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Corrupção

Eduardo Paes recebeu R$ 10,8 milhões em propinas via caixa 2, acusa Promotoria

(Foto: J.P. Engelbrecht/Prefeitura do Rio de Janeiro)

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O ex-prefeito carioca Eduardo Paes (DEM) recebeu cerca de R$ 10,8 milhões em propinas de executivos da empreiteira Odebrecht entre junho e setembro de 2012, segundo o Ministério Público Eleitoral do Rio. De acordo com a Promotoria, os valores tinham como intuito custear a campanha de reeleição do político e chegaram até ele por meio de dois operadores, que receberam 18 entregas de dinheiro efetuadas por uma transportadora de valores registradas com recibos e guias.

De acordo o Ministério Público Eleitoral do Rio, os valores tinham como intuito custear a campanha de reeleição de Paes em 2012 e foram entregues a sócios de agência de publicidade

Os responsáveis pela arrecadação das vantagens indevidas, por sua vez, teriam sido indicados pelo deputado federal Pedro Paulo (DEM-RJ), à época coordenador da campanha de Paes. Apontado pelo MPE como "gerente" das propinas, ele também especificado a forma como seriam destinados os valores.

O esquema de caixa 2 que supostamente beneficiou Paes foi detalhado em denúncia apresentada pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc) no dia 18 de agosto. Na manhã desta terça (8), o Ministério Público do Rio informou que o ex-prefeito e outras quatro pessoas foram colocadas no banco dos réus pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral. A acusação também atinge Pedro Paulo e os empresários Benedicto Barbosa da Silva Junior, Leandro Andrade Azevedo, Renato Barbosa Rodrigues Pereira e Eduardo Bandeira Villela.

No mesmo despacho em que acolheu a acusação da Promotoria, o juiz Flávio Itabaiana Nicolau, da 204.ª Zona Eleitoral do Estado, autorizou o cumprimento de mandado de busca e apreensão contra Paes. A ordem foi cumprida na manhã desta terça, 8, na casa do ex-prefeito em São Conrado, zona sul do Rio. Em meio à impopularidade do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), Paes é o líder das pesquisas de intenção de voto para a eleição deste ano na capital fluminense.

A denúncia acolhida por Nicolau - mesmo juiz do caso das rachadinhas envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) - é resultado do desmembramento de um inquérito instaurado em abril de 2017 perante o Supremo Tribunal Federal, para apurar corrupção, lavagem e evasão de divisas, supostamente praticados nas campanhas eleitorais de 2010, 2012 e 2014, por Paes e Pedro Paulo, seu principal aliado na política.

Os delitos foram revelados em delações de executivos do Grupo Odebrecht, entre eles os denunciados Benedicto Barbosa da Silva Junior e Leandro Andrade Azevedo. O primeiro contou aos investigadores que Paes teria pedido de R$ 20 a 25 milhões de propina e que assentiu com a solicitação por "vislumbrar muitas oportunidades de negócios lucrativos com o município".

Segundo a Procuradoria, houve, por exemplo, "atuação direta do ex-prefeito para assegurar a contratação da Odebrecht em contratos do BRT Transoeste e do BRT Transbrasil, a reforçar que a vantagem indevida foi repassada em razão do exercício do cargo".

No caso do objeto da denúncia, os investigadores apontaram que as entregas em espécie dos R$ 10,8 milhões foram "amplamente demonstradas" ao longo das apurações. Elas eram feitas a Renato Barbosa Rodrigues Pereira e a Eduardo Bandeira Villela, sócios da Prole Serviços de Propaganda, agência de publicidade que realizou a campanha de Paes em 2012.

Os pagamentos não foram só registrados em planilhas e emails extraídos de sistema do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht - os quais continham programações associadas ao codinome "nervosinho" atribuído a Paes -, mas também em guias de transporte e anotações relacionadas a entregas de valores em espécie por funcionários da Trans-expert, transportadora de valores conhecida nos autos da Lava Jato.

A Promotoria frisou que tais registros referentes à Trans-Expert são provas colhidas de maneira "absolutamente independente" de acordos de delação premiada, entre eles o celebrado pelos ex-executivos da Odebrecht. Além dos recibos, os ilícitos também foram comprovados por declarações de cinco funcionários da transportadora, apontaram os investigadores.

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