TSE criou grupo de trabalho para discutir a realização das eleições de 2020 em tempos de pandemia: risco de adiamento.| Foto: Aniele Nascimento/Arquivo Gazeta do Povo
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Em pleno 1º de Abril, o "Dia Internacional da Mentira", o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) postou em suas redes sociais uma mensagem desmentindo o adiamento das eleições de 2020. "Até o momento, não há adiamento das #Eleições2020. Mudanças no calendário ou em regras eleitorais dependem de alteração legislativa ou do texto constitucional", relata o texto da Corte, que criou no dia 7 de abril um grupo de trabalho específico para debater a questão.

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O posicionamento do TSE ocorre diante de um quadro de grande imprevisibilidade que envolve a realização das eleições deste ano. A pandemia de coronavírus tem alterado a rotina em diversas esferas da sociedade e abriu também a discussão sobre a manutenção do calendário eleitoral. No Congresso, propostas foram apresentadas para adiar a eleição originalmente prevista para outubro, ou mesmo para transferi-la para 2022 e promovê-la de modo simultâneo ao pleito em que serão escolhidos presidente, governadores, senadores e deputados.

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O contexto de indefinição também se verifica entre os pré-candidatos a prefeito em diferentes cidades. A Gazeta do Povo procurou políticos que têm manifestado interesse em administrar seus municípios para saber a opinião sobre uma proposta de adiamento. Veja o que eles disseram:

"Muito cedo para falar sobre eleições"

O deputado federal Daniel Coelho (Cidadania), que é pré-candidato à prefeitura do Recife, acredita que "não é hora de falar sobre eleição". "Estamos vivendo uma crise social imensa. Se tivermos que discutir [adiamento], vamos discutir depois. Podemos falar sobre adiar em semanas, em meses. Mas isso quando chegar por exemplo junho, mais perto do pleito", declarou.

Opinião semelhante é a do deputado estadual Arthur do Val, o "Mamãe Falei", pré-candidato na capital paulista pelo Patriota. "Está um pouco cedo para dizer. A gente ouve de um lado que as medidas atuais são suficientes para achatar a curva de contágio em um mês, de outro que precisaríamos de mais dois ou três meses. O cenário é incerto", disse.

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Já a vereadora Cristina Lopes, pré-candidata do PL à prefeitura de Goiânia, considera inevitável um adiamento. "Eu acho impossível não ocorrer o adiamento. Estamos no começo de abril, essa é a semana de fechamento das filiações. Há um desaquecimento do debate eleitoral, um desvio das preocupações. Acredito que o TSE vai tentar manter as eleições ainda neste ano, mas talvez transferindo para dezembro", declarou.

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A reportagem procurou o deputado federal Marcelo Freixo, pré-candidato do Psol à prefeitura do Rio de Janeiro, e recebeu de sua assessoria o retorno de que o parlamentar não está falando sobre o assunto no momento atual. O motivo é a ausência de propostas concretas para o adiamento das eleições e também o direcionamento do foco para o combate à pandemia de coronavírus.

Embora os pré-candidatos divirjam em relação à realização das eleições, eles manifestam opiniões semelhantes em relação a outros aspectos do calendário eleitoral. No último sábado (4), terminou o prazo para importantes etapas do processo, como a modificação de domicílio eleitoral, a filiação a partido político e mesmo o registro de novos partidos. Se nada mudar, daqui a seis meses se realiza o primeiro turno das eleições.

"Isso realmente deveria ser repensado. As pessoas estão com dificuldade para cumprir os prazos. A meu ver, deveria ocorrer uma prorrogação. O TRE [Tribunal Regional Eleitoral] diz que vai analisar caso a caso, mas isso é complicado, e pode abrir caminho para que pessoas ajam de má fé. Seria melhor criar novas regras, objetivar", afirmou Arthur do Val.

Daniel Coelho aponta que as atividades de filiação partidária — comuns nesta época do ano — praticamente não ocorreram. Ele teme ainda que o momento atual permita a prefeitos e vereadores já nos cargos ficarem em seus postos mais tempo do que o decidido nas últimas eleições.

Atividade política transformada com a pandemia

Os pré-candidatos ressaltaram que, eleições à parte, a pandemia e a quarentena trouxeram modificações expressivas em seu cotidiano político. Cristina Lopes relata estar em constante diálogo com outros pré-candidatos, que estão no período de montagem de chapa para vereadores, e brincou que trabalha "mais no home office do que em um dia normal".

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O deputado "Mamãe Falei", que se notabilizou pela atuação nas redes sociais, disse que fortaleceu a participação na internet e que intensificou também a "guerra de narrativas" que envolve o combate ao coronavírus. Já Daniel Coelho disse que o momento é de "mau humor" da sociedade com a classe política, e que o dever dos representantes deve ser o de buscar soluções.

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