cabo pelo ministro do STF Alexandre de Moraes e pela Polícia Federal. "Esperar serenidade e bom-senso dessa Polícia Federal, que são as cadelas do Alexandre de Moraes, não dá mais”, disse Eduardo no Programa Assunto Capital.

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O deputado ainda afirmou que fará uma petição para que Mohammed bin Salman, o príncipe herdeiro e atual primeiro-ministro da Arábia Saudita, peça de volta os presentes – joias, relógios e esculturas – que ofertou a Jair Bolsonaro e que são alvo do inquérito da Polícia Federal.

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“Eu tenho certeza de que ele [Bin Salman] nem sabe que isso tudo está acontecendo. Ele quis fazer um aceno, um agrado para o presidente da República do Brasil, Jair Bolsonaro, e isso está tentando se transformar em uma narrativa esdrúxula, eu sei, mas estão tentando transformar isso em um caso de corrupção. Então, se possível, eu gostaria que o Mohammed bin Salman pedisse de volta esses presentes, e eu estou para oficiar a embaixada da Arábia Saudita sobre esse caso”, afirmou o deputado à Gazeta do Povo.

Eduardo destacou que o pai já devolveu todos os presentes pessoais que recebeu. Segundo o deputado, Bolsonaro teria dito que não precisa de presente nenhum para viver e ainda ressaltou que não quer “uma vida luxuosa”. “Ele tá muito bem com um G-Shock [relógio] dele no braço, que todo o Brasil sabe que ele usa”, afirmou sobre o ex-presidente.

Por outro lado, o deputado expôs o que considera uma incoerência do tratamento dado a seu pai e a outros mandatários em relação a presentes recebido. Por decisão do TCU, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve em seu acervo pessoal um relógio de alto valor que ganhou do ex-presidente francês Jacques Chirac nas comemorações dos 200 anos das relações entre Brasil e França, em 2005.

Trata-se de um relógio Cartier Santos Dumont feito de ouro branco 18 quilates e prata 750, e que tem uma coroa arrematada com uma safira azul. Eduardo Bolsonaro citou o questionamento que o deputado Rodrigo Valadares fez à Procuradoria-Geral da República (PGR), perguntando por que Bolsonaro está sendo investigado por um relógio de luxo que recebeu de outro chefe de Estado, já que o procedimento com o petista foi diverso.

Em sua decisão, o TCU afirmou que itens de alto valor, mesmo sendo presentes personalíssimos, devem ser devolvidos à União. No caso específico do relógio ofertado a Lula, o Tribunal, no entanto, não recomendou a devolução, pois afirmou que esse entendimento não poderia ser utilizado de forma retroativa e prejudicar o atual presidente.

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Eduardo afirmou que a mesma lógica se aplicaria ao pai. Segundo o deputado,  nunca houve má-fé por parte de Bolsonaro no tratamento dado às joias e aos relógios. Ele comentou que os itens foram classificados pelo órgão responsável, nesse caso a Diretoria de Documentação Histórica da República (DDH/PR), como personalíssimos e que, portanto, o então presidente poderia dispor deles da maneira que quisesse. Outros ex-mandatários como Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff e o próprio Lula agiram dessa forma.

Diante da disparidade do tratamento conferido a seu pai e a Lula e outros ex-presidentes, Eduardo Bolsonaro afirmou que o inquérito e o indiciamento de Bolsonaro são frutos de perseguição política. “Tem um mar de argumentos jurídicos que estão sendo desconsiderados para fazer essa perseguição política”.

A tentativa de venda dos presentes que o príncipe da Arábia Saudita ofereceu à Bolsonaro é o ponto principal do inquérito da Polícia Federal que indicia o ex-presidente pelos crimes de associação criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. De acordo com a PF, o ex-mandatário teria tentado vender as joias que recebeu de presente durante o mandato para enriquecer de forma ilícita, já que as peças pertenceriam à União.