A renovação que marcou o cenário político brasileiro nos últimos anos não vai impedir que as eleições 2020 tragam uma série de candidatos que concorreram, sem sucesso, na disputa anterior. A Gazeta do Povo mapeou o cenário eleitoral das 11 capitais brasileiras mais populosas e identificou que, em todas elas, há ao menos um pré-candidato derrotado nas eleições municipais de 2016.
Além de se repetirem de Norte a Sul, as possíveis candidaturas de derrotados incluem as principais vertentes ideológicas: há quadros de direita e de esquerda que buscarão mais uma vez o sucesso nas urnas.
Outro grupo de pré-candidatos é o dos que fracassaram não nas eleições de 2016, mas nas de 2018 – quando estiveram em disputa cargos nacionais e estaduais. Aí entra o grupo que vai buscar no comando de uma prefeitura um "prêmio de consolação" após o insucesso eleitoral mais recente.
São Paulo: tri-derrotado, ex-presidenciáveis, ex-governador nas eleições 2020
Um pré-candidato ao comando da capital paulista poderá concorrer ao cargo de prefeito pela terceira vez: trata-se de Celso Russomanno. O jornalista, que atualmente é deputado federal pelo Republicanos, viveu tanto em 2012 quanto em 2016 o fardo de iniciar bem a disputa, mas acabar fora até do segundo turno. Em 2018, teve mais de 500 mil votos e foi o terceiro candidato a deputado federal mais votado. É com esse retrospecto que busca romper a "tradição" negativa.
Já o outro possível candidato à busca de redenção em São Paulo é Fernando Haddad (PT), que venceu a eleição municipal em 2012 e perdeu em 2016, quando tentava a reeleição. Em 2018, ele foi também derrotado na tentativa de ser presidente da República, ficando atrás de Jair Bolsonaro. Haddad se mostra reticente a uma nova candidatura a prefeito e o PT trabalha com outros nomes, mas o dele prossegue no radar.
Em São Paulo, além de Fernando Haddad, outro derrotado na corrida presidencial de 2018 que pode concorrer ao comando da maior cidade do país é Guilherme Boulos (PSol). A disputa paulistana pode ter ainda Márcio França (PSB), ex-governador derrotado por João Doria (PSDB) na busca pela reeleição em 2018.
Rio: perdedor duas vezes, candidato da esquerda pode se fortalecer desta vez
O hoje deputado federal Marcelo Freixo (PSol) foi derrotado na busca pelo comando do Rio de Janeiro em 2012 e 2016. Mas, nas eleições 2020, ele deve encarar sua terceira disputa municipal com um arco de alianças fortalecido. Freixo pode ser o representante de uma "frente de esquerda" no Rio de Janeiro – que incluiria, além de seu partido, PCdoB e PT.
Outro partido que pode integrar a força de apoio a Freixo é o PSB. Se isso não ocorrer, a legenda apresentará na capital fluminense também um nome derrotado em 2016: o deputado federal Alessandro Molon. Naquele ano, o socialista teve desempenho ruim, somando apenas 1,43% dos votos válidos.
Curitiba pode ter ex-prefeito e o derrotado no 2º turno de 2016
O ex-prefeito Gustavo Fruet, que atualmente é deputado federal pelo PDT, é um dos que cogita se apresentar novamente na disputa pela prefeitura de Curitiba. Ele foi eleito ao cargo em 2012 e, na eleição seguinte, como prefeito, nem sequer conseguiu chegar ao segundo turno.
Um dos que superou Fruet em 2016 foi Ney Leprevost (PSD) – que acabou derrotado no segundo turno por Rafael Greca (DEM). Leprevost se elegeu deputado federal em 2018 e atualmente é secretário do governo de Ratinho Junior (PSD).
O ex-deputado federal João Arruda (MDB) não concorreu em 2016, mas tentou se eleger governador em 2018. Para o ano que vem, está cotado para disputar a prefeitura de Curitiba nas eleições 2020.
Belo Horizonte: favoritismo de Kalil reduz ânimo de derrotados
A eleição de 2016 foi atípica em Belo Horizonte. A disputa teve uma série de pesos-pesados da política local, como hoje senador Rodrigo Pacheco (DEM, à época no MDB); os deputados Reginaldo Lopes (PT), Eros Biondini (Pros) e Luis Tibé (Avante) e o atual ministro do Turismo, Marcelo Alvaro Antonio (que concorreu pelo PR e hoje é filiado ao PSL). O vencedor na ocasião foi Alexandre Kalil, então filiado ao PHS e atualmente no PSD.
Kalil tem obtido bons índices de aprovação e é favorito para a reeleição. Com seu nome em alta, o número de "insistentes" deve ser menor que o de outras cidades. Lopes, do PT, e Biondini, pelo Pros, são os que podem repetir a empreitada.
