Após vencer a eleição presidencial e conquistar os governos de três estados (Rondônia, Roraima e Santa Catarina), o partido de Jair Bolsonaro quer mostrar sua força em nível municipal nas eleições de 2020. O presidente da legenda, o deputado Luciano Bivar (PSL-PE), tem dito que a meta é lançar candidaturas próprias em todas as cidades com mais de 100 mil habitantes. Duas delas são estratégicas e cobiçadas por outros grandes partidos: São Paulo e Rio de Janeiro.
Em São Paulo, a líder do PSL no Congresso, Joice Hasselman, ainda não teve a pré-candidatura confirmada, mas desponta como favorita dentro do partido para concorrer à prefeitura. No Rio, dois nomes disputam a preferência do PSL nos bastidores para concorrer à prefeitura: o deputado federal Hélio Negão e o deputado estadual Ricardo Amorim.
Do outro lado do espectro político, a esquerda tenta articular alianças nas duas capitais. Com nomes fortes, o PSOL busca criar uma ampla aliança de esquerda, buscando inclusive o apoio do PT, que pode abrir mão de lançar candidatos próprios. Em São Paulo, a aposta é no ex-candidato a presidente da República, Guilherme Boulos. No Rio, o deputado federal Marcelo Freixo deve entrar na disputa pela terceira vez.
Os atuais prefeitos – Bruno Covas (PSDB) em São Paulo e Marcelo Crivella (Republicanos, antigo PRB) no Rio – vão tentar a reeleição, mas ambos sofrem com a popularidade em baixa. No Rio podem entrar na disputa também o ex-prefeito Eduardo Paes pelo DEM, e o ex-secretário-geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, que, por enquanto, está sem partido. Veja a seguir os principais postulantes às prefeituras das duas cidades:
São Paulo
Bruno Covas (PSDB)
O atual prefeito Bruno Covas (PSDB) não tem registrado bons índices de aprovação e enfrenta oposição dentro do próprio partido. Pesquisas internas da legenda apontam que o tucano ainda é desconhecido por cerca de 40% da população e suas intenções de voto são cerca de 10%.
Segundo a Folha de S. Paulo, isso teria aumentado a pressão sobre o prefeito para que não dispute a eleição. Uma derrota do PSDB na capital paulista dificultaria os planos do governador João Doria para a eleição presidencial de 2022.
Covas assumiu em 2018 após João Doria renunciar ao cargo para concorrer e se eleger ao governo do estado de São Paulo. A reeleição de Covas seria importante no projeto de Doria de se candidatar ao Palácio do Planalto em 2022.
Joice Hasselmann (PSL)
Jair Bolsonaro gostaria de ter alguém do partido no comando do terceiro maior orçamento do país e Joice Hasselmann, líder do PSL no Congresso e mulher mais votada para a Câmara dos Deputados em 2018, é a favorita para concorrer pelo partido do presidente. Joice já se colocou à disposição para concorrer, mas a executiva do partido não definiu nenhuma candidatura até o momento.
O senador Major Olímpio (PSL-SP), uma das lideranças da legenda no estado, convidou Joice para ser candidata. Os dois tiveram atritos durante a campanha eleitoral do ano passado, mas deixaram as divisões de lado.
O apresentador de tevê, José Luiz Datena, que foi convidado a se filiar ao PSL pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, também é outro nome no páreo. Joice confirmou que houve um pré-namoro do partido com Datena, mas sua possível candidatura perdeu força por causa de seu histórico de 13 anos no PT (2002-2015).
Márcio França (PSB)
O ex-governador Márcio França foi confirmado pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo presidente do PSB, Carlos Siqueira. Em 2014, França integrou a chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) ao governo de São Paulo.
No ano passado, França assumiu o governo do estado, após Alckmin lançar candidatura a presidente da República. Tentou a reeleição, mas foi derrotado por João Doria no segundo turno.
Partido dos Trabalhadores
O Partido dos Trabalhadores (PT) tem uma série de nomes à mesa. Um dos mais cotados é o ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo. Foi ele que defendeu a ex-presidente Dilma Rousseff durante o impeachment. Lula já teria dado o aval à candidatura.
Outros nomes que circulam são o do ex-ministro dos governos petistas, Aloizio Mercadante, e de Ana Estela Haddad, esposa do ex-candidato à Presidência da República, Fernando Haddad, que seria uma candidatura da sociedade civil. Estariam sendo cogitados também os deputados federais Carlos Zarattini e Paulo Teixeira, o ex-deputado Jilmar Tatto e o vereador Eduardo Suplicy.
