O governador Eduardo Leite (RS) e o deputado federal Aécio Neves (MG) confirmaram, neste final de semana, que não devem disputar a sucessão da presidência do PSDB, hoje sob o comando do gaúcho.
Leite foi eleito presidente do partido no final do ano passado com a missão de reconstruir a legenda após o baixo desempenho nas eleições de 2022, em que viu a participação principalmente no Congresso desidratar na comparação com mandatos anteriores.
O gaúcho disse, na época, que conseguiria conciliar o cargo de governador do Rio Grande do Sul e a reconstrução do partido. Mas, após oito meses à frente do tucanato, decidiu não tentar a reeleição.
“Eu entendo que é melhor para o partido ter alguém que possa ter mais tempo para se dedicar. Têm eleições municipais, têm questões vinculadas às candidaturas... são questões para as quais eu não tenho essa disponibilidade. Eu recebi a confiança de milhões de gaúchos para governar o Estado. Não posso e não deixarei o Estado desatendido para a questão partidária, embora ela seja importante”, disse em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo publicada neste sábado (21).
Eduardo Leite diz que o PSDB perdeu espaço na política brasileira a partir do momento em que deixou de polarizar com o PT, após a ascensão de Jair Bolsonaro (PL). Isso, diz, gerou “uma certa esquizofrenia, uma certa confusão” no tucanato, em que a legenda “não soube lidar muito bem com essa situação”.
Ele ainda citou que o PSDB também foi fortemente atingido pelas investigações da operação Lava Jato além do PT, principalmente Aécio Neves que foi absolvido. Esse envolvimento no escândalo também afetou as bases do partido.
Pouco depois da publicação da entrevista, Aécio respondeu e disse que também não tem interesse em disputar a presidência do partido. E disse esperar que Leite abra um debate para decidir quem pode sucedê-lo no comando dos tucanos.
“O melhor seria que ele [Leite] pudesse continuar à frente do partido. Mas reconheço as suas limitações, e se for essa a sua decisão, temos que respeitar. Certamente ele vai conduzir um amplo debate interno para ver quem tem o melhor perfil para conduzir o partido”, afirmou à Folha de São Paulo.
Leite e Aécio indicaram que o ex-governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, pode ser um dos nomes para a disputa do comando do partido. O político, no entanto, foi eleito presidente estadual do partido neste sábado (21).
Já o deputado mineiro vê, ainda, que a governadora pernambucana Raquel Lyra também poderia ser candidata ao cargo – embora esbarre na mesma limitação de Leite, de dividir o governo de um estado com o mandato do partido.
O gaúcho sugeriu, ainda, o ex-governador e ex-senador do Ceará, Tasso Jereissati, e o atual governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel.
Em meados de agosto, o PSDB divulgou uma carta se posicionando contra o governo de Lula, fazendo o que chama de “oposição consequente”, mas que vai analisar cada proposta pedida pela presidência. E afirmou, ainda, que vai apresentar “propostas em 2026 para que a população brasileira tenha alternativa, não tenha de escolher entre o pior e o menos pior”.
O PSDB saiu menor nas eleições de 2022 na comparação com pleitos passados e registrou o pior desempenho em resultados eleitorais em 34 anos de história. Não elegeu nenhum senador ou governador em primeiro turno e viu as bancadas federais e estaduais diminuírem.
O baixo desempenho na eleição do ano passado fez o PSDB se tornar mais dependente da federação que formou com o Cidadania para cumprir a cláusula de barreira a partir do pleito de 2026, que será mais rígida. Os partidos elegeram juntos 18 deputados federais, sendo 13 tucanos – uma diminuição de 19 parlamentares na comparação com 2018.
Sem novos senadores eleitos, a bancada tucana no Senado Federal também registrou queda, de seis para quatro senadores. Nem mesmo figuras históricas do PSDB, como o ex-governador de São Paulo José Serra, o ex-governador de Goiás, Marconi Perillo, e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, conseguiram se eleger em 2022.
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