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Eduardo Bolsonaro
O deputado Eduardo Bolsonaro é um crítico do STF e diz que há perseguição política no país contra seu pai.| Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou em entrevista ao jornalista norte-americano Tucker Carlson, nesta quinta (29), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e afirmou que há no Brasil uma perseguição aos apoiadores de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O cenário, na opinião dele, é comparável ao de uma ditadura.

Tucker Carlson é um jornalista e comentarista norte-americano que apresentou um programa de linha editorial de direita na Fox News entre 2016 e 2023. Ao sair da emissora no ano passado criou seu próprio canal, chamado Tucker Carlson Network. Ele ficou conhecido por ser um apoiador do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump.

Na entrevista, Eduardo Bolsonaro afirmou que o Brasil vive uma espécie de ditadura com perseguição a pessoas críticas ao ex-presidente em um movimento para pressionar o conservadorismo no país. Isso, diz, se deu principalmente após os atos de 8 de janeiro, em Brasília.

O deputado afirmou que a manifestação foi um legítimo ato de apoio a Bolsonaro que acabou pendendo para atos de vandalismo – que ele critica – mas que, a partir de então, se passou a ter uma perseguição aos apoiadores de seu pai. Eduardo diz que ele próprio pode vir a ser um alvo no futuro.

“Essa é, de fato, a desculpa que usaram para ir atrás de todo conservador. E a coisa mais engraçada é que eles dizem que houve uma tentativa de golpe. Mas, em janeiro, num domingo mesmo, nenhuma arma foi realmente apreendida, não houve apoio da polícia ou das Forças Armadas. Então, na verdade, foi um protesto que foi longe demais, não concordo com pessoas quebrando portas do Congresso ou Supremo Tribunal, seja lá o que for”, disse (veja na íntegra em português).

Eduardo Bolsonaro criticou as penas que estão sendo impostas aos participantes dos atos – de até 17 anos de prisão. Carlson o questionou se as eleições foram fraudadas, e o deputado preferiu conter as críticas afirmando que precisa cuidar das palavras, e criticou pouco depois a não aprovação da votação manual em vez das urnas eletrônicas.

Em seu site, o TSE afirma que a Justiça Eleitoral utiliza o que há de mais moderno em termos de segurança da informação. "A urna tem mais de 30 barreiras digitais a serem vencidas para se conseguir efetuar qualquer alteração. Esses mecanismos são postos à prova durante os Testes Públicos de Segurança (TPS). Durante as cinco edições do teste, os sistemas sempre se mostraram seguros e foram aprimorados com ajuda da comunidade técnica", diz o órgão eleitoral.

Eduardo também citou a prisão de Daniel Silveira por ter gravado um vídeo criticando o STF e afirmou que “as coisas estão piorando”. Carlson se disse impressionado com a prisão de pessoas que criticam o Judiciário.

“Estou impressionado com alguém criticando o governo e indo para a prisão. Obviamente não é um país livre apenas com base nisso. Mas, eu disse que era muito óbvio que, da nossa perspectiva dos Estados Unidos, que sua eleição foi manipulada com a ajuda da CIA [a agência de inteligência dos EUA]”, disparou Tucker sendo emendado por Bolsonaro, dizendo que houve ajuda do governo americano para ajudar a “garantir a democracia no Brasil”. O jornalista americano é um crítico do governo do presidente Joe Biden.

Eduardo Bolsonaro citou exemplos de jornalistas que precisaram sair do Brasil para não serem alvos do Judiciário por críticas ao governo, como Alan dos Santos, Rodrigo Constantino e Paulo Figueiredo.

“Imagine você, Tucker, tendo o melhor momento da sua carreira na Fox News, e o ministro da Suprema Corte diz: ‘você não pode dizer que Lula foi condenado, que ele tem conexão com [Nicolás] Maduro e Daniel Ortega [presidentes da Venezuela e Nicarágua, respectivamente], não pode afirmar que tem ligações com o PCC’. Aconteceu, você pode fazer uma pesquisa no Google que vai ver isso”, disse ao jornalista, que se mostrou surpreso.

Ele ainda disparou que o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, conversou com 11 líderes parlamentares para não aprovarem, em 2021, as emendas que propuseram a volta do voto impresso. “Por que alguém trabalha para não ter mais transparência na eleição? Não posso acusar que as eleições foram fraudadas, mas eles também não podem provar que não foram”, completou.

Ele ainda afirmou que seu pai se tornou inelegível em tempo recorde logo após Lula assumir o cargo, e que acha difícil que a decisão seja revista, embora esteja recorrendo. Ele classificou a reunião de Bolsonaro com embaixadores para questionar o sistema eleitoral, que o levou à inelegibilidade, como normal.

“A esquerda ou o establishment controla o STF, e quem poderia exercer os freios e contrapesos e impedir que o Supremo fizesse isso é o Senado. Mas, de fato, não tomam absolutamente nenhum tipo de ação contra isso. Eles têm o mesmo discurso dos ministros da Suprema Corte. No final, os brasileiros perdem a esperança de recuperar a democracia”, afirmou.

A Gazeta do Povo entrou em contato com o STF, com o TSE e com o Senado para pedir respostas sobre as falas de Eduardo Bolsonaro a Tucker Carlson e aguarda retorno.

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