Caso o PT não identifique um candidato forte, existe a possibilidade que a legenda dê apoio ao nome de algum outro partido de centro-esquerda (PSB, PDT, PSOL e PCdoB).
Andrea Matarazzo (PSD)
O ex-embaixador brasileiro na Itália e ministro-chefe da Secretaria de Comunicação no governo FHC, Andrea Matarazzo, reafirmou sua pré-candidatura pelo PSD. Matarazzo ficou 30 anos filiado ao PSDB, mas deixou o partido durante a campanha eleitoral à Prefeitura em 2016 por causa de divergências com João Doria.
Ele se filiou ao PSD, mas abriu mão de concorrer pela legenda e aceitou ser vice na chapa de Marta Suplicy (PMDB) naquela eleição. Experiência que hoje reconhece ter sido um erro.
Tabata Amaral / Gabriel Chalita (PDT)
Nome forte do PDT, Tabata Amaral negou estar interessada em concorrer à Prefeitura de São Paulo. Além disso, sua posição está enfraquecida no partido, após a deputada federal ter votado a favor da reforma da Previdência, contrariando a orientação da legenda. O grupo RenovaBR, do qual a deputada faz parte, também expressou contrariedade à possibilidade de Tabata abandonar seu mandato na Câmara para concorrer a eleição.
Segundo a revista Época, o presidente do PDT, Carlos Lupi, convidou Gabriel Chalita, que se filiou à legenda em 2016, para ser se candidatar. Chalita ficou de pensar. Outros nomes quer circulam são o de Nelson Marconi, professor da FGV e um dos coordenadores do programa do ex-candidato à Presidência, Ciro Gomes, e Luiz Antônio de Medeiros Neto, sindicalista e ex-deputado federal.
Guilherme Boulos / Paulo Giannazi (PSOL)
Ex-candidato à Presidência em 2018 e um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Sem teto (MTST), Guilherme Boulos é um dos nomes fortes da esquerda para concorrer à Prefeitura de São Paulo. Boulos, que está engajado com o movimento que pede a liberação de Lula, tem uma boa relação com o ex-presidente e poderia receber o apoio do PT caso o partido decida abrir mão de uma candidatura própria.
Outro nome cotado no partido é do deputado estadual, Paulo Giannazi, que está no quarto mandato. O professor de história já foi vereador e candidato à Prefeitura em 2012.
Filipe Sabará (Novo)
Como fez em 2016 e 2018, o Novo anunciou que escolherá seu candidato por meio de processo seletivo. Por enquanto o nome mais forte é o de Filipe Sabará, empresário e presidente do Fundo Social de SP, órgão estadual de filantropia. Batizado de “mini-Doria”, ele já foi secretário de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, na época em que João Doria era prefeito.
Celso Russomanno (PRB)
O deputado federal Celso Russomanno deve concorrer à Prefeitura de São Paulo pela terceira vez. Russomanno fez carreira como jornalista e apresentador de TV e atualmente exerce o sexto mandato na Câmara dos Deputados, em Brasília. Ele foi candidato à prefeitura de São Paulo em 2012 e em 2016, mas nas duas vezes foi derrotado. Na última eleição, acabou em terceiro lugar, quando João Doria (PSDB) foi eleito com 53,2% dos votos e Fernando Haddad (PT) ficou em segundo com 16,7%."
Orlando Silva (PCdoB)
O deputado federal e ex-ministro do Esporte nos governos Lula e Dilma, Orlando Silva, foi anunciado como pré-candidato do PCdoB para 2020.
Rio de Janeiro
Marcelo Crivella (Republicanos)
O prefeito do Rio Marcelo Crivella (republicanos, ex-PRB), que em junho sobreviveu a um pedido de impeachment, busca ampliar as alianças para se reeleger em 2020. Ele teria se aproximado do chefão do PTB, Roberto Jefferson, ex-deputado federal condenado no mensalão, e do ex-deputado Luiz Carlos Ramos do Chapéu, presidente regional do PMN. Sua popularidade está em baixa.
Hélio Negão/Rodrigo Amorim (PSL)
O advogado e deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL) é o pré-candidato oficial do PSL, o partido do presidente Jair Bolsonaro. Amorim tem apoio do amigo e senador Flávio Bolsonaro, mas não é bem-visto pelo presidente da República, por causa da ligação com ex-motorista e PM da reserva, Fabrício Queiroz.
Por isso, o presidente estaria apostando suas fichas no amigo e deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ), também conhecido como Hélio Negão e Hélio Bolsonaro. O vereador carioca e filho 02 do presidente, Carlos Bolsonaro, também é contrário à candidatura de Amorim.