Porto Alegre pode ter dois 'insistentes' de 2016 e uma presidenciável
Derrotado no segundo turno na capital gaúcha em 2016, Sebastião Melo (MDB) é nome quase certo nas urnas de Porto Alegre em 2020. Um dos seus possíveis adversários é Mauricio Dziedricki – que ficou em quarto lugar em 2016 e, dois anos, depois se elegeu deputado federal pelo PTB. Menos provável é a candidatura de Luciana Genro (PSol) – o partido da atual deputada estadual deve compor com outras forças de esquerda.
Manuela D'Ávila (PCdoB), que foi candidata a vice-presidente na chapa derrotada de Fernando Haddad (PT) em 2018, é nome quase certo para disputar a prefeitura Porto Alegre, numa coligação que também uniria PT e PSol.
O cenário em Goiânia para as eleições 2020
A capital de Goiás não tem atualmente muitas pré-candidaturas já colocadas. Entre os que disputaram em 2016, os nomes que circulam nas especulações são os de Adriana Accorsi (PT) e de Francisco Júnior (PSD).
Salvador: derrotados da esquerda em 2012 e 2016 podem se unir
A última eleição municipal em Salvador, em 2016, não foi das mais emocionantes: ACM Neto (DEM) somou 74% dos votos válidos e liquidou a fatura logo em primeiro turno, garantindo a reeleição. Seus principais adversários em 2012 e 2016 são nomes no radar para 2020: os deputados federais Alice Portugal (PCdoB) e Nelson Pellegrino (PT). Os partidos de Portugal e Pellegrino são aliados históricos e devem investir em apenas uma candidatura.
Já o terceiro lugar de 2016 pode também figurar na disputa de 2020. É o também deputado federal Sargento Isidorio (Avante). Ele chegaria à corrida da capital baiana turbinado pelo desempenho que obteve em 2018, quando foi o candidato a deputado federal mais votado no estado.
Em Recife, ao menos um "derrotado" tem presença certa nas eleições 2020
O deputado federal Daniel Coelho (Cidadania) confirmou recentemente seu interesse em ser candidato à prefeitura do Recife. Se a empreitada se confirmar, será sua terceira corrida ao comando da capital pernambucana. Tanto em 2012 quanto em 2016 ele não chegou a ir ao segundo turno.
Já o DEM cogita apresentar Priscila Krause como candidata em 2020. Ela concorreu em 2016 e recebeu menos de 6% dos votos válidos.
O ex-ministro Mendonça Filho (DEM) também pode se apresentar à disputa no Recife. Ele não concorreu em 2016. Mas, em 2018, foi derrotado na busca por uma vaga de senador por Pernambuco.
Fortaleza: possível retorno de nomes da direita e da esquerda
Capitão Wagner (Pros), derrotado no segundo turno da disputa de 2016 por Roberto Claudio (PDT), é nome quase certo para as eleições 2020 em Fortaleza. Caso realmente venha a ser candidato a prefeito, chegaria com o respaldo de ter sido o candidato a deputado mais votado em 2018 no Ceará. Embora Wagner tenha feito críticas públicas ao governo de Jair Bolsonaro, é apoiador das políticas "linha-dura" do presidente para a segurança.
Na esquerda, um nome que deve se repetir nas urnas é o da também deputada federal Luizianne Lins (PT). Ela já foi eleita prefeita de Fortaleza em duas ocasiões, em 2004 e 2008, e fracassou quando tentou novamente o posto, em 2016, obtendo apenas o terceiro lugar.
Belém pode ter duelo entre derrotado bolsonarista e perdedor do PSol
Um dos nomes mais cogitados para a corrida eleitoral na capital do Pará é o de Edmilson Rodrigues (PSol). Atualmente deputado federal, ele já se candidatou a prefeito de Belém em quatro ocasiões: em 1996, em 2000, em 2012 e em 2016. Venceu as duas primeiras, quando ainda era membro do PT, e perdeu as duas últimas para Zenaldo Coutinho (PSDB).
Em campo ideológico diametralmente oposto, o bolsonarista Eder Mauro (PSD) é outro que pode voltar a concorrer. Ele foi candidato em 2016 e acabou a disputa na terceira colocação.
Manaus pode ter nas eleições 2020 derrotados que deram a volta por cima
A capital do Amazonas tem cenário um incerto para 2020. Marcelo Ramos (PL), derrotado em segundo turno pelo atual prefeito Arthur Virgílio (PSDB) em 2016, é um nome especulado. Depois da derrota, ele se elegeu deputado federal em 2018 e ganhou relevo após presidir a comissão especial da Câmara sobre a reforma da Previdência.
Outros dois deputados federais eleitos em 2018, e que perderam a disputa em 2016 pela prefeitura de Manaus, podem novamente estar nas eleições 2020: José Ricardo (PT) e Silas Câmara (Republicanos).
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF