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Efeito do vírus: Brasil cortou 860,5 mil empregos com carteira assinada em abril, o pior mês da história

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O Brasil fechou 860.503 empregos com carteira assinada em abril, segundo dados do Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Caged). O resultado é a diferença entre as contratações, que totalizaram 598.596, e as demissões, que somaram 1.459.099. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (27) pela Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia.

É o pior resultado para um mês em toda a história. A série histórica medida pelo governo teve início em 1992 e, segundo o Banco de Dados do Caged, o pior mês da história até então tinha sido dezembro de 2008, com o fechamento de 695.361 vagas (na soma de informações declaradas no prazo + declaradas fora do prazo).

"As empresas simplesmente pararam de contratar", resumiu o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco Leal, destacando o baixo número de contratações (menos de 600 mil), o que puxou para baixo o resultado de abril. “O Brasil está conseguindo preservar empregos, mas não manter nível de contratação", completou ao se referir aos 8,3 milhões de empregos mantidos pelo programa que permitiu a suspensão do contrato e/ou a redução de jornada e salário.

O secretário de Trabalho, Bruno Dalcomo, afirmou que essa crise se diferencia não pela profundidade, mas pela velocidade. "A retração econômica, que em outras crises levou meses para acontecer, inclusive lá em 2008, agora aconteceu em semanas. Você estava com uma atividade normal e agora não tem atividade nenhuma. Esse é um motivo para o resultado de abril [de 2020]."

Abril foi o primeiro mês cheio em que grande parte dos estados adotou medidas de isolamento social e muitas empresas não puderam funcionar normalmente. Com isso, o saldo das contratações veio negativo, o que significa que, mesmo com os programas do governo para preservação de empregos, muitas empresas demitiram seus funcionários no período sem repor as vagas. Outras milhares optaram por não abrir novas vagas.

Apesar dos fatos negativos, o secretário de Trabalho disse que o governo não espera um "surto do desemprego" nos próximos meses, nem quando acabar o prazo de validade dos programas emergenciais.

Dalcomo afirma que o "surto" não deve acontecer porque as iniciativas lançadas - caso da suspensão de contrato de trabalho e redução de jornada e salário e o financiamento da folha - preveem um período de estabilidade durante e após o fim do programa. "Em alguns casos, as iniciativas preveem um manutenção do emprego por um período de seis meses", explicou o secretário.

Os secretários foram questionado sobre o lançamento de novos programas para preservação dos empregos e a extensão dos atuais, mas eles preferiram não comentar. Eles somente disseram que há várias medidas de estímulo ao emprego sendo estudadas, inclusive a desoneração da folha, mas não entraram em detalhes.

Pandemia fechou 1,1 milhão de vagas

Em março, quando tiveram início as medidas de isolamento social para tentar conter a pandemia do novo coronavírus, o Brasil fechou 240,7 mil vagas. Foram 1.386.126 admissões e 1.626.828 demissões.

Somando o resultado de março com abril, é possível dizer que o país fechou 1,1 milhão de vagas com carteira assinada no Brasil durante a pandemia.

Acumulado do ano

No acumulado do ano (janeiro a abril), o Brasil fechou 763.232 vagas formais de emprego. Foram 4.999.981 contratações no período e 5.763.213 demissões. O dado acumulado acaba misturando os meses anteriores ao coronavírus, quando muitas empresas ainda funcionavam normalmente, com o período da pandemia. Ainda assim, veio negativo.

Nos quatro primeiros meses do ano passado, o Brasil teve um saldo positivo de 313,8 mil vagas, resultado das 5.529.457 admissões e 5.215.622 demissões. Ou seja, na comparação da janeiro a abril de 2020 com o mesmo período de 2019, as admissões caíram 9,6% e as demissões subiram 10,5% no intervalo de um ano.

Na comparação abril de 2020 com o mesmo mês de 2019, a queda foi ainda maior. Em abril do ano passado, o Caged teve saldo de positivo de 129.601 postos de trabalho com carteira assinada, resultado de 1.374.628 admissões e 1.245.071 demissões. Com isso, as demissões tiveram um incremento de 17,2% em abril de 2020 comparado a abril de 2019, e as admissões caíram 56,5%.

Histórico

É a primeira vez em 2020 que o governo divulga os dados do emprego formal. A divulgação estava suspensa porque as empresas encontraram dificuldades para repassar os dados ao novo sistema do Ministério da Economia. A pasta centralizou o sistema de informações em um único canal.

Em 2019, o Brasil criou 644 mil empregos formais. Foi a maior geração de empregos com carteira assinada em seis anos. Em 2018, a criação de vagas foi de 529,5 mil vagas, interrompendo um ciclo de três anos de resultado negativo das contratações.

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