Embora aliado do bolsonarismo, o governador Wilson Witzel (PSC) está tentando marcar posição em vista da disputa presidencial de 2022. Por isso, ele teria convidado Amorim a deixar o PSL e se filiar ao PSC, mas Amorim recusou.
O racha no PSL já havia ocorrido na eleição a prefeito de 2016 quando Flávio foi candidato e Amorim vice. Na época, o receio de Bolsonaro é que a campanha de Flávio poderia prejudicar seus planos à Presidência.
Marcelo Freixo (PSOL)
O deputado federal, Marcelo Freixo (PSOL), é o nome mais bem cotado na esquerda. Sua candidatura poderia angariar também o apoio do PT e do PCdoB numa ampla aliança de esquerda. O nome, porém, teria dificuldade em conseguir suporte de siglas mais moderadas como PDT e PSB, que podem optar por lançar candidaturas próprias.
Freixo, que vai disputar o pleito pela terceira vez, partiria de um porcentual mais alto de votos em relação a outras figuras da esquerda, mas seu nome é considerado mais fácil de ser derrotado num eventual segundo turno.
Alessandro Molon (PSB)
O deputado federal e líder da oposição, Alessandro Molon (PSB), não confirmou sua pré-candidatura, mas fontes do seu partido insistem no seu nome para 2020. O PSB seria relutante em aceitar uma aliança à esquerda para apoiar o candidato do PSOL, Marcelo Freixo. Molon já disputou a Prefeitura em 2008 pelo PT e em 2016 pela Rede, mas sem sucesso.
Martha Rocha (PDT)
A deputada estadual Martha Rocha (PDT) foi a primeira mulher na história a chefiar a Polícia Civil do Rio. Atualmente está no segundo mandato na Alerj. Ela é muito requisitada na esquerda para integrar chapas como vice, mas já disse que quer concorrer como cabeça de chapa.
Pedro Fernandes (sem partido)
Sem filiação partidária, o atual secretário estadual de Educação do Rio, Pedro Fernandes, seria o favorito do governador Wilson Witzel (PSC) para disputar a Prefeitura. O apoio, porém, passaria pela filiação ao partido do governador.
Em 2018, Fernandes foi candidato ao governo fluminense pelo PDT, mas deixou a legenda no segundo turno para apoiar Witzel. O governador disse que vai se manifestar sobre as eleições só em 2020.
Mariana Ribas (PSDB)
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o empresário carioca, Paulo Marinho (PSDB), apoiador da campanha de Jair Bolsonaro e suplemente do senador Flávio Bolsonaro, estão articulando a candidatura de Mariana Ribas, 36 anos, à Prefeitura do Rio.
Ribas, que é jornalista de formação, foi secretária de Cultura do prefeito Marcelo Crivella (PRB) até o início de agosto. O lançamento da pré-candidatura dela está marcado para o dia 28 de setembro.
Gustavo Bebianno (sem partido)
O ex-presidente do PSL e ex-secretário geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, demitido do cargo pelo presidente Jair Bolsonaro em fevereiro, também cogita se lançar candidato à Prefeitura do Rio.
Por enquanto Bebianno está sem partido e busca uma aproximação com o DEM e com o PSDB. As duas legendas, porém, já teriam nomes cotados para a disputa.
Eduardo Paes / César Maia (DEM)
O cenário nos Democratas ainda está muito indefinido, mas circulam os nomes do ex-prefeito Eduardo Paes e do atual vereador do Rio, César Maia, também ex-prefeito e pai do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Paes, contudo, acenou que pode trocar de partido e se filiar ao Cidadania para concorrer à Prefeitura.
Outro nome que circula no DEM é o de Bruno Kazuhiro, 31 anos, presidente da Juventude Nacional do Democratas. Ele foi candidato a deputado estadual em 2018 e coordena o setor legislativo do vereador Cesar Maia.
Entre os cotados estaria também Carlo Caiado, que está no primeiro mandato como deputado estadual. Ele já foi vereador por quatro vezes.
Clarissa Garotinho (PROS)
Filha do casal de ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinha, Clarissa Garotinho já anunciou sua pré-candidatura a prefeito do Rio em 2020. Clarissa já foi vereadora, deputada estadual e desde 2014 é deputada federal. Foi também secretária de Desenvolvimento na administração Crivella.
Fred Luz (Novo)
O ex-CEO do Flamengo, Fred Luz, 66 anos, está participando do processo seletivo do Novo. Em 2018 coordenou a campanha presidencial do partido ao lado de João Amôedo. Ele é ligado também ao RenovaBR.